Diplomacia portuguesa. Questões da política externa. Razões de estado. Motivos de relações internacionais.
06 novembro 2009
Ou age, ou não age - eis a questão
Bem se pode perguntar ao ministro Luís Amado, depois das tibiezas e contradições governamentais na aplicação do Acordo Ortográfico, que iniciativas, que medidas, que garantias e que estratégia afinal Portugal tem no domínio da língua, a ponto de aparentemente Lisboa não ter resposta perante a deriva do Acordo Ortográfico que desponta no Brasil ...
É que se o Brasil recua no acordo, tudo o que tardiamente consta no programa do XVIII Governo não tem viabilidade e fica ultrapassado, porque, mais uma vez, Portugal ficará a falar sozinho e sem grande companhia em África onde o Brasil está a ter palavra. Pois que "internacionalização" da língua? Nisto, não basta um telefonema a Celso Amorim... Tem que se agir e falar claro.
Grande contentamento para alguns de cá
Recuar não será bem a palavra, mas assenhorear-se da língua. O unilateralismo está-lhe no sangue - tem a quem saia.
27 outubro 2008
Cimeira/Brasil. Coragem política na ortografia


Jaime Gama foi pioneiro na matéria, mesmo sem acordo ortográfico: conseguiu que a Convenção do Mar fosse traduzida para uma versão oficial comum aos PLP e, como se notou, nenhuma letra foi ao fundo.
Se Sócrates trouxer da Baía, a firme garantia de que os brasileiros, desta vez, cumprem no mesmo fuso ortográfico de Portugal as responsabilidades assumidas em área tão melindrosa e sensível, tem a cimeira salva, ou não venha de São Salvador.
30 maio 2008
Querela de língua. Graça Moura, Carlos Reis
- - O Presidente da República recebe, em audiência, Vasco Graça Moura, na segunda-feira (2, 12:00), pelo que se compreende a reacentuação da Óta, quatro ou cinco dias antes, tempo suficiente.
- - O fundo da polémica é a possibilidade ou, dentro disso, a eficácia do português como língua de negócios, confundindo-se esse aeroportuário desiderato com o valor económico da língua, problema eterno como Belém sabe, e que não se resolve, muito menos se explica com querelas entre indutor e infabilista.

Não deu em nada, como se sabe. Nenhuma das quarenta lições condicionou, até hoje, a balança comercial portuguesa.
E não deu em nada, apesar desse Português Comercial ter sido lançado quando, em pleno, Cavaco Silva chefiava o XI governo.
16 maio 2008
Acordo Ortográfico. Parlamento aprovou e segue
- Declaração portuguesa
O depósito, pela República Portuguesa, do instrumento de ratificação do Acordo do Segundo Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa não prejudica a validade da ortografia constante de actos, normas, orientações ou documentos provenientes de entidades públicas, de bens culturais, bem como de manuais escolares e outros recursos didáctico-pedagógicos, com valor oficial ou legalmente sujeitos a reconhecimento, validação ou certificação, à data existentes.
- No prazo limite de seis anos após o depósito do instrumento de ratificação do Acordo do Segundo Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, a ortografia constante de novos actos, normas, orientações, documentos ou de bens referidos no número anterior ou que venham a ser objecto de revisão, reedição, reimpressão ou de qualquer outra forma de modificação, independentemente do seu suporte, deve conformar-se às disposições do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
- O Estado Português adoptará as medidas adequadas a salvaguardar uma transição sem rupturas, nomeadamente no que se refere ao sistema educativo em geral e, em particular, ao ensino da língua portuguesa, com incidência no currículo nacional, programas e orientações curriculares e pedagógicas.
16 abril 2008
■ ARGUMENTÁRIO PÚBLICO■ Nuno Pacheco sintetiza
- O editorial de Nuno Pacheco, hoje (16) no Público. Chamamos a atenção para esse texto, pensado com inegável seriedade partindo de quem parte, mas que sintetiza equívocos que também têm as suas variantes e avarias. Comentaremos esse texto, na perspectiva que nos interessa, oportunamente.
■NOTADORES■ Sobre o Acordo
- DE ARIOSTO, emb.
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(...) Plenamente concordante com o seu Ponto Crítico. Já viu a confusão que se vai instalar, se Angola e Moçambique para não referir estados com menores recursos técnicos de tradução como Bissau, São Tomé e Timor, para aceleração das respectivas formalidades internas de ratificação de tratados, convenções e protocolos, passarem a aceitar as versões brasileiras as quais, digo-lhe, são mais céleres que as versões em Portugal? É que os entendimentos bilaterais vigentes, nesse ramo de cooperação, não são eternos. A questão não tem nada a ver com o Acordo Ortográfico mas este facilitará a concertação terminológica. Você tem toda a razão qundo apela a que não se confunda uma coisa com a outra.
Ariosto, emb. - DE FUMITORY, cons. emb.
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Sobre traduções dos textos de instrumentos diplomáticos, em Portugal reina a morosidade. (...) Por vezes, o MNE tem que recorrer a versões não oficiais que passam a oficiais, como no caso do tratado da Tribunal Penal Internacional - o MNE serviu-se de tradução não oficial da Procuradoria-Geral da República, cujas preocupações são todas menos as da harmonização terminológica dos estados lusófonos cuja concertação deveria ser aprofundada nesse domínio. (...) A CPLP não tem olhado para essa questão, apesar de ser uma organização com base na língua. E quanto ao IILP, este pode ter ou tem legitimidade institucional, mas não ganhou autoridade e sobretudo respeito, respeito técnico e científico. Penso que o problema do IILP nada tem a ver com o facto de estar em Cabo Verde - isto poderia ser uma mais-valia - nem tem a ver com a falta de meios. Tem a ver com falta de estratégia. Primeiro esta, depois os meios.
Fumitory, cons. emb.
Acordo Ortográfico. Registe-se esta avaria terminológica...
nada tem a ver com acordo ou acordos de harmonização terminológica

Da parte portuguesa, colocaram-se sobre a mesa as alternativas para designar em português esse local loop ou boucle locale. Uma das hipóteses era a de se assumir a terminologia corrente então já no Brasil - enlace local.
Só que o termo escolhido foi lacete local!
Quem foi o linguista que lançou o lacete em vez de enlace? Precisamente o Instituto das Comunicações de Portugal que assim enterrou um termo passível de harmonização pacífica. Os brasileiros continuam a dizer enlace local e os portugueses ficaram condenados ao lacete que não é uma variante mas uma avaria.
Mas há mais.
■PONTO CRÍTICO 17■ Este Brasil
O ACORDO ORTOGRÁFICO empurra defensores e opositores a referir o Brasil – o Brasil que outrora prometeu e não cumpriu, o Brasil que tomou iniciativa sem ouvir quem poderia prometer e o Brasil para o qual a língua portuguesa, poderia ter sido outra, apenas serviu como instrumento de unidade e agregação interna. E, de modo geral, defensores e opositores referem esse Brasil a que Portugal tem estado habituado ou a que se habituou – o Brasil continental, fechado sobre si mesmo, como um mundo auto-suficiente e proteccionista quer nas matérias de divertimento, quer noutras matérias menos cómicas como as do mercado, para o qual Portugal contava pelo bom azeite e nostalgias que também agradavam a Portugal porque trinavam. Esse Brasil, todavia, mudou – descontinentalizou-se, abriu-se, faz a incursão global, coloca-se em pé de igualdade, tendo pés para isso, com outras áreas unificadas que também se descontinentalizaram e se abriram, como a China e a Índia, olha para a África como outrora não olhou, tem uma estratégia para o Médio Oriente, Japão e Indonésia onde não tinha. Ou seja, pegando na canção, o Brasil faz hoje o apenas um imenso Portugal pode fazer. Quando o Brasil estava trancado em si mesmo, a língua era um instrumento interno não lhe importando deveras qualquer emoção com gramáticas ou dicionários exteriores. Hoje não – para o Brasil a língua é um instrumento de afirmação externa, não se vendo mal nisso, antes pelo contrário.
Julgamos não estar em erro, se afirmarmos que foi Jaime Gama pioneiro ao conseguir com êxito o único acordo, até agora, para um instrumento diplomático de elevada importância como é a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar tivesse uma versão única e harmonizada para o mundo da língua portuguesa, valendo como texto oficial para cada um dos países da CPLP. O pioneirismo de Jaime Gama comprovou ser possível uma terminologia harmonizada em língua portuguesa para os instrumentos diplomáticos, por via da concertação – ao longo do extenso documento apenas se registam quatro – apenas quatro – marcadores de diferença para o Brasil e para Portugal/África: pessoa jurídica e pessoa colectiva; passagem inocente e passagem inofensiva; pessoa física e pessoa singular; e Corte Internacional de Justiça e Tribunal Internacional de Justiça. À evidência, diferenças que são do domínio terminológico e não ortográfico, sendo visão ou leitura estreita que se veja nisso que qualquer país tenha andado o reboque do outro.
É até agora um caso único, porquanto o imenso acervo de tratados, convenções e protocolos onde jamais houve concertação ou tentativa de harmonização de terminologias entre Portugal e Brasil, apenas denota que cada um destes países, se não anda à deriva na língua, pelo menos nem se interrogaram se a melhor estratégia não será seguirem uma rota comum.
E o que tem a ver isto com o Acordo Ortográfico? Muito. Este Acordo Ortográfico tal como se apresenta – tímido e na linha do receio de não salvar o máximo denominador comum – não é um Acordo Terminológico. Como Acordo Ortográfico que é ou pretende ser, tem que admitir variantes, todas as variantes, e ainda bem que as admite, porquanto as variantes, sem dúvida até livram qualquer idioma do labéu de enriquecimento sem justa causa. Por paradoxo, uma língua sem variantes morreria com um único monossílabo – aquele Ai! do suspiro final.
Mas grave será confundir-se um instrumento facilitador da escrita com um instrumento de harmonização terminológica geral que é impossível mesmo dentro de um país, quanto mais entre países, sendo um deles já de si equivalente a um enxame de países como é o caso do Brasil. Na linguagem corrente e franca, cujo expoente está na criatividade literária como gerador de símbolos, essa harmonização terminológica até nem é necessário que decorra de pacto – é algo de natural, permuta-se, traduz-se pelos sinónimos mais ou menos precisos da própria linguagem no intercambio dos conceitos que lhe são próprios. Já nos documentos de rigor, como são por exemplo os dos acervos diplomático, jurídico, tecnológico, científico, aí o caso muda de figura – ou há harmonização concertada e consentida, sendo esta caso a caso, ou não há, seja qual for o patamar de facilitação ortográfica.
Com um Brasil continental e fechado, duvida-se se alguma vantagem haveria em qualquer tentativa de concertação ou harmonização terminológica, designadamente da parte de um Portugal agora cada vez mais continentalizado na Europa. Não haveria vantagem nem para o Brasil nem para Portugal, ou as vantagens seriam reduzidas e meramente românticas.
Daí que, como primeira nota sobre o assunto, não deixa de causar apreensão que tanto defensores como opositores a um instrumento meramente facilitador da escrita e que não tem a profissão de harmonizar terminologias, se refiram ao Brasil de hoje como se esse país fosse o «continente» dos anos 30, 50 ou mesmo 70 do século passado, perante o qual Portugal tivesse que escolher uma de duas alternativas possíveis – ou estar na vanguarda, ou andar a reboque, quando o que se devia discutir e a sério deveria ser as bases de uma política terminológica, não se perdendo tanto tempo e tão útil com meros e tímidos instrumentos de facilitação.Carlos Albino
15 abril 2008
■ACORDO ORTOGRÁFICO■ Vamos começar

27 março 2008
■ FICOU NO OUVIDO ■ Zita Seabra, Pulido Valente, Pinto Ribeiro...
Mas, oh prezada deputada Zita Seabra! V.Exª, como editora, quer um Acordo Ortográfico, ou, como deputada, quererá um Acordo Tipográfico?
- E, caro Vasco Pulido Valente, não acha que a Universal está a fazer também isso com a mesma Bíblia?
- Finalmente, senhor ministro Pinto Ribeiro, bem diz VEXA que não existe "nenhum obstáculo nem nenhuma razão política" que impeçam a ratificação do Acordo. Só que o problema não são os obstáculos, mas sim os escolhos, contrariedades, espinhos, entraves, empecilhos, dificuldades, recifes, cachopos, esparcéis, abrolhos, estorvos, barreiras, farilhões, óbices, embaraços, imbondos...
20 março 2008
■ NOTADORES ■ Acordo Ortográfico
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Ainda bem que, há dois ou três dias, pegaram na questão do Acordo Ortográfico. Até em França isso está a ser motivo de acessas discussões entre escolásticos e a própria comunidade portuguesa. E o certo é que a diplomacia é uma das "corporações" que terá que lidar com os efeitos deste AO tão polémico.
Trota-Mundos
19 março 2008
■ ACORDO ORTOGRÁFICO ■ Empenhamento da CPLP...
Acordo Ortográfico.
