Chova muito ou faça sempre sol, 2005 para Portugal passa a voar para 2006 – autárquicas, referendo europeu, presidenciais. A política interna portuguesa tem o condão de fazer voar o tempo como um passarinho que mais depressa voará quer se entretenha a piar de impostos ou fique atordoado no encantamento de reformas quase sempre répteis. Já com a política externa não é assim – a agenda internacional é que comanda e um período de vinte anos pode equivaler a um simples pio interno de qualquer vaidoso ou, quando muito a dois pios de um carreirista idiota que, entre nós, também tem aptidão para o voo.
O Luxemburgo exerce até final de Junho a Presidência da UE, segue-se o Reino Unido até Dezembro – estaremos nós muito preocupados a fazer as contas das câmaras eleitas e com o próximo contrato de comodato para Belém, para não falar de um se não forem dois referendos, um deles comburente mas outro que pode ser o combustível que em Portugal também faz levantar voo a toda a passarada política. E assim será a velocidade de 2006, com a Finlândia primeiro, a Áustria a seguir na tal presidência que, no primeiro semestre de 2007 estará nas mãos da Alemanha seguindo-se Portugal, exactamente no segundo semestre.
O ano de 2007 vai ser um ano-chave para a União Europeia e até 2020 Portugal não voltará seguramente a desempenhar essa responsabilidade que naturalmente favorece quem a tem e para ela se prepara.
José Sócrates obviamente tem que contar no seu Governo com um MNE-Passarão e não com um MNE-plumitivo e passarinho, com um MNE que dê garantias de que sabe voar nas complexas matérias europeias, que as domina e que pode entrar a qualquer hora nas Necessidades com a exacta percepção de que entre 2005 e 2007 é um tempo que já não permite nem piadas, nem estágios, nem aquela mudança de penas a que se chama «entrar nos dossiers», pois será a última vez que Portugal poderá piar a sério na UE até aos anos vinte.
Mas, para o próximo MNE, há mais trabalhos de casa... Habituem-se! – já lá diz Vitorino.
A propósito, fica arquivado em Notas Formais o calendário das presidências da UE até 2020.
Sem comentários:
Enviar um comentário