13 dezembro 2006

Natal. Para Ana Zacarias. Já que pouca gente se lembra de Tallin

Fado para a Estónia. Pois nem só de grandes embaixadas vive a diplomacia portuguesa, e justifica-se que, na prenda para a embaixadora de Portugal em Tallin, Ana Zacarias (alegre e antropóloga), se evoque o fado. E porque não o Fado do 31?




(Clique sobre a imagem para ampliar)
O Fado Portuguez - Colecção dos mais lindos Fados e Canções, Ed. da Livraria Barateira, sem data (edição provavelmente dos anos 20)

Faltam 10 prendas, lá chegará a vez do ministro Luís Amado.

Concurso diplomático... Custa a explicar?

Pergunta. A propósito do 1.º Curso de Política Externa Nacional, o secretário geral Fernando Neves, a 17 de Outubro, garantiu ao presidene da ASDP, António Franco que "a participação dos 20 candidatos recentemente aprovados no Concurso de Ingresso, decorrerá de 23 de Outubro a 15 de Dezembro, em módulo de frequência específica e obrigatória, com possibilidade de participação nos módulos subsequentes a terem lugar em 2007".

Como estamos a 13 de Dezembro, quais foram esses 20 candidatos tidos como aprovados a 17 de Outubro, e que estão obrigatoriamente nesse curso até sexta-feira próxima? Estão como adidos? Não está ninguém? Estão mais que 20? Menos? É que a página oficial do concurso não é actualizada desde 26 de Setembro... Houve homologação ministerial? Como é que Fernando Neves podia dizer aquilo que António Franco ouviu?

12 dezembro 2006

Natal. Para Mário Damas Nunes. O cinema salva porque é inverosímil

Duas prendas, desta vez. Para Mário Damas Nunes, N.º Dois do Protocolo de Estado - uma, com todo o gosto (como diria Quartin Santos) o livrinho Esthétique du Cinéma, e outra, coisa também já antiga, a História das Teorias do Cinema, cinema que não sendo verosímil ajuda a enfrentar o que a carreira tem de inverosímil (como também diria Quartin Santos se percebesse de cinema como Mário Damas Nunes seguramente percebe).



De Henri Agel, Esthétique du Cinéma, Presses Universitaires de France (“Que Sais-Je” Paris, 1959) “Trois questions s’offrent simultanément à qui s’interroge sur l’esthétique du cinéma: sommes-nous en présence d’un art véritable ou bien y a-t-il là un mode d’expression qui déborde les perspectives artistiques? Le cinéma est-il un art autonome (au cas où on le système des Beaux-Arts)? Est-il au contraire l’aboutissement des six autres arts?"

De Guido Aristarco, História das Teorias do Cinema, tradução de Maria Helena Sacadura e Júlio Sacadura (Editora Arcádia Limitada. Lisboa. 1961-1963) 2 volumes.

Restam 11 prendas

Quem anda à coca no MNE?

Claro. Quem é que no MNE anda à coca dos diplomatas e funcionários que lêem NV? Para já, quem pouco ri, coca muito.

Luís Amado, leia s.f.f. Concurso diplomático...

Fica bem na quadra. Naquele tempo, o filho do homem subiu ao monte e chamando junto a si dois discípulos dilectos, o secretário-geral e o presidente do Instituto Diplomático, disse o mestre que teve o primeiro mestrado: "Em verdade em verdade vos digo, que bendito aquele que ler o Washington Post no link que o Pai me revelou. Ora aponta aí Fernando e dá a boa nova à turba". E então o apóstolo Fernando distribuiu à turba o link http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2006/12/11/AR2006121101415.html longe das vistas dos fariseus, ao que a turba, dificilmente contida pelo apóstolo Armando, reclamou que o Ministro Luís Amado e os membros do júri do concurso de ingresso na carreira lessem o artigo de Elizabeth Williamson, que não se reproduz porque custa 550 dólares, mas vontade não nos faltaria.

No entanto, se transcrevermos apenas o primeiro parágrafo, é de supor que ninguém vai denunciar NV ao sinédrio: "For generations, the United States has selected its diplomats through a two-stage test seen as a model of merit-based rigor. Pass hundreds of questions in a dozen subject areas and a day-long oral grilling by Foreign Service officers, and join the ranks. Fail, and find a different line of work."

Síndrome de Encarregado de Negócios. De Ramallah para os de Ramaqui...

E sem que NV, mais uma vez, mexessem uma palha aqui nos chega o currículo do conselheiro de embaixada Jorge Torres Pereira que indo para Ramallah desafia alguns de Ramaqui. E segue em inglês, porque a Autoridade Palestiniana, pois esta, de português apenas percebe o do cônsul em Vancouver, Laranjeira de Abreu que é o chamado «português de Vitória».

Nada melhor do que um Curriculum Vitae
para espairecer das síndromes

JORGE RYDER TORRES PEREIRA

Education:
- Diplomatic Training Course, Ministry of Foreign Affairs, Lisbon, 1987
- Scholarship from National Institute for Scientific Research at a CNRS centre, Paris, 1986
- Graduated magna cum laude at the Lisbon Medical School, University of Lisbon, 1980
Diplomatic Service:
- Consul-General in Madrid, since September 2004;
- Minister-Counsellor and Deputy Head of Mission, Embassy of Portugal in Moscow, 2001-2004;
- Head, Common Foreign and Security Policy Department, and European Correspondent, Ministry of Foreign Affairs in Lisbon, 2000-2001;
- Deputy European Correspondent, 1997-2000 (in charge of CFSP’s Political Dialogue during the Portuguese Presidency of the EU, 2000);
- Counsellor and Deputy Head of Mission, Embassy of Portugal in Tel Aviv, 1995 – 1997;
- First Secretary, and Second Secretary, Embassy of Portugal in London, 1990 – 1995;
- Private Secretary to the Secretary General of the Ministry of Foreign Affairs, 1987 – 1990;
- Joined the Diplomatic Service in 1987
Teaching:
- Lecturer at the University of Lisbon (FML), 1980-1987
Lectures/Conferences:
- “The Middle East – Strategic Situation and Perspectives for the Peace Process”, National Defence Courses 97/98, 98/99 and 99/2000 at the National Defence Institute, Lisbon;
- “The CFSP/ESDP”, Training Course for East Timorese future Foreign Service Officials, 2001;
- “The Coreu network and other forms of communication between Member-States in theEuropean Union”, Diplomatic Training Course, Ministry of Foreign Affairs, Lisbon, 1998;
- “Is it possible to speak of a “Clash of Civilisations” in the Middle East?”, speaker in the Panel “Clash of Cultures” of the Science and Political Sciences Forum, Institute for Political and Social Sciences/’Universidade Técnica de Lisboa’, Lisbon, 1998;
- “The European Union’s Special Envoy to the Middle East Peace Process, its implications for the Common Foreign and Security Policy”, Theme presented at the Ministry of Foreign Affairs, Lisbon, 1997;
- “The Middle East Peace Process. The Role of the European Union”. Theme presented at the Ministry of Foreign Affairs, Lisbon, 1996;
- “Identities and Meta-Identities in the Integration Process of the European Continent”, presented at the Salzburg Seminar “An European Identity?”, Salzburg, 1994;
- “Defence And Arms Control: Comparison between Soviet and US Nuclear Doctrines”, Theme presented at the Entrance Examination to joint the MFA, 1986;
Other relevant elements:
- As European Correspondent, attended the sessions of the European Council and of the General Affairs Council of the EU, as well as the informal (“Gymnich”) meetings of Ministers for Foreign Affairs in 2000 until September 2001,
- Participation in the Senior Executive Course “Crisis Management: Planning for National And International Contingencies” at the George C. Marshall European Centre for Security Studies, Garmish-Partenkirchen, September 2000;
- While in Tel Aviv, as well as dealing with Palestinian Authority related matters, followed in particular the issues of “Islamic Movements” and “Regional Security”, regularly attending meetings at “JCSS-Jaffee Center for Strategic Studies”, in the University of Tel Aviv, and at “PASSIA”-Palestinian Academic Institute for Strategic Studies”, in East-Jerusalem.;
- Participated in the Wilton Park Conference “The Arab Middle East: A New Regional Balance in Peace with Israel”, March 1995;
- Participated in the Wilton Park Conference “Asia Security and Indonesia at 50”, 1994;
- Attended the XIII Training Course for Diplomats, organised by the European Commission,
Brussels, 1991;
- Participated in Session 276 of the Salzburg Seminar “The New USSR In Transition”, August 1989;
- Portuguese Representative in the first meetings of the then European Political Cooperation’s “Arms Exports Ad Hoc Group”, 1988
And:
- Born in Lisbon, March 30, 1956.
- Married, with Maria Alexandrovna Kuznetsov, with a son, Sebastião. From his previous marriage, two daughters, Matilde and Marta, and a son Frederico.
- National Military Service, 1983-1984.
- NC Officer at the North Military Region HQ, Oporto and at HMDIC, Lisbon.
- Decorations:
- Officer of the Order of the ”Infante D. Henrique” (Portugal)
- Officer of the Order of Merit (Portugal)
- Commander of the Order of Isabel La Católica (Spain)
- Lieutenant of the “Royal Victorian Order” (United Kingdom).

Luís Amado e oito provérbios em cheio. Azeite de cima, mel do fundo e vinho do meio.

Uma outra cimeira. Alguma outra que possa estar à mão, talvez vá ajudar a salvar aquele terço português da Presidência da UE - a almejada Cimeira UE-Africa, por causa do eterno Zimbabwé, não deverá concretizar-se, uma vez mais. Cuidados e caldos de galinha, nunca fizeram mal a ninguém.

É que a prestação do ministro Luís Amado na mais recente das entrevistas, sugere oito perguntas em função das omissões, com oitos respostas em função de provérbios expressos e em cheio:

1 - A Constituição Europeia foi uma tentativa de imposição dos políticos aos cidadãos europeus, os quais não se reconhecem naquele texto, nem sequer o entendem? Mais vale um cavalo com uma cela, do que três celas sem cavalo.

2 - Ainda não está por provar que o alargamento obrigue a certas alterações institucionais inscritas na Constituição Europeia? Macaco velho, não trepa galho seco.

3 - Portugal não perde, em termos políticos, ao trocar o Tratado de Nice pela Constituição Europeia? Pelas costas dos outros se vêm as nossas.

4 - Com a Constituição Europeia, Portugal não será mais periférico no processo decisório da UE? Dos enganos vivem os Escrivães.

5 - A Rússia não será novamente uma grande potencia, pelo que o Muro de Berlim nunca se deveria esquecer? Fala-se no diabo e aparece-lhe o rabo.

6 - Não é verdade que alguns atropelos foram feitos nas adesões demasiado rápidas de alguns dos actuais membros da UE, e que a Turquia não é uma democracia, pelo que um relacionamento privilegiado com a UE é talvez o mais aconselhável? Roma e Pavia não se fizeram num dia.

7 - Os imigrantes não-europeus não têm de acreditar nos valores e na forma de estar na vida europeus e não têm a obrigação de se integrarem nas sociedades de acolhimento? Não contes os pintos senão depois de nascidos.

8 - Não se deveria evitar dar uma visibilidade excessiva à intenção de realizar a Cimeira UE-Africa, dado que ela está refém da vontade do Reino Unido em pretender ou não manter o cordão sanitário em redor do Presidente do Zimbabwé? Não deites foguetes antes da festa.

Posto isto, tantas cabeças, quantas sentenças, até porque todos os pássaros comem trigo e quem paga é o pardal.

Ponto assente, parece. Torres Pereira em Ramallah

Salto pessoal ou desgraduação do posto - eis a questão. O actual cônsul-geral em Madrid, Jorge Torres Pereira, conselheiro dos mais recentes, parece ser ponto assente, vai o escritório de representação junto da Autoridade Palestiniana, em Ramallah, sucedendo na chefia de missão a Vera Fernandes (a caminho de Adis-Abeba). O caso é comentado - Ramallah é posto para ministro plenipotenciário ou de conselheiro mais antigo a ser promovido, pelo que ou vários diplomatas serão ultrapassados em função das regras, ou haverá a intenção de provocar um down grade naquela representação portuguesa. Mas que deve ser ponto assente, deve ser, porquanto o pedido seguiu para Belém.

11 dezembro 2006

Natal. Para José Lameiras, embaixador em Ankara. E então na Turquia, nos tempos que correm

Mas Deus é Grande, preciosa prenda para o embaixador José Lameiras, em função da chefia de missão em curso e do percurso - Nairobi (1999), Djibouti, Adis-Abeba e Seycheles (2000), Asmara e Dar-es-Salaam (2001), Kigali e Rabat (2002) e agora... Ankara!


De José Régio, Mas Deus é Grande, Líricas. Editorial Inquérito Limitada. Lisboa. [1945]. Edição original e invulgar, com capas da brochura preservadas.

Faltam 12 prendas

Fundos estruturais da Emigração... Remessas atingem 6,7 milhões de euros por dia

Merecem respeito. As remessas dos Emigrantes portugueses cresceram 7,5 por cento, nos primeiros nove meses de 2006 em relação a igual período de 2005, segundo estatísticas divulgadas pelo Banco de Portugal. No período Janeiro-Setembro do corrente ano, os Portugueses residentes no estrangeiro colocaram em Portugal remessas correspondentes a 6,7 milhões de euros por dia ou um total de 1.815.123.000 euros, o que se situa acima dos 1.689.141.000 euros de igual período de 2005. Segundo as estatísticas do Banco de Portugal, as remessas procedentes só da França passaram dos 699.965.000 euros no período Janeiro-Setembro de 2005 para 758.050.000 euros, no mesmo período de 2006.

Concurso diplomático. Muito se tarda...

Obra. Muito, demasiado tempo leva o júri do MNE para escolher 20 adidos por entre 24 candidatos apurados (desde 26 de Setembro) para a prova final da "entrevista profissional". Pelos dados que nos chegam, o passo anterior da "prova oral de conhecimentos" foi obra.

Telhados de vidro. Ou pedra no sapato

Mentalidade de esquadra. Sem que tivéssemos mexido uma palha, já por aqui temos uma nutrida lista de “chefes” do MNE e de uma ou outra missão (casos isolados) que abusivamente repreendem diplomatas e funcionários quando ou se os surpreendem a ler Notas Verbais sem que disto resulte prejuízo manifesto para o serviço, antes pelo contrário, melhora-o… O curioso é que tais ordens de esquadra partem sempre de gente com telhados de vidro ou com a inspecção diplomática a fazer de pedra no sapato. Têm medo de quê?

Carta do Canadá. Fernanda Leitão. Era um riso no Chiado

Meus senhores, a memória também é livre. E assim sendo, espaço para a prosa de Fernanda Leitão que, de há muito pertence à família de NV.


CARTA DO CANADÁ

Fernanda Leitão

ERA UM RISO NO CHIADO

Não me lembro como se formou aquele grupo de monárquicos com quem almocei, anos a fio, à quarta-feira, que se encontrava à porta da Brasileira. Tantos anos que um dia o Vasco Sampaio lembrou que fazíamos as bodas de prata de frequência no restaurante A Primavera, no Bairro Alto, o que veio a dar um almoço à porta fechada, servido por nós ao Jerónimo e à patroa, mailas moças que habitualmente nos serviam à mesa, numa comoção que o mar de garrafas tornou enorme ao tempo de uma sobremesa, rematada por discursos piegas de que foi vencedor um adido comercial sueco que, quase a chorar, considerou ser Portugal “o último reduto de ternura na Europa” . Atrapalhado mas teso, a cortar o passo à fraqueza, levantou-se o Conde de Fornos secamente: “Está bem, pronto, o que lá vai, lá vai. Nós nunca mais nos metemos noutra”. O riso salvou o restaurante de uma inundação.

O banqueiro dos almoços, que tanto podiam ser no Bairro Alto como no Ramboia de Alcântara ou no 31 da Armada, era o Conde do Lavradio, porque era ele quem, compondo o monóculo, fazia a divisão da conta por aqueles bicos todos, sem nunca dispensar uma observação atónita ao esvoaçar os olhos pelas garrafas abatidas: “Mas para que é que foi tanto pão?”.

Nunca atinámos com a resposta. Eramos um grupo nutrido de talassas que, sem doutrinas, entre um prato e outro, reduzia tudo às boas piadas, ao riso, à festa de sermos amigos e estarmos juntos. Até nos demos ao luxo de ter um republicano com lugar cativo à nossa mesa, o Dr. Joaquim Parro, para os dardos verbais de lado a lado se espanejarem sem ressentimento nem preconceito. Era uma perfeita rebalderia em que até o sossegado António José Sousa Tavares metia colherada.

Este grupo deu quatro embaixadores: Afonso Malheiro, Afonso de Castro, Sebastião Castelo Branco (Pombeiro) e António Pinto Machado. Que alegria era quando um deles vinha do estrangeiro e se juntava ao almoço! Era uma coisa tão certa que, já no Canadá, recebi um dia um cartão do Daniel Noronha Feio que assim rezava: “Os almoços das quartas são agora às segundas. Estás avisada para quando cá vieres”. Lembro-me de me ter dado pouco jeito essa mudança, porque à segunda-feira tinha eu outro almoço de monárquicos, mas esse na Sociedade de Geografia, e todo à séria, presidido pelo médico e historiador Mário Saraiva, onde muito aprendi com os seguidores de António Sardinha e José Pequito Rebelo. Assim o disse aos rapazes do Chiado quando fui a Lisboa, que gentilmente voltaram às quartas-feiras.

Desse grupo, culto e cheio de verve, mas modesto e saudável, já nos morreu o Daniel Noronha Feio, o Vasco Sampaio, o Gonçalo Mesquitela, o Salvador Lavradio, o José Hipólito Raposo e o Joaquim Parro. E agora morre-nos o António Pinto Machado.

Vi o António Pinto Machado pela última vez poucos dias antes de ele partir para Bruxelas. Fizemos-lhe um almoço de “até breve”. E porque ele me tinha pedido havia tempo uma moca de Rio Maior, levei-lha, embrulhada em papel de seda e laçarote, bruta mas envernizada, com o nome António em tachas amarelas. Encomendei-ao Tio Abílio, de Rio Maior, que foi o inventor e o fornecedor dessa arma pitoresca quando o povo do centro do país se foi aos comunas como Santiago aos mouros, naquele tempo de PREC e estupidez. Tão contente que ficou o António! E tão triste que os amigos estão hoje!

Bequadro diplomático. Adriano Jordão rendido à poesia e ao conto...

E é verdade. Adriano Jordão, conselheiro cultural da Embaixada em Brasília não percebe apenas da ordem dos sustenidos e não se fica pela ordem do si-mi-lá-ré-sol-dó-fá que é a dos bemóis. Ele também usa convenientemente dos bequadros para anular os meios tons e, desta vez o bequadro deu em poesia. Adriano Jordão preside à Associação dos Adidos e Conselheiros Culturais Ibero-Americanos que acaba de editar uma Antologia de Poesia Ibero-Americana, com poetas dos 23 países agremiados. Sophia de Mello Breyner, Eugénio de Andrade e Al Berto são os três escritores portugueses aí presente. A obra foi lançada no Ministério brasileiro da Cultura, com a presença de representantes diplomáticos de vários países e membros de sectores académicos e de imprensa. Na ocasião, o conselheiro cultural português deu a conhecer os projectos da associação para os meses futuros, que incluem uma colectânea de contistas de Portugal, Espanha e da América Latina.

Dos Notadores. Cartório de desumanização

Reparo ao MNE e à ASDP.

"A propósito dos falecimentos do cônsul-geral Pedro Cabral Adão e, mais recentemente, do ministro-plenipotenciário António Pinto Machado, recordo que quando morreu o embaixador António Portugal, o ex-ministro Freiras apresentou condolências publicamente em nome de todos os funcionários, mas logo a seguir morreu uma funcionária em S. Paulo, e, ao que me disseram, nem o cônsul-geral nem a cônsul-geral adjunta tiveram a humanidade de ir ao velório, ou ao funeral, ou mesmo de enviar flores. Observei que os representantes dos serviços externos chegarem a manifestar berve reparo ao ministro mas o gabinete desmentiu uma coisa que, vim a apurar, 20 funcionários testemunharam... Não é bonito, nem exemplar e muito menos civilizado. Com coisas destas, o Ministério desumaniza-se. Lamentável. E a ASDP tem culpas no cartório - apenas chora qundo lhe convém.

Gaston

Outra vez, Hamilton! Consulado encerrado

Fenómeno estranho. Deve ser do triângulo das Bermudas, mas o certo é que o consulado em Hamilton está enguiçado - novamente encerrado, após solução provisória. E encerra quando os portuguesas se preparam para, em breve, enfrentar a entrada em vigor de uma nova lei de imigração que obrigará muita gente a fazer contas à vida e possivelmente o regresso. A lei, de 31 de Março de 2001, proíbe que os trabalhadores estrangeiros permaneçam nas Bermudas mais de seis anos, período que começa a ser cumprido a partir de 1 de Abril de 2007. E o Consulado de Portugal em Hamilton está sem titular desde 2001, sendo o serviço de rotina assegurado por uma funcionária consular, que está de licença de parto desde Setembro.

10 dezembro 2006

Natal. Para a Embaixadora Margarida Figueiredo. Pera enfrentar este atraso de dois séculos

Margarida Figueiredo, agora no comando da Direcção-Geral dos Assuntos Técnicos e Económicos, merece esta prenda - o Dictionnaire Universel da la Géographie Commerçante. Edição de 1799-1800, mas para Portugal ainda deve ter actualidade.


De J. Peuchet, o Dictionnaire Universel da la Géographie Commerçante, contenant tout ce qui a raport à la situation et à l’étendue de chaque Etat commerçant; aux productions de l’Agriculture, et au commerce qui s’en fait; aux Manufactures, Pêches, Mines, et au commerce qui se fait de leurs produits; aux Lois, Usages, Tribunaux et Administrations du Commerce; au Roulage, à la Navigation; aux Banques, Compagnies de commerce, Poids, Mesures et Monnaies; au Commerce d’exportation et d’importation, au Change, à la Balance du Commerce, aux Colonies, etc. Chez Blanchon. Paris. (1799-1800). 5 vols. Encadernação do editor, da época, em pele.

Restam 13 prendas.

As atoardas do senhor Políbio Braga. E a resposta do Embaixador Seixas da Costa

Políbio Braga (foto ao lado, para que se documente o suporte tribal da cara) em 5 de Dezembro escreveu no site de seu nome, isto:

Portugal não merece ser visitada (sic)
e os portugueses não merecem nosso reconhecimento

05.12.06 16:19

Há apenas uma semana, em apenas quatro anos, o editor desta página visitou pela quinta vez Lisboa, arrependendo-se pela quarta vez de ter feito isto. Portugal não merece ser visitada e os portugueses não merecem nosso reconhecimento. É como visitar a casa de um parente malquisto, invejoso e mal educado. Na sexta e no sábado, dias 24 e 25, Portugal submergiu diante de um dilúvio e mais uma vez mostrou suas mazelas. O País real ficou diante de todos. Portugal é bonito por fora e podre por dentro. O dinheiro que a União Européia alcançou generosamente para que os portugueses saíssem do buraco e alcançassem seus sócios, foi desperdiçado em obras desnecessárias ou suntuosas. Hoje, existe obra demais e dinheiro de menos. O pior de tudo é que foi essa gente que descobriu e colonizou o Brasil. É impossível saber se o pior para os brasileiros foi a herança maldita portuguesa ou a herança maldita católica. Talvez as duas.

E a isto, o Embaixador de Portugal em Brasília, Francisco Seixas da Costa que, pelos vistos não permite e bem, uma nódoa em bom pano, respondeu com a carta que se transcreve:

Brasília, 8 de Dezembro de 2006

Senhor Políbio Braga

Um cidadão brasileiro, que faz o favor de ser meu amigo, teve a gentileza de me dar a conhecer uma nota que publicou no seu site, na qual comentava aspectos relativos à sua mais recente visita a Portugal. Trata-se de um texto muito interessante, pelo facto de nele ter a apreciável franqueza de afirmar, com todas as letras, o que pensa de Portugal e dos portugueses. O modo elegante como o faz confere-lhe, aliás, uma singular dignidade literária e até estilística. Mas porque se limita apenas a uma abordagem em linhas muito breves, embora densas e ricas de pensamento, tenho que confessar-lhe que o seu texto fica-nos a saber a pouco. Seria muito curioso se pudesse vir a aprofundar, com maior detalhe, essa sua aberta acrimónia selectiva contra nós.

Por isso lhe pergunto: não tem intenção de nos brindar com um artigo mais longo, do género de ensaio didáctico, onde possa dar-se ao cuidado de explanar, com minúcia e profundidade, sobre o que entende ser a listagem de todas as nossas perfídias históricas, das nossas invejazinhas enraizadas, dos inumeráveis defeitos que a sua considerável experiência com a triste realidade lusa lhe deu oportunidade de decantar? Seria um texto onde, por exemplo, poderia deter-se numa temática que, como sabe, é comum a uma conhecida escola de pensamento, que julgo também partilhar: a de que nos caberá, pela imensidão dos tempos, a inapelável culpa histórica no que toca aos resquícios de corrupção, aos vícios de compadrio e nepotismo (veja-se, desde logo, a última parte da Carta de Pêro Vaz de Caminha), que aqui foram instilados, qual vírus crónico, para o qual, nem os cerca de dois séculos, que se sucederam ao regresso da maléfica Corte à fonte geográfica de todos os males, conseguiram ainda erradicar por completo.

Permita-me, contudo, uma perplexidade: porquê essa sua insistência e obcecação em visitar um país que tanto lhe desagrada? Pela quinta vez, num espaço de quatro anos ? Terá que reconhecer que parece haver algo de inexoravelmente masoquista nessa sua insistente peregrinação pela terra de um "parente malquisto, invejoso e mal educado". Ainda pensei que pudesse ser a Fé em Nossa Senhora de Fátima o motivo sentimental dessa rotina, como sabe comum a muitos cidadãos brasileiros, mas o final do seu texto, ao referir-se à "herança maldita católica", afasta tal hipótese e remete-o para outras eventuais devoções alternativas.

Gostava que soubesse que reconheço e aceito, em absoluto, o seu pleníssimo direito de pensar tão mal de nós, de rejeitar a "herança maldita portuguesa" (na qual, por acaso, se inscreve a Língua que utiliza). Com isso, pode crer, ajuda muito um país, que aliás concede ser "bonito por fora" (valha-nos isso !), a ter a oportunidade de olhar severamente para dentro de si próprio, através da arguta perspectiva crítica de um visitante crónico, quiçá relutante.

E porque razão lhe reconheço esse direito ? Porque, de forma egoísta, eu também quero usufruir da possibilidade de viajar, cada vez mais, pelo maravilhoso país que é o Brasil, de admirar esta terra, as suas gentes, na sua diversidade e na riqueza da sua cultura (de múltiplas origens, eu sei). Só que, ao contrário de si, eu tenho a sorte de gostar de andar por onde ando e você tem o lamentável azar de se passear com insistência (vá-se lá saber porquê!), pela triste terra dessa "gente que descobriu e colonizou o Brasil". Em má hora, claro!

Da próxima vez que se deslocar a Portugal (porque já vi que é um vício de que não se liberta) espero que possa usufruir de um tempo melhor, sem chuvas e sem um "dilúvio" como o que agora tanto o afectou. E, se acaso se constipou ou engripou com o clima, uma coisa quero desejar-lhe, com a maior sinceridade: cure-se !

Francisco Seixas da Costa
Embaixador de Portugal no Brasil

09 dezembro 2006

Natal. Para os porta-vozes que o MNE teve Mesmo após as experiências, prenda oportuna

Para todos os porta-vozes , que também não foram muitos, mesmo a prosa de Botto, não sendo um castigo (antes pelo contrário, é um abono), talvez lhes sirva de emenda.



De António Botto. Não é Preciso Mentir, Editôra Educação Nacional. Porto. (1939). 13x19,5 cm. 278-VIII págs. Livro em prosa muito procurado, edição original.

Restam 14 prendas.

Na sinecura de Paes de Andrade. O Brasil esteve em off

Lentilhas. Exílio ou sinecura, é lícito concluir que Paes de Andrade nestes anos de chefa da missão brasileira em Lisboa foi o mesmo que o Brasil em off. Paes de Andrade, presidente de honra do PMDB e embaixador político, resistiu a instruções de Celso Amorim para dar seguimento aos procedimentos da sua substituição alegando que apenas as aceitaria do presidente Lula. Mas nem foi preciso tanto – bastou um telefonema do chefe de gabinete do Presidente brasileiro, assegurando-lhe um cargo estatal. Para prato, as lentilhas não são más.

Já com agréement concedido por Lisboa, o próximo chefe de missão do Brasil é Celso Marcos de Souza, diplomata de carreira, 62 anos, e que assim troca Viena pela capital portuguesa. A questão do Brasil on ou do Brasil off em Lisboa pouco tem a ver com embaixadores políticos ou de carreira. Luis Felipe Lampreia era de carreira e foi on, outros, apesar de diplomatas de linha, foram Brasil off que não é uma fatalidade das sinecuras políticas. Por exemplo, desempneho de José Aparecido de Oliveira foi um caso ímpar de Brasil on - nunca ninguém como ele fez tanto em tão pouco tempo.

08 dezembro 2006

Natal. Para Bramão Ramos e Francisco Azevedo. Que melhorem as telas nas Necessidades e em Newark

Para dois diplomatas que pintam (e com exposição conjunta em Caracas!), um dos raros tratados que não necessita de ratificação...


De Diogo de Carvalho e Sampaio, este TRATADO DAS CORES que consta de tres partes analytica, synthetica, hermeneutica offerecido aos amadores das sciencias naturaes, e a os dilectantes, e artistas, que começaõ a occupar-se em todo o genero de trabalho colorido. Malta MCCLXXXVII. Facsimile editado em Lisboa (2001, Chaves Ferreira) a partir de original existente na Biblioteca Pública Municipal do Porto.

Restam 15 prendas.

Sócrates e UE/Turquia. Mas a questão é moral, de honestidade?

Conceitos. José Sócrates convidou o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, a visitar Portugal no próximo ano, para discutir as negociações com vista à adesão da Turquia à União Europeia, e, por certo, terá convidado também a agência noticiosa Lusa a divulgar a missiva endereçada para Ankara – é claro que a Lusa fez bem e fez o que tinha a fazer, mas este mau, péssimo hábito português dos gabinetes não divulgarem directa, oficialmente, com segurança e rigor as actos que praticam e as iniciativas que tomam em nome do Estado, é uma conveniência que vem de longe e ampara filtragens). Mas estas são considerações secundárias, para o caso. Principal é que, para efeitos de UE e no quadro da trindade presidencial, Portugal está em melhores condições do que a Alemanha e Eslovénia (com esta seria tarde, além do mais) para diálogo com Ergodan – se houver Ergodan. Não é propriamente um rasgo português, mas uma conveniência certamente acordada e que está correcta.

Todavia, com evidente moralismo, disse Sócrates que Portugal sempre defendeu e continua a defender a defender «negociações claras e honestas das duas partes». Mas as negociações não têm sido claras e honestas? Onde está a falta de clareza e, sobretudo a falta de honestidade da UE e da Turquia ? Uma parte não tem dito à outra com clareza o que quer e exige com honestidade ?

É tempo de Sócrates rever vocabulário e conceitos. A confusão do plano moral com o plano político pode surtir efeitos na política interna, mas duvida-se que assim aconteça nas relações internacionais. Não é que em negociações a moral fique à porta, mas negociações apenas existem com clareza e honestidade assumidas como dados adquiridos.

António Pinto Machado. No dia 2, sábado

António Pinto Machado. Foi embaixador em Bogotá (Quito e Costa Rica) entre 1990 e 1994, em circunstâncias profissionais difíceis, depois disso, Cônsul-geral em Hamburgo até regressar à Secretaria de Estado em 1996. António Pinto Machado faleceu no sábado passado, apenas agora nos chega ao conhecimento. Entrara na carreira diplomática em 1954, andou um pouco por todo o mundo (Bayonne, São Francisco, Bruxelas, Havana, La Paz, Beirute, Manila, Haia, Curaçau, Recife, Lima) e em 1976 foi o representante do MNE na Comissão Nacional de Eleições. Em 1992 recebeu o Prémio da Sociedade de Direitos de Autor, pela divulgação de obras e autores portugueses no estrangeiro. Era um homem de bem.

07 dezembro 2006

Natal. Para o Embaixador Quartin Santos. Livro tão útil em Pequim...

Utilíssimo em Pequim. Com a campainha nas Necessidades.


Restam 16 prendas

Um livro por dia, até Natal. Uma embaixada por semana, até que dê

Duas breves notas

1. Até Natal, como oferta simbólica, dedicaremos um livro por dia (pouco antes da meia-noite, fuso horário de Lisboa e não o de Xangai) a alguém especial. E livro antigo, daqueles que são próprios de quem estima livro que é livro como livro. A ideia não é original (não é José Lello?) mas se a imiitação acender lluzes, funcionará.

2. Em cada semana, NV apresentarão, com os seus modestos meios mas o melhor possível, uma Embaixada Portuguesa, com certeza. Iniciámos com a de
Helsínquia (terça, dia 5) mas será rotina para os sábados. Até que dê.

06 dezembro 2006

Dos Notadores. Claro, o Embaixador José Lameiras

Dos Notadores. O seu a seu dono:

"A necessitar alguma precisão: O "Chairperson" da Comissão da União Africana, Prof. Alpha Oumar Konaré... assinará (?) protocolo com IC, negociado em Lisboa, em Dezembro/2005, que cria a Secção de Língua Portuguesa, no Centro de Línguas, na Sede da UA em Adis Abeba. Recorde-se que o Português é língua oficial da UA, em paralelo com o Árabe, o Inglês e o Francês. Ao fim de mais de um lustro, realiza-se o projecto lançado pelo Embaixador Lameiras, das bandas de Nairobi.

JF

Margaret Beckett. Sobre o alargamento UE

Na íntegra. Intervenção de Margaret Beckett, hoje, na Câmara dos Comuns AQUI

Expressões sinónimas. Mais perplexidade

Voos da CIA. Nunca, melhor, raramente «não querer ser ouvido» foi expressão tão sinónima de «não querer falar», a propósito das escusas de Figueiredo Lopes e Paulo Portas a encontro solicitado pela comissão temporária do PE encarregue de investigar os voos da CIA. E à sinonomia, junta-se o significado do valor acrescentado da perplexidade de Luís Amado sobre as referências a Portugal no relatório da comissão europarlamentar. Não seria mais prático o Estado português classificar a matéria, em que, segundo Freitas do Amaral, o Estado foi enganado?

Trindade UE. Segundo consta

Pois consta hoje. Que, ontem, a europeíssima trindade Frank Walter Steinmeier, Luís Amado e Dimitrij Rupel concertaram finalmente nas 69 páginas que vão apresentar ao Conselho de Assuntos Gerais (dia 11) para os 18 meses de uma presidência UE que será como que de pai para filho e espírito santo - as pessoas do pai alemão e filho esloveno virados a Leste, Moscovo e Ásia Central, e pessoa do espírito santo português dedicado às questões éticas do Mediterrâneo e África, com a cimeira UE-UA como indispensável para a substância trinitária, em breve confrontada já com 27 Estados membros, número que, sem consolidação, pode pôr em risco o euro-monoteísmo de Bruxelas. E agora digam que a Europa não tem raízes cristãs...

João Mira Gomes em Paris. Conversações com Chaterine Colonna

Mares. Dia 7, no Quai d’Orsay. Na agenda, o conjunto de questões relacionadas com a política marítima da União Europeia. Catherine Colonna, ministra francesa dos Assuntos Europeus, recebe João Mira Gomes, secretário de Estado da Defesa e dos Assuntos do Mar. Esta reunião vem na sequência da conferência ministerial de Antibes (nas margens do Mar Mediterrâneo, a 10 km de Cannes) promovida por Chaterine Colonna a 29/30 Junho, com participação de Portugal, representantes da UE e sete países mediterrânicos (Espanha, França, Itália, Grécia, Eslovénia, Chipre e Malte).

República Democrática do Congo. António Braga na investidura de Kabila

À falta de melhor. É o que passaremos a fazer. NV saúdam a investidura do presidente eleito da República Democrática do Congo, Joseph Kabila, por ocasião da cerimónia que, hoje mesmo, decorre em Kinshasa, e que dá início a nova e importante fase da história e vida constitucional esse país, oxalá, na direcção da reconstrução e da estabilidade.

Portugal faz-se representar no acto de investidura de Joseph Kabila, pelo Secretário de Estado António Braga, chefiando uma delegação que integra o embaixador em Kinshasa, Duarte Costa.

Listas do MNE. Não é questão do grande público. Mas é serviço público, noção perdida...

Brincadeira com coisa séria. Para ficar o remetente completo, a Direcção de Serviços de Administração Patrimonial da Departamento Geral de Administração da Secretaria Geral do MNE, enviou aos postos externos nova remessa de listas (16:23, ontem, dia 5), com breve explicatória: «Por lapso e erro informático não foram incluídos na lista enviada ontem os dados de alguns postos. Pedimos desculpa e enviamos versão corrigida. Obrigado». Mas o que é isso de lapso e erro informático? É que, mesmo nesta segunda versão alegadamente corrigida, Vasco Bramão Ramos continua em Viena, Chrystêllo Tavares lá prossegue exitoso no vaticano a conspiração contra Rocha Páris, e o Cônsul-geral em Vancouver continua sem residência em Vitória... Incompetência atroz, num Ministério a fazer brincadeiras de computador com assunto sério, como se o ninho da internet e das comunicações electrónicas suportasse ovos de mangas de alpaca - que também põem ovos.

É óbvio que ninguém tem que ensinar ao MNE como é que, de uma vez por todas, higieniza, normaliza, rectifica e põe a limpo a lista de contactos dos Serviços Externos que não é um segredo de Estado, não é sequer um código de exclusivo uso interno. Trata-se efectivamente de um serviço público e que publicamente deve ser disponibilizado com segurança - universidades, empresários, jornalistas, chancelarias estrangeiras, emigrantes, turistas... a toda a hora podem necessiatr de uma indicação segura. Ora, a listagem constante no site oficial do MNE, em grande parte está desactualizada, sobretudo em matéria de endereços web, endereços electrónicos das missões e postos, nomes de responsáveis; separadamente, as listagens dos consulados disponibilizadas pela porta da Secretaria de Estado das Comunidades, ainda assim estão razoavelmente aferidas, mas incompletas, e então para se descobrir os consulados honorários é como procurar agulhas no palheiro. Valem para o caso, alguns poucos sites autónomos de missões e consulados, uns bons, outros péssimos, e, para assuntos específicos, por outra via ainda, os dados disponibilizados pelo ICEP ou pelo Camões. Portanto, uma coisa por aqui, mal; outra por ali, incompleta; outra por acoli, complicada... tudo disperso.

Já aqui temos assinalado que o Palácio das Necessidades, desde há muito, tem um grave problema de comunicação interna - um problema de comunicação. Poucas são as chancelarias por esse mundo com as quais a de Portugal tinha pelo menos a obrigação de ombrear, que revelam a incapacidade de gerir o caos como os serviços centrais do MNE amiúde revelam, por certo, devido à perda da noção de serviço público.

É claro que, caso haja vontade em resolver a questão, não é por via de uma circular - é, sim, pelo contacto directo com cada posto. Num simples carregar de dedo pode-se hoje endereçar um formulário pensado com cabeça, tronco e membros, simultaneamente para todos os postos - todos. Mas antes disso é preciso delinear o problema, se fazer o plano, meter mãos ao trabalho e cumprir prazos. O que nada tem a ver com brincadeira de computador.

Venezuela. Rescaldo das eleições. Ensaio de Teódulo López Melendez

Teódulo López Meléndez. No rescaldo das eleições da Venezuela, destaque do ensaio que se publica em Artigos Definidos : «El país de la oposición parece dividido en tres sectores. El primero, el de los deprimidos, que toman Lexotanil en cantidades industriales; el segundo, el de los indignados que creían en una victoria y se ocupan de insultar a Petkoff, Borges y Rosales; el tercero, el de los oportunistas que creen llegado el momento de hacerse de un liderazgo pasando por encima de los cadáveres que contribuyeron a matar y, de hecho, proclamándose candidatos presidenciales para el 2012. El país del gobierno, uno evidentemente mayoritario, declara calmo por boca de sus voceros, comenzando por el presidente Chávez quien, a pesar de su retórica habitual, hizo un discurso moderado e inteligente el día de la celebración de su victoria.»
Ler Teódulo López Meléndez AQUI - continua a estar em NV, caixa de comentários aberta.

Que Ministério é este? É de perna sobre o joelho? Ou iliteracia a jorros?

Quando, quando e quando. Quando num ministério como o MNE, listas de contactos e "listas telefónicas" é tudo a mesma coisa... Já é avanço não se listar os telégrafos, coitados, que não davam conta da iliteracia.

Quando num ministério como o MNE, "agradece-se correcções e comentários" porque "é provável que existam lapsos e melhoramentos a fazer (designações, categorias etc)"... Então, o Etc!

Quando num ministério como o MNE "um funcionário sugeriu que a lista contivesse a informação com o horário de funcionamento e atendimento dos postos", porque, "de facto, por desconhecer o horário e a diferença de fusos horários, por vezes perde-se algum tempo a tentar fazer uma ligação de Lisboa para Kiev ou Xangai, que só passado 2 horas seria possível"... Ordem de Mérito já para o funcionário desconhecido, não é o soldado que apenas tem o direito a esse túmulo da Sociedade do Conhecimento!

Enfim, tudo isto ainda assim se compeenderia, ficando entre nós, de Kiev para Xangai.

Mas quando, num ministério como o MNE, se despacha e põe a referendo, no dia 4 (13:15), uma lista de contactos...

1 - que dá Vasco Bramão Ramos em Viena, tomando este posse como DGPE nesse mesmo dia e minutos antes, nas próprias Necessidades...
2 - que nem sente nem se ressente de que Pedro Adão tenha falecido em Goa, uma semana antes...
3 - que declara que Duarte de Jesus é cônsul-geral num simples consulado (o que o poder de um carro provoca)...
4 - que estipula que Óscar Filipe não foi afastado de Roterdão...
5 - que abate Vítor Sereno por não estar em lado nenhum, sumiu...
6 - que humilha Rocha Páris a sair de embaixador no Vaticano, apeado pelo n.º dois Chrystêllo Tavares...
7 - que omite a Embaixada em Varsóvia, talvez por medo de Margarida Figueiredo nada indulgente para iliteratos...
8 - que desconhece Francisco Ribeiro Teles em Luanda...
9 - que ignora Graça Andresen Guimarães na Cidade da Praia...
10 - que extingue o posto de Estugarda, aliás reestrutura e junta, nesse destino, a Clermont, Durban, Nantes, Órleans, Tours, Córsega, Osnabrück, Sion, Windhoek, Léon, Miami, Orense, Rouen, Waterburry...
11 - que não se apercebe de que há postos sem diplomatas sendo dos Serviços Externos e que precisam de telefonar para Kiev ou Xangai...
12 - que acha dispensáveis os contactos com consulados honorários, essa casta inferior...
13 - que nem deu por João de Vallera ter rendido Pedro Catarino em Washington...
14 - que não sabe que José Caetano da Costa Pereira é já de Berlim...
15 - que nomeia por apelido Marcelo Vautier Mathias, embaixador em Atenas...
16 - que ignora João Caetano da Silva em Caracas...
17 - que faz Pedro Bártolo refém em Televive, impedindo Josefina Carvalho...
18 - que sugere que Luís Cristina de Barros não dá lugar a Vera Fernandes em Adis Abeba...
19 - que elimina a Embaixada em Bogotá, o que é isso de Augusto Peixoto?...
20 - que põe Kiev e Xangai em dúvida sobre se o PR nomeou Almeida Ribeiro para o Cairo...
21 - que desconhece existir uma Delegação junto da NATO, não sendo Manuel Tomás Fernandes propriamente um lapso...
22 - que ignora a Representação Permanente em Genebra, e claro, Xavier Esteves...
23 - que... muito mais a merecer casa de correcção...

Que Ministério é este? Que não lê os decretos presidenciais, nem se apercebe do Acto no andar de baixo (tão longe como Kiev, para iliteratos), quanto mais no de cima (Xangai, com aquele alfabeto, então!) ou mesmo ao lado já contagiado pela iliteracia que deputa correcções e delega melhoramentos?

05 dezembro 2006

Assim se faz uma circular no MNE. E se põe a referendo a interrupção voluntária da sensatez

Circular quadrada. Avaliem, se fazem favor, a qualidade a que chegaram os serviços centrais do MNE - serviços centrais salvo seja, trata-se da Direcção de Serviços de Administração Patrimonial do Departamento Geral de Administração, verdadeiro comboio a vapor do século XIX. A 4 de Dezembro foi distribuida uma circular pelo mundo fora, circular essa que, em boa verdade, põe a referendo uma lista de contactos dos Serviços Externos do MNE que, antes disso, devia ter sido referendada, com profissionalismo, nas Necessidades - um serviço central não pode nem deve ignorar o que ocorre nos próprios serviços centrais. Por ora, trancreve-se a circular:

De: Inventario SE
Enviada: segunda-feira, 4 de Dezembro de 2006
Assunto: Lista telefónicas - pedido de indicação de horário de funcionamento dos postos

Junto se enviam listas telefónicas com a indicação de Chefe de Posto. Agradece-se correcções e comentários. É provável que existam lapsos e melhoramentos a fazer (designações, categorias etc).

Um funcionário sugeriu que a lista contivesse a informação com o horário de funcionamento e atendimento dos postos. De facto, por desconhecer o horário e a diferença de fusos horários, por vezes perde-se algum tempo a tentar fazer uma ligação de Lisboa para Kiev ou Xangai, que só passado 2 horas seria possível.

Tal sugestão parece inteligente e pertinente, pelo que muito se agradeceria a indicação do horário de funcionamento dos postos até ao fim do ano, para que em 2007 a lista tenha e possa dar mais e melhor informação.

Pedia para ser indicado o horário de funcionamento a diferença horária face a Lisboa.

Por exemplo: Horário de funcionamento
Abertura : 8.00 Fecho 17.00 (almoço das 12.00 às 14.00)
Diferença horária face a Lisboa + 5 horas
ou
Abertura: 8.00 Fecho 15.00 (não encerra para almoço)
- 12 horas e 30 minutos

Aproveita-se para dar as Boas Festas e agradecer a Vossa colaboração.


E anexa-se a isto, uma lista de contactos dos Serviços Externos do MNE de que falaremos oportunamente. Por ora, é suficiente avaliar a circular quadrada.

China/Liberdade de expressão. Nova regulamentação. Ide e entrevistai à vontade, por dois anos

Nunca se sabe. Talvez seja oportuno comunicar à Embaixada de Portugal em Pequim que há nova regulamentação chinesa sobre actividade dos jornalistas estrangeiros no país, em função dos Jogos Olímpico de 2008 – entre 1 de Janeiro de 2007 e 17 de Outubro de 2008 – portanto, 21 meses e meio – os jornalistas estão dispensados de qualquer autorização prévia para conduzirem entrevistas na China.

Alemanha assume, a Portugal cabe... EU-África, EU-Mercosul... É de adormecer

Contar carneiros. Outrora, para se adormecer no MNE, contava-se carneiros... Agora, não admira que meio-país já esteja a dormir sem essa incómoda e lãzuda contagem - vai já em 879 a repetição nos comunicados oficiais de que "a Alemanha assume funções a 1 de Janeiro, cabendo a Portugal o segundo semestre de 2007". Mas, enfim, bons sonhos.

Mas oxalá que Manuel Lobo Antunes não repita mais vezes o breviário que entoou ontem para a imprensa estrangeira e que se ficou a saber pela ressonância portuguesa - «os pontos relevantes da agenda da presidência portuguesa são a segunda cimeira EU-África e um novo impulso nas negociações UE-Mercosul». É que se o sono não resultar com tais relevâncias, há pela certa pesadelo.

É que não se sai disto.

Antecedência e preparação. Um exemplo

Contraste diplomático. Diz, por exemplo, hoje o Foreign Office que Mr Tim Torlot has been appointed Her Majesty's Ambassador to the Republic of Yemen in succession to Mr Michael Gifford who will be transferring to another Diplomatic appointment, e que Mr Torlot will take up his new appointment in July 2007. Portanto, Tim Torlot fica com oito meses para se inteirar do Yémen, estudar alguma coisa do Yémen, sabendo, com antecedência razoável que vai para o Yemen e não haverá trocas, nem atropelos inesperados...

Vaticano. Bispo argentino para São Tomé

Sensibilidade. O Vaticano na mais santa das calmas, como diria o embaixador Rocha Páris, acaba de nomear um bispo argentino para São Tomé – o Mons. Hugo Santiago, nascido em 1954 em Maria Juana (Argentina), e até agora vigário da diocese de Rafaela.

Helsínquia. É uma Embaixada Portuguesa, com certeza, sem site sobre a mesa


A bandeira não engana. A Embaixada de Portugal em Helsínquia é como se vê. Localizada na Itäinen Puistotie 11 B. Embaixador, o Ministro Plenipotenciário de 1ª classe João da Silva Leitão. Correio electrónico: emb.port@portugal.fi e telefones + 3589-682 4370 (Geral), + 3589-682 43715 (Gab. Embaixador) e + 3589-682 43713 (Secretário de Embaixada).

O ICEP está instalado na Portugalin Kauppa - ja Matkailutoimisto (Runeberginkatu 29 A 16), correio electrónico icep@icep.fi, telefone + 3589-434 2710, mas sob a coordenação da Delegação em Estocolmo.

A missão portuguesa na Finlândia não dispõe de site, impensável nos tempos que correm e na Finlândia, onde, segundo chegou a constar, fomos recolher lição e exemplos!

Movimento. Cargo e Postos a preencher.

Para já. Nada de oficial e confirmado quanto a Inspector Diplomático e Consular. Mas há postos a terem que ser preenchidos em breve: Viena (CM), Washington (CH/Adjunto), São Paulo (CG), Nº 2 na OSCE (tendo em vista a Presidência UE), Tripoli (CM), Bagdad (CM) e Roma (Nº 2).

04 dezembro 2006

O que disse Bramão Ramos. Falta pessoal e recursos para a Presidência/UE

No essencial. O novo Director-geral de Política Externa, Vasco Bramão Ramos em resposta ao ministro (intervenção circunstancial) fez um discurso que a generalidade dos diplomatas presente considerou muito bom. VBR não se furtou a referir as dificuldades que o esperam decorrentes da falta de pessoal - "menos de metade do que na anterior Presidência nossa da UE" - e a falta de recursos financeiros. E, sem ser critico, mas apenas realista, VBR prometeu fazer o que puder apesar de tudo, com referências de apoio aos seus futuros serviços. Mas, uma fortissima critica subbentendida ao ex-ministro Martins da Cruz, para quem quis ou soube ouvir - sem o mencionar, mas toda a gente percebeu. Carismático, com a autoridade da competência que se lhe reconhece, VBR poderá apagar rapidamente a figura do Secretário-geral - é o que se diz, e de pouca gente se admira.

Com valor corrente. Três notas do MNE sobre idas e vindas

Poderia ser tudo dito numa nota só. Mas três notas num só dia, lá animam a chancelaria.

1.ª - Que o MNE Luís Amado se desloca a Berlim (amanhã, 5) para uma reunião com os homólogos alemão e esloveno, para a finalização do projecto do Programa que a Presidência da UE irá adoptar no próximo ano e meio, a ser discutido no Conselho de Assuntos Gerais (Bruxelas, dia 11)

2.ª - Que há que tratar de acreditações de jornalistas pois Sócrates participa na IX Cimeira Luso-Marroquina (Rabat e Casablanca, dias 18 e 19) acompanhado por Luis Amado, Teixeira dos Santos, Manuel Pinho, Mário Lino e Isabel Pires de Lima.

3.ª - Que Alpha Oumar Konaré, presidente da Comissão da União Africana, visita Lisboa de amanhã até dia 7. Conversações com Cavaco Silva, Jaime Gama, Luis Amado, João Cravinho. Temas normais de agenda: alargamento do Conselho de Segurança e reforma da ONU, e a cimeira UE-África almejada para 2007. Alpha Oumar Konaré assina um Acordo de Cooperação entre UA e o Instituto Camões (apoio à secção de Língua Portuguesa do Centro de Línguas da UA) e vai estar na CPLP para assistir a reunião extraordinária do Comité de Concertação Permanente.

Abrir e fechar portas em Belém. Como o Estado agradece!

E agora isto, a propósito dos que passam por Belém e que, apenas por passarem, são promovidos, ultrapassam, condecoram-se, atropelam, curvam-se, voam, lacrautizam-se…

O juiz e poeta satírico Sanches da Gama, uma das mais viperinas - mas sempre justas e oportunas - línguas do Chiado, dedicou os seguintes versos, na década de 40, a Carvalho Nunes, (da Casa Militar e do protocolo de Carmona no Palácio de Belém), a propósito de mais outra condecoração que recebera na época:

Foi em Tânger, foi em Tunes,
Que tu ó Carvalho Nunes
recebeste essas medalhas
que no teu peito comportas?
Não! Foi por 'star em Belém.
a abrir e a fechar portas!...


Esta quintilha ouviu-a AntónioValdemar a Assis Esperança, homem de bem e grande, mas penalizado romancista natural do Algarve cujo «Pão Incerto» ou mesmo «Fronteiras», podem ainda chegar às mãos de Cavaco. E isso foi ouvido na Tertúlia da Veneza, que nós também conhecemos.

Bramão Ramos, Margarida Figueiredo. Tomaram posse. Oficialmente, nada do MNE

Orgânica Nova. Hábitos antigos. O Director-geral de Política Externa, Vasco Bramão Ramos, e a Directora-geral dos Assuntos Técnicos e Económicos, Margarida Figueiredo, tomaram hoje posse nas Necessidades. Bramão Ramos, pelo que NV sabem, fez um excelente discurso sem papel (lá daremos conta disso). Deploravelmente o MNE fez silêncio sobre um acto desta grandeza – silêncio oficial, entenda-se – certamente confiado nas caixas de ressonância em que a comunicação social portuguesa se converteu, como se estas suprissem por si só aquilo que é dever e obrigação do Estado, não só perante os cidadãos, mas também face às chancelarias acreditadas em Lisboa e que não são poucas.

Com continuados procedimentos desta natureza por parte do MNE ou da sua máquina, quanto a actos importantes das Necessidades, e a posições oficiais sobre temas internacionais, certamente sem querer (estamos longe de pensar que o ministro Luís Amado tenha dado instruções para silenciar…), vai-se assim apoucando a diplomacia e a política externa portuguesa, reduzindo-a aos horários de partida do ministro para aqui ou para acoli e, de quando em vez, a alguma viagem de secretário de Estado mais zeloso por algum protagonismo internacional pífio, que sendo viagem normal de Lineu se propagandeia como acto de excepção diplomaciosa a que pouca gente liga. Diplomaciosa, é a palavra.

Ora, pela nova cartilha, caberá a Bramão Ramos assegurar a coordenação e decisão dos assuntos de natureza político-diplomática, incluindo a Política Externa e de Segurança Comum (PESC) e a Política Europeia de Segurança e Defesa (PESD), bem como dos assuntos no domínio da segurança e defesa, e executar a política externa portuguesa no plano das relações bilaterais e no plano multilateral de carácter político. Portanto, não é um responsável qualquer. É um alto responsável.

E caberá a Margarida Figueiredo dar efectividade e continuidade à acção do MNE no plano internacional bilateral e multilateral no que respeita a todos os assuntos de carácter económico, científico e técnico. Também isto não é uma coisa qualquer e sem importância que o MNE não tivesse a obrigação de relevar e pela via oficial. Uma coisa é a discrição – coisa boa desde que seja a negação do barulho populista dos antecessores de Amado – , outra coisa é a lassidão, o deixar andar e a falta de atenção e respeito do poder público que é erva daninha de qualquer quintal.

Nada disto tem a ver com o que confiadamente a Lusa ainda hoje canonicamente narre, o Público amanhã registe na coluna direita, o DN faça info-eco, ou o Correio da Manhã destaque apesar de a posse de um novo DGPE não seja o assassinato do anterior, não há sangue. E claro também que um acto deste género não é uma romaria, nem uma festa e muito menos um derby que faça as delícias de um público cada vez mais embrutecido pela overdose de ecrã das delícias, mas é um acto que, secundarizando-se o simbolismo, tem a carga de inegáveis razões de Estado.

É que será Bramão Ramos quem irá normalmente receber, e eventualmente chamar os embaixadores acreditados em Lisboa, oxalá que sempre por bons motivos, e passará por Margarida Figueiredo o impulso a dossiers em que Portugal se revela efectivamente atrasado, quer interna quer externamente. O acto que hoje decorreu nas Necessidades não justificava obviamente ter-se chamado a Banda da Armada do Alfeite, mas também não se entende que tenha sido tratado como qualquer coisa a toque de caixa.

Ler Notas Formais ISTO e ISSO

Londrina/Paraná. Novo consulado honorário

Nem tudo fecha. O embaixador Francisco Seixas da Costa, inaugurou (2 Dez) as instalações do Consulado Honorário de Portugal em Londrina (meio milhão de habitantes), na presença do Prefeito desta cidade do Estado do Paraná. O consulado cobre o norte e o noroeste do Estado e fica confiado a António Lourenço Martins, prestigiado jurista português há muito residente na cidade.

Preso com clips. Ainda Macau.Pareceres escondidos e «traições»...

Jogos de Macau.Amílcar Feio, antigo coordenador-adjunto do Gabinete para os Assuntos Legislativos de Macau, em emtrevista a João Paulo Meneses/Ponto Final, num dos mais polémicos temas do território (o imposto profissional), acusa Pereira Coutinho, presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) de que «escondeu nos armários da ATFPM os pareceres dos professores portugueses Jorge Miranda, Gomes Canotilho e Alves Correia» e critica Martins da Cruz nos termos que se seguem:

Ponto Final – Como classifica o papel de Portugal, nomeadamente do Ministério dos Negócios Estrangeiros?

Amílcar Feio – Pelo que li e ouvi, tive, e continuo a ter, “vergonha” por ter sido “representado” pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros da altura e pelo Secretário de Estado das Comunidades que então foram à RAEM. Do que secretamente trataram não sei, apenas conheço o resultado: dobraram a cerviz perante a grosseira violação à Declaração Conjunta Luso-Chinesa sobre a questão de Macau. Do famigerado Sr. Ministro veio a saber-se das trapalhadas em que se meteu e que levou à sua demissão do Governo e que por isso passou para a história como o Martins da “cunha”. Num outro plano, ele que era assessor diplomático do Primeiro Ministro, e actual Presidente da República, em 1987, não percebeu pelo relacionamento com outras pessoas de diferentes culturas e civilizações que não se dando ao respeito nunca seria respeitado?! Ou será que não lhe serviu de nada o curso de Direito e a História Diplomática? E porque considerou, em entrevista à revista Visão de Abril de 2003, que “é fundamental a imagem que os outros têm de nós”, sempre direi que neste caso, com as devidas adaptações, poderá passar para a história no século XXI com a imagem do Miguel de Vasconcelos de há 366 anos no palácio real.

Tudo AQUI

Patriotismo económico... Pode dar debate

Patriotismo económico. Chamam a atenção de NV para uma entrada na Wikipedia sobre o conhecido "patriotismo económico" lançado, há tempos, como eixo estratégico pelo Primeiro Ministro Dominique de Villepin e pelo deputado Bernard Carayon . É uma debate possível. Ver AQUI
Mas há coincidências - temos entre mãos precisamente um ensaio de Bernard Carayon, Patriotisme Éonomique (Editions do Rocher), edição recente. Carayon, um advogado de 48 anos e deputado da UMP, contraria a tese dos defensores mais entusiastas da mundialização segundo os quais a abertura dos mercados conduzirá à desaparição dos Estados-nações. Diz o autor que, depois da Guerra Fria, a guerra económica «que não tem rosto» é feita de todas as maneiras: entre empresas e entre Estados, no âmbito das organizações internacionais governamentais e não-governamentais, pela da pilhagem tecnológoca, do dumping fiscal e social, ou pelo recurso a processos de desestabilização - com uma brutalidade jamais esperada e por métodos muitas vezes ardilosamente dissimulados. Carayon afirma que nem a França nem a Europa estão suficientemente preparadas para enfrentar esse «capitalismo em guerra», e é aí que entra o «patriotismo económico» que ele crê como uma verdadeira ética de acção à dimensão de uma nova era económica: a dos pós-liberalismo.

Dos Notadores. Promoções. Como é?

Pesos e medidas. Do Notador A.S.:
«Agradeço a atenção de NV para as promoções a full Ambassador. Só sei que há algumas cinco promoções para ministros de primeira antigos, que não prejudicam ninguém - trata-se de uma carreira, onde quem tem o suficiente mérito acaba por ser promovido - e há a do 46.º ministro de primeira classe Morais Cabral, que não tendo tido nenhuma responsabilidade de chefia, excepto Telavive, chega ao topo da carreira. Em Telavive também foi Chefe de Missão o Pedro Bártolo e agora, com a mesma categoria segue para número dois na REPER.

A.S.
Vamos ver.

03 dezembro 2006

Para sossego de Ribeiro e Castro. Rumsfeld vaticinou regresso de Portas em 2030

Faltariam 24 anos. Se fosse verdade. Verdade, pelo extracto da entrevista colectiva de Donald Rumsfeld e Paulo Portas, a 18 de Junho de 2002, em Washington, transcrição do Departamento de Defesa dos EUA:
(...)
Rumsfeld: O ministro e eu fomos eleitos para cargos legislativos quando tínhamos cerca de 30 anos.
Portas: (Risos)
Rumsfeld: E o ministro e eu fomos nomeados ministro e secretário da Defesa quando tínhamos cerca de 40 anos. Portanto, para os jovens que estão aqui, quero alertá-los de que poderão ver este cavalheiro de volta em 2030. (risos)
Portas: (Risos) E o encontrarei como secretário da Defesa pela terceira vez! (risos)
Rumsfeld: (Risos) Isso não – (risos)
Portas: (Risos)
(...)

A entrevista colectiva, de resto, de novidade apenas trouxe este vaticício e os risos. O resto foi uma declaração chapa 1 de Portas sobre Portugal/EUA/NATO que se repete há décadas e respostas de Rumsfeld a questões da política norte-americana.

Voos da CIA. E o MNE de então não tomou conhecimento?

Essencial. Os esclarecimentos da eurodeputada Ana Gomes, naturalmente que são relevantes, não pelo acessório mas pelo essencial. E o essencial é que, de uma vez por todas, se esclareça se ou como Portugal foi usado, e se alguém, nesse quadro, eventualmente abusou. Em matéria que, de resto, deveria ser por princípio do conhecimento das Necessidades de então. Para tal esclarecimento, é obviamente importante que os responsáveis governamentais da época apresentem as suas versões à comissão de inquérito – não são menos nem mais do que os da Polónia e da Roménia,e a justificadissima luta contra o terrorismo organizado à escala internacional exige antes de tudo que não se dê pretextos. Não se entende pois como é que Paulo Portas (na foto, quando condecorado por Rumsfeld) e Figueiredo Lopes poderão ser isentados do esclarecimento. Porquanto, segundo Ana Gomes:

1 - A Comissão Temporária do Parlamento Europeu quer na Polónia, quer na Roménia, foram pedidos - e tidos - encontros com anteriores ministros e chefes de serviços secretos, sem antes se saber se actuais responsáveis declinariam ou não os convites da Comissão.

2 - Na Roménia houve encontros com quatro ex-responsáveis: Dan Vulcan - ex-Inspector Chefe da Aviação Civil do Ministéerio dos Transportes; Radu Timofte - antigo Director dos Serviços Internos de Informação; Ioan Talpes - ex-Director do Departamento de Seguranca Nacional da Presidencia e actual Senador; e Gheorghe Fulga - ex-Director dos Serviços de Informação Externa. Na Polónia também foram pedidos encontros com 4 antigos responsáveis, incluindo 2 ex-ministros, Jerzy Szmajdzinkski e Zbigniew Wasserman.

3 - A audição de ex-governantes portugueses teve por fundamento a análise dos últimos dados fornecidos pelo Governo português à Comissão, incluindo formulários de tráfego de vários voos.


4 - Tais voos envolveram pernoitas ou estadias de vários dias em aeroportos portugueses - incluindo o aeroporto civil/militar das Lajes - para destinos suspeitos, como Guantanamo, Libia, Rabat, Amman, Alger ou Kabul, de aviões civis particulares, todos com acesso regular a bases militares americanas... Voos em que, de acordo com os respectivos formulários de tráfego, houve passageiros, em muitos casos controlados pelo SEF e DGA. Voos que, em 80 por cento dos casos, se realizaram em 2002, 2003 e 2004.


Rodapé. Refira-se que - transcrevendo-se propositadamente do Wikinews - «O ex-ministro da Defesa de Portugal, Paulo Portas, foi condecorado dia 4 de Maio (2005) no Pentágono pelo secretário da Defesa dos Estados Unidos da América, Donald H. Rumsfeld. A condecoração é um reconhecimento do governo americano à liderança e bons serviços prestados por Portas em conflitos na Bósnia, Kosovo, Timor Leste, África, Afeganistão e Iraque. É a primeira vez que um ministro da Defesa português recebe a medalha, dificilmente dada a estrangeiros». Dois dias depois, a 6 de Maio, este facto já estava registado no Wikinews, supostamente por alguém registado em São Paulo, com base na Lusa, Público e Expresso de 3 de Maio... Eficiências da informação portuguesa em São Paulo.

02 dezembro 2006

Voos da CIA. Paulo Portas e Figueiredo Lopes

Fonte directa. Sobre o caso da investigação sobre os voos e prisões da CIA, com a delegação da Comissão Temporária do Parlamento Europeu a visitar Portugal (6 de Dezembro) no, pelos vistos, justificado desejo de ouvir os ex-ministros Paulo Portas e Figueiredo Lopes, é de ler os esclarecimentos de Ana Gomes AQUI