25 janeiro 2006

Angola. Como é possível?

Afinal, garantem-me, as horríveis fotos de tortura e massacre em Cabinda, são de facto verdadeiras e recentes. Um desses documentos, de igual modo me garantem, vem publicado no 3º Relatório dos Direitos Humanos em Cabinda, aceite internacionalmente (ao arquivo de NV chegou apenas a sinopse desse relatório). Custa-nos admitir que os actuais responsáveis angolanos, face a Cabinda, sejam do mesmo jaez que os títeres do anterior regime autoritário de Jacarta relativamente a Timor. Como é possivel? Há qualuer coisa que não está bem consigo, José Eduardo dos Santos. Parece-nos que VEXA confia em demasia nos benefícios que recolhe do pragamatismo dos amigos.

É claro que tudo aquilo que estará a acontecer em Cabinda, tem uma explicação que passa pelo passado de Portugal e por algumas figuras sabiamente recolhidas deste Portugal do presente (o estratega Pezarat Correia, por exemplo). Sobre a matéria, que é melindrosa e não pode ser tratada sobre o joelho como agora as novas bordadeiras da História fazem sobre os joelhos da Política, há um livro que nos parece ser fundamental, pelos testemunhos, documentos e factos que carreia - é a «Anatomia de uma Tragédia», do General Silva Cardoso. Está na sétima prateleira, ao alto da estante. Vamos reler, e mais: pensamos que o embaixador de Portugal em Luanda, Xavier Esteves, para além da leitura da «Autobiografia Políca» de Cavaco Silva, designadamente as páginas relativas a Angola (231 a 238, que têm toda a piada que o pragmatismo tem), devia ler também o General Silva Cardoso.

Angola, queiramos ou não, é fundamenmtal para política externa portuguesa e sem Angola, parte substancial da nossa diplomacia não passaria de meretriz reformada. Daí que não pernate as coisas de Angola não vale a pena esconder a cabeça na areia fingindo que «a coisa passa», como também não vale a pena sublimar a antiga prepotência de mandóes com uma rasteira ou agachada subserviência de servis.

Sem comentários: