É esta a questão – qual o número de portugueses supostamente escravizados na Holanda? Meia-dúzia como era a versão oficial? Centenas? Mil? Dois mil?
Um embaixador, um cônsul ou o jardineiro da residência oficial que seja, não pode obviamente fazer perguntas destas aos hipotéticos escravos na presença dos «patrões». Todos responderão em coro - «Não senhor! Nem pensar! Somos muito bem tratados! Roubamos por prazer, dormimos na rua por falta de gratidão ao patrão e não nos dirigimos ao consulado porque o patrão já respondeu por nós!»
Para essa e outras perguntas é que uma embaixada deve ter um conselheiro social, um técnico que saiba aproximar-se e em quem aquele que queira aproximar-se confie, sem receio de represálias.
Ora, na Holanda, o problema, para já, é este: qual o número? E como a questão é essa, daí que as Necessidades tenham errado ao eliminar o posto de conselheiro social em Haia no momento em que deveriam ter formulado o problema, erraram ao menosprezar à partida o número de portugueses escravizados, e erraram ao reduzirem preocupações legítimas a actos de excepção sediciosa com fantasmas de oposição política à mistura, por outras palavras, quem revelasse preocupações ou destas desse testemunho seria da oposição...
Houve erro diplomático, erro consular e erro político.
E em época de visitas de estudo, não seria aconselhável que alguém das Necessidades fosse observar em Varsóvia, como é que a Polónia agiu assim que foram revelados casos de trabalhadores polacos escravizados? Desde Novembro que as autoridades diplomáticas e consulares portuguesas têm vindo a ser alertadas para a questão.
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