28 novembro 2009

PONTO CRÍTICO 29 : Sobre isso do iberismo

Aceita-se que a mentalidade portuguesa
tenha que mudar.
Mas os espanhóis, sobretudo os do poder da meseta,
também.
Além de que devem dar provas
de que renunciam à posse por usucapião.


    RESPONDENDO a uns quantos: há diversos iberismos e, se escolha tiver que ser feita, há vários iberismos por onde escolher um - o mais adequado, aquele cujo teor directo e útil tenha a ver com o interesse nacional e o bem comum europeu, sendo neste caso arbitrária a ordem dos factores. Mas iberismo de capitulação, não; iberismo por falta de descendência das ideias, também não; iberismo cujo preço seja uma boina basca ou banho maria catalão, decisivamente não; iberismo decorrente de acções de excepção palaciana, não. Ora, o que causa preocupação é que têm sido vários os responsáveis portugueses que, de ânimo leve ou levados por rotina magestática do poder, transferem o conceito geográfico do iberismo para o plano dos conceitos morais, e, uma vez aí chegados saltam para o plano político e, com o veludos diplomáticos, humilhando quem não aceita tal sedição espinhosa. Assim, na correnteza destes apontamentos, há que dizer claramente que muito da mentalidade dos portugueses deve, tem ou irá necessariamente que mudar, mas antes da mudança portuguesa ser levada à prática, deveremos previamente verificar se os espanhóis da meseta ibérica também mudaram, pois os espanhóis ainda têm muito que mudar, muito, e não apenas por palavras ou pensamentos, mas em obras e provas. É anadmissível que de um lado se acredite nas parcerias aprofundadas, mas do outro lado haja apenas uma migração dos conceitos de posse ou domínio por usucapião... Para bom entendedor, meia ideia basta. Ora, mal de quem chega ao governo e se julga investido para, de imediato, dar aulas práticas, sem que, pelo menos teoricamente, formule a tal pergunta: e se a Espanha entrar numa crise sem precedentes, como parece? Os antecedentes já nós os conhecemos.

    Carlos Albino

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