Peço desculpa pelo interregno de notícias, mas após uma longa ausência tenho estado ocupado a desfrutar dos prazeres na nossa cidade de Lisboa. Para mais com este sol de Inverno. Todos os dias desço a Calçada das Necessidades e ainda não parei de ser surpreendido com as mudanças que ocorreram desde os meus tempos na Secretaria de Estado. Ainda assim, qual não foi o meu espanto quando, este sábado, reparei numa notícia da folha oficial do Palácio das Necessidades: "MNE dá 'vistos gold' a quem investe". Não resisti - confesso que tive alguma dificuldade em trocar os Réis que trazia na bolsa à cintura pelos vossos euros - e lá tive de comprar o jornal. Na página 11, sem referência à origem da informação, afirmava-se, em suma, que, quem investir mais de um milhão de euros em Portugal, quem comprar um imóvel por mais de 750 mil euros (nem sei bem quanto é isso em Réis), ou quem crie pelo menos 30 postos de trabalho, terá direito a um visto de residência.
Meu caro, não sei se vocês hoje em dia chamam a isto "vistos gold" ou "vistos de investimento". No meu tempo, o nome que lhe dávamos era outro: venda ou tráfico de vistos de residência. Gostava de saber o que o meu sucessor Sacadura Cabral, antes de ser eleito, diria de um funcionário do Serviço de Fronteiras que fosse apanhado a conceder um visto em troca de, digamos, mil euros. Pediria justiça? Exigiria a sua demissão? Depois gostava que ele me explicasse qual é a diferença para o que agora se propõe. Ou seja: quem vende um visto por mil euros é criminoso e quem o vende por um milhão é ministro?
O pior, meu caro, foi ver o meu sucessor a confirmar toda esta informação, em trajes de cavaleiro, num evento partidário que nada tinha a ver com as suas funções de Estado. Sim, meu caro, leu bem, trajes de cavaleiro. E com o ar mais sério deste mundo.
Por outro lado, também gostava de saber desde quando é que a Secretaria de Estado passou a ter competência para negociar vistos a cidadãos estrangeiros. Desde que me lembro que essa era uma tarefa que competia ao Serviço de Estrangeiros. A não ser que tenha havido uma delegação de competências na qual eu não tenha reparado. Houve, meu caro?
Ministro Plenipotenciário Marco António
7 comentários:
Gostava de saber se também passam vistos "silver", "Bonze" e porque não "cork" que está tão na moda.
De facto, muito, muito mau...
cumprimentos
Para não falçr do visto pastel de nata.
Que engraçado... E quem investir um milhão não terá direito a um visto platina?
Vindo de Portas, já nada me espanta! Ao que este País chegou! Este facto é um indício de como vale tudo, haja dinheiro. E esses novos residentes ainda lhe vão pagar a campanha eleiroral, em 2015.Sempre tinham um visto "eterno"!
Áreas em que o Governo deveria apostar para atrair investimento: Justiça, segurança interna, incentivos fiscais a quem produz riqueza e postos de trabalho, redução da burocracia e de entraves À iniciativa privada!!!Isto, SIM! O resto, são "balelas" Cumpts:)
Dizes tu Basílio que Portas pode até vir a ser Presidente de Portugal. Presidente sim, mas não garantidamente de Portugal. Pelo marketing e o culto da personalidade que mostras num sítio webe do teu Ministério em que te deixas confundir o mister, o ministério e a tua personalidade, a tua foto e a tua foto, estás mais perto do culto, ainda bemrecente, do nosso Amado, do nosso querido bem Amado Kim il Sung, da Coreia nossa bem Amada.
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