11 maio 2008

Sobre as quatro Missões Diplomáticas em França

COMO SE SABE Mas não é mau lembrar, a diplomacia portuguesa mantém em França três postos de representação de alto nível - um, bilateral, o da Embaixada de Portugal em Paris; e três multilaterais, o da Delegação Permanente junto da OCDE (em Paris também), o da Missão Permanente de junto da UNESCO (igualmente na capital francesa), e o da Missão Permanente junto do Conselho da Europa, em Estrasburgo.

Por regra, o posto bilateral em Paris tem sido sempre ocupado por diplomata de carreira, regra também seguida para o posto multilateral em Estrasburgo. Já o mesmo não se tem verificado com os postos junto da OCDE e da UNESCO, por onde, é sabido, têm também passado diplomatas (mais na UNESCO do que na OCDE) mas onde as escolhas políticas têm sido marcantes, por nomeações da legítima responsabilidade do governo - assim foi com Cavaco, com Guterres, com Barroso, com Santana e não haveria que ser diferente com Sócrates.

Mas é verdade que para a OCDE têm rumado personalidades, ou por opção de conveniência do momento, ou por compensações nunca desmentidas (cuja interpretação apenas o jogo da política interna torna perversas), ou ainda para apaziguamento na distribuição de cargos por parte de ganhadores relativamente a perdedores, pelo que apenas se recorre a um diplomata quando aqueles três recursos ou expedientes não parecem aconselháveis ou justificáveis no ponto de vista do governo em funções.

A não ser por algum erro de paralaxe, o facto das três chefias de postos multilaterais em França serem entregues a diplomatas de carreira ou personalidades conotadas com a área do PS ou do PSD, isso deve-se a coincidência circunstancial, sendo o mais importante da circunstância o governo que está em Lisboa e os acertos que faz com gente da sua área ou de outras áreas.

Mas para o caso particular da embaixada em Paris, não há circunstâncias desse tipo – há apenas opções do MNE conjugadas com a aceitação do Presidente da República, pelo que é no mínimo desprimoroso e leviano, cair-se para feitos de baixa política interna em erros de paralaxe – a embaixada em Paris é uma coisa, os restantes três postos multilaterais são outra como sempre foram, com diplomatas ou não.

É isto válido, esteja agora na OCDE Ferro Rodrigues ou lá tenha estado Basílio Horta; e na UNESCO, esteja lá José Câmara Ramalho Ortigão, diplomata de carreira, ou venha a estar lá Manuel Maria Carrilho, tal como esteve Sá Machado.

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