31 janeiro 2007

MNE indonésio na BBC/HARDtalk. Notável entrevista de Stephen Sackur

Espalhou-se. Hassan Wirajuda, chefe da diplomacia da Indonésia, passou as passas do Algarve no Hardtalk da BBC, confrontado pelo jornalista Stephen Sackur (foto ao lado) com as matérias de direitos humanos, democracia e combate ao terrorismo.

Há portugueses que mereciam passar pelo Hardtalk e com urgência.

Voos. Ordens de captura em Munique

Começa. O Ministério Público de Munique emitiu ordens de captura em nome de 13 alegados elementos da CIA implicados no sequestro do alemão de origem libanesa Khaled El Masri, que foi transportado num dos voos com escala em aeroportos europeus. Ler notícia do Público

Condenação do Holocausto. Poupança nas declarações oficiais

A Assembleia Geral da ONU adoptou (dia 26) por consenso com reservas do Irão, a resolução que condena a negação do Holocausto, resolução apresentada pelos EUA em nome de 103 países. A Alemanha falou pela UE, em Nova Iorque, mas as principais chancelarias europeias não deixaram de saudar a resolução. Portugal, nada. Temos mais em que pensar.

Curiosamente, o representante do Irão, Hossein Gharribi, justificou as reservas do seu país apenas pelo texto não referir o que aconteceu em Hiroshima, Nagasaki, nos Balcãs e no Ruanda... Progresso mental que, oxalá - vindo o nosso oxalá de onde vem, beneficie o embaixador de Teerão em Lisboa.

A ONU criou um site de documentação sobre o Hollocausto com a finalidade de ajudar os Estados membros em programas educativos sobre a matéria. Mas isto, em Portugal, deve ser o mesmo que chover no molhado porque, pelos vistos, em cada esquina há um Aristides de Sousa Mendes...

Contra a pena de morte. III Congresso Mundial, Paris

Em Paris, o III Congresso Mundial contra a Pena de Morte, de amanhã até dia 3. O congresso decorre na cidade internacional universitária, sob o alto patrocínio de Chirac e de Angela Merkel.

A China, como se vê. Pouco de substantivo, no plano político-diplomático

Medo Continental. O diálogo politico-diplomático de Portugal com a China devia estar num patamar muito superior ao que revela, não ficando refém de acordos pontuais e em larga medida dependentes de condições terceiras, como o que envolve o acordo assinado entre a Moat-Engil e o Nan Kwong Group para a plataforma do Poceirão. Aliás, este acordo faz recordar um outro do mesmo tipo e objectivos que a Índia e Portugal concertaram no plano instrumental mas que Portugal não concretizou por pressões de países da União Europeia – sempre a hegemonia do porto de Amesterdão em causa e o susto de alguns comunitários parceiros por Portugal poder ganhar asa comercial e económica. Lisboa vergou-se então a tais pressões inacreditáveis, e, pior do que faltar à palavra, deixou cair a palavra. E aqui está a importância do patamar político-diplomático que, no caso da Índia, Portugal nunca elevou ao grau conveniente, com visão e vontade estratégica, julgando que a consciência obtém ressarcimento com lirismos históricos e polémicas tumulares em torno de Afonso de Albuquerque. O que é que uma coisa tem a ver com a outra?

É sintomático que, por exemplo, Quartin Santos chegue a Pequim e repita o mesmo que todos os seus antecessores traçando essa grande e principal prioridade de «Portugal ganhar visibilidade na China». Seria mais importante indagar porque é que não a ganhou ainda, identificar o problema e dar-lhe solução eficaz, coerente. Não basta declarar declarações que já foram declaradas até à exaustão declarativa. Se, algum dia, os embaixadores que passaram por Pequim tivessem sido convocados por Amado, numa jornada de reflexão sobre as relações luso-chinesas e o rumo que elas devem levar, por certo o problema viria ao de cima com autoridade profissional e não apenas política e as soluções abundariam para se escolher uma, a melhor, a de patamar diplomático qualitativamente mais elevado e com garantias de eficácia política.

Mas para além da agenda ter sido mal pensada, a viagem de Sócrates não sugere que tenha havido esse trabalho, acontecendo o que, fora da viagem, poderia ter acontecido. O esquecimento da Ásia por LA, no seminário de reflexão do MNE, foi disso sinal, por certo involuntário mas sintomático. Já é tempo de Portugal perder o medo continental que a Espanha lhe infunde em benefício próprio, e que as hegemonias marítimas da UE impõem com poses que reduzem a política externa comum ao pecado do hipócrita.

CARTA DO CANADÁ. Fernanda Leitão. Caso para pensar

A CASA DA MÃE JOANA

Fernanda Leitão

Maher Arar é um sírio que escolheu viver no Canadá por acreditar que este país respeita os Direitos do Homem. Estabeleceu-se em Otava, casou com uma senhora do seu país de origem, tem dois filhos e obteve a cidadania canadiana. Engenheiro de telecomunicações, depressa obteve sucesso nessa carreira. Parecia estar realizado o sonho do jovem sírio.

Mas tudo se quebrou e desfez em Setembro de 2002 quando, ao fazer escala num aeroporto dos Estados Unidos, foi preso pela polícia local, histérica com o seu nome, a sua barba, o seu país de origem e, principalmente, a confirmação dada pela Real Polícia Montada do Canadá quando lhe foi perguntado se o portador daquele passaporte era ligado ao Al-Qaeda. De pronto, como quem se desfaz de um trapo, a polícia americana deportou Mahar Arar para a Síria, apesar de o acusado sublinhar que ali correria perigo de vida por se opor ao regime local. Esteve mais de um ano preso na Síria, torturado, mal tratado, sempre à espera de ser morto pelos seus algozes. Isso só não aconteceu porque sua mulher, a aparentemente frágil Moira, saltou obstáculos, congregou apoios, alertou o governo canadiano da altura, o do liberal Paul Martin. As autoridades canadianas não largaram o governo sírio até o seu cidadão regressar a Otava. Regressado, Arar procurou apoios e contratou um advogado, iniciando um implacável processo de esclarecimento dos factos e de reabilitação do seu nome. A revolta de todo o país transformou-se em apoio, em exigência democrática de explicações. O comandante da Real Polícia Montada, Giuliano Zaccardelli, negou perante as autoridades judiciais ter dado essa informação à CIA. O governo de Martin foi substituído pelo governo conservador, e minoritário, de Stephen Harper, um seguidor ostensivo de Bush e das suas políticas e, por isso, Maher Arar e o país em geral, esperaram o pior.

Não foi assim porque o Canadá é uma monarquia parlamentar que conta com todo um dispositivo de vigilância sobre os governos e, portanto, de defesa do povo. O aparelho de justiça seguiu em frente, cortou a direito. Zaccardelli que acabou por reconhecer ter mentido, assim assumindo que a falsa informação sobre Arar saíu da sua corporação. À mentira juntava-se o abuso inqualificável de entregar um cidadão nacional à polícia de um país estrangeiro. Encostado à parede, Zaccardelli pediu a demissão, saíu de cena sem honra nem glória. A justiça canadiana concluíu pela inocência de Maher Arar. Logo de seguida, Arar processou o estado canadiano exigindo que o governo lhe pedisse desculpa e uma indemnização de doze milhões de dólares pela sua carreira profissional destruída, pelo seu nome enxovalhado, pela prisão e torturas, pelo sofrimento da mulher, dos filhos, e dos seus próprios pais e irmãos. Os olhos de todo o país ficaram colados ao primeiro ministro Harper quando o tribunal deu razão às exigências de Arar. O empertigado Harper, tão colaço de Bush, tão concordante com a guerra do Iraque, tão ferozmente contra o protocolo de Kioto, ficou entre o muro da opimião pública canadiana e o barranco em que o seu ídolo está metido.

E foi, recentemente, o golpe de rins: o primeiro ministro pediu desculpa e ordenou o pagamento. Sem ninguém lhe pedir mais nada, até se apresentou como defensor do meio ambiente...

O pano desceu sobre este drama quando, dirigindo-se a todo o país pela televisão, Maher Arar, olhando bem de frente, agradeceu o apoio que recebeu de todos os pontos do país e disse muito claramente: “tenho orgulho de ser canadiano”. Bem pode ter orgulho de um povo que não quer ver o Canadá transformado na Casa da Mãe Joana.

Segundo tenho lido e ouvido, também a embaixadora Ana Gomes, actualmente eurodeputada, não quer que Portugal se transforme na Casa da Mãe Joana e exige que seja esclarecido esse embróglio dos aviões da CIA que pousaram em aeroportos portugueses para transbordo de prisioneiros islâmicos que permanecem sem julgamento e sujeitos ao mais vil tratamento.

A diplomata exige também que se apure o célebre escândalo do “petróleo por comida”, através do qual, a coberto da ONU e com os propósitos humanitários do costume, uns cidadãos portugueses fizeram belos negócios. Como todos nós, deste lado do mundo, a compreendemos e acompanhamos! Mas inquietos, muito inquietos, porque Portugal continua, como se diz em jargão político, deficitário em justiça e governos isentos, para descanso e impunidade de Barrosos, Portas, Figueiredos, Lopes e outrões varões assinalados...

Consulado em Sevilha. Requerimento ao Governo

«Colossal erro estratégico». O deputado Mendes Bota questiona o Governo sobre o encerramento do Consulado de Portugal em Sevilha, sublinhando que esse posto é «financeiramente rentável, pois as receitas são cinco vezes superiores aos custos de funcionamento». O deputado afirma que o encerramento do consulado «é um colossal erro estratégico» e argumenta que «tem um intenso movimento, não só no apoio a cidadãos portugueses, mas também no apoio a cidadãos de outras nacionalidades, sobretudo a brasileira, que trabalham em Portugal, mas ali se deslocam por ser o posto consular mais próximo das suas residências». Sevilha, recorde-se, fica a 140 Kms do Algarve. Mendes Bota aduz que o edifício «custa zero» ao Estado português, privilegiadamente localizado em frente da antiga Fábrica do Tabaco, hoje Faculdade de Direito e de Filosofia e Letras, constituindo verdadeiro «património da presença nacional».

Registe-se que o edifício do consulado, propriedade do Estado, é por regra apresentado pela Andaluzia como ex-libris da presença internacional em Sevilha. Comentaremos.

45 Embaixadas em Lisboa sem sites. Apenas 32 têm páginas oficiais

Missões diplomáticas com sites, são referenciadas em NV a partir de hoje.

O panorama não é brilhante. Apenas 32 das 77 missões diplomáticas sedeadas em Lisboa dispõem de páginas oficiais na internet. As embaixadas dos restantes 45, entre as quais as de Estados da UE (Áustria, Hungria, Irlanda e Luxemburgo entre outros países) ou outros relevantes para Portugal (Suíça, Noruega, Argentina, Ucrânia...), revelam-se relutantes a esse recurso cada vez mais insubstituível, quer para informação e apoio a nacionais, quer para projecção e afirmação das respectivas políticas externas. Na área lusófona, apenas as missões do Brasil e Angola têm visibilidade.

Notas Verbais, a partir de hoje, colocam links (coluna à direita) para as embaixadas permanentes na capital portuguesa com a indicação do nome do embaixador acreditado (basta colocar a seta dois segundos sobre o país para o nome do diplomata surgir em legenda). Em momento oportuno colocaremos links para páginas autónomas de consulados estrangeiros, embora constem nos sites dos respectivos países, como são os casos de Angola e Brasil.

Às missões sedeadas em Lisboa há que juntar mais 73 embaixadores acreditados mas residentes noutras capitais, o que perfaz um total de 150 Estados com relações diplomáticas directas com Portugal. Dessas missões sedeadas noutras capitais, apenas 20 dispõem de páginas oficiais, na generalidade sem qualquer referência a Portugal, por mínima que seja.

30 janeiro 2007

Sinais dos tempos. El Poder Popular y la Opinon

Separação de poderes. Para que se saiba, na Venezuela, aquela maioria absoluta já fez da Casa Amarela o

MINISTERIO DEL PODER POPULAR PARA RELACIONES EXTERIORES

E dentro desse poder, há uma máquina que já se chama

DIRECCION GENERAL DE INFORMACION Y OPINION

Em Caracas são claros.

Pergunta da noite. Aquele «esquecimento» de LA

Porquê? E com esta ida de Sócrates à China, depois da ida de Cavaco à Índia, vem à memória aquele completo «esquecimento» de LA no seu discurso do seminário diplomático. O Ministro esteve quase bem, mas falhou num ponto importante - a Ásia, que ficou de lado, esquecida! O que escandalizou e, sobretudo, espantou muitos dos diplomatas. China, Índia, Japão, Coreia, Tailândia... fora das considerações na véspera de uma viagem presidencial ao colosso indiano e a um mês da viagem do PM ao colosso chinês, China e Índia que, aos poucos, estão a ocupar o espaço da UE em África, por exemplo ? A que terá ficado a dever-se essa grande distracção de LA?

29 janeiro 2007

Consulados. Ambiente turvo no MNE

Não vale a pena escamotear - a redefinição do mapa consular já criou um ambiente turvo no MNE. Primeiro, porque não se trata de uma reforma consular - reposição ou realinhamento da carreira consular que já existiu e foi dissolvida, reformulação de objectivos, harmonização de meios com as imperiosas necessidades do Estado nas matérias que as convenções de Viena atribuem aos consulados e apenas aos consulados, e, acima de tudo o repensar do perfil e procedimentos dos agentes consulares - , mas trata-se apenas de uma redefinição de mapa em função de critérios de poupança. Parece estar em causa apenas gastar menos sem se admitir, à partida, se ou como se poderia ganhar mais. Com o debate centrado apenas na redefinição do mapa sem efectiva intenção política de reforma, o ambiente turvou e está turvo, como se verificou por ocasião do seminário diplomático. Assim, aos que têm argumentação aceitável para dizerem que temos demasiados e maus consulados, dir-se-á que com a redução, pelos critérios apresentados, apenas conseguiremos ficar com menos mas igualmente maus consulados.

Sem dúvida que em Vigo e em Sevilha (Morais Cabral tem nisto razão) e em Milão (Vasco Valente igual razão nisto tem), para citar apenas três exemplos, o Estado devia ganhar mais com os consulados que lá têm existido, o que não seria difícil com uma reforma consular adequada que tarda e que ninguém conseguiu politicamente erguer.

Com o episódio dos conselheiros aconteceu o mesmo - em vez da criação da carreira, redefiniu-se apenas o mapa e foi o que se viu, em arranjos mais duvidosos que os arranjos que supostamente se pretendia «reformar». Não se reformou nada, e mesmo a bandeira dos concursos públicos nem sequer subiu a meia-haste que é onde as bandeiras sobem quando as reformas nacionais falecem.

Corredores. Alberty Tavares de Carvalho... São Paulo

Quem decide ainda não revelou, mas quem faz correr garante que está decidido: Fernando António Alberty Tavares de Carvalho para o Consulado Geral em São Paulo. Vai dar em novas epístolas... São Paulo não é Saravejo.

Dos Notadores. Oil for food. Mal da memória que tenha R.I.P.!

Do Notador Eye de Belfast:

«Notas Verbais ao levantarem esta questão do Oil for Food, recordam o testemunho de Ana Gomes mas também deveriam recordar as perguntas de António Duarte na Grande Loja do Queijo Limiano, em Abril de 2005 e que transcrevo: Recordar-se-á (Ana Gomes) por ventura de alguma empresa portuguesa ou subsidiária da mesma, que tenha assinado contrato com a ONU para comprar petróleo ao Iraque ? Quem assinou o despacho que deu inicío à operação Oil for Food ? Para além de Ceyhan, onde a empresa UNOCAL detentora do consórcio Cent Gás, e face mais ou menos visível do financiamento via Al-Tawqa Bank aos iluminados da Al-Qaeda, o nome de Baniyas na Síria, não surgia em nenhum relatório, no que ao Smuggling , diz respeito ? Face ao estipulado pelas resoluções 986 e 1111, usar portos diferentes das de Mina-Al-Bakr e Kirkuk_Yumurtalik, para fazer sair petróleo do Iraque, é considerado exactamente o quê ? E, já agora, uma pergunta sobre algo que não sei mas que gostaria de saber - o citado na Nota Oficial do MNE e no relatório da ONU, Rui Cabeçadas de Sousa, era um conhecido ou um desconhecido do embaixador António Monteiro?

Eye de Belfast


Notas Verbais não entram nesse campo de juízos de intenção, pelo que, quanto a esta última pergunta, faça-a a ao embaixador António Monteiro ou a Rui Cabeçadas de Sousa. Além disso, NV não levantaram a questão do Oil for Food. Em última análise, foi o MNE Luís Amado que a fez levantar, indirectamente, com a história dos voos - o MNE/Ministério que emitiu a Nota Oficial em Outubro de 2005 é o mesmo Ministério/MNE que, pouco mais de ano depois, invoca a separação de poderes para outra investigação. E a Procuradoria continua também a ser a mesma que está no Palácio do Duque de Palmela. Quanto às questões colocadas na Grande Loja do Queijo Limiano, será mais conveniente ler na íntegra AQUI. Mal da memória que tenha um R.I.P. gravado - está nos Prazeres.

Dos Notadores. Oil for food. Bem recordado!

Do Notador do Emb. Retired but Presented

«Não segui esse escândalo de perto, mas, pelo que me recordo e sei, com objectivos que nunca foram explicados, Portugal candidatou-se e foi eleito para dirigir o dito Programa das NU "Oil for food" encarregado de administrar o que era permitido ao Iraque de Sadam vender de barris de petróleo para fazer face aos gastos com medicamentos e produtos básicos para a população civil. O Iraque, com a aparente conivência de quem dirigia o Programa dado que tinha de aprovar cada transacção, vendeu mais barris do que o permitido. Isto foi possível dada a confiança de que gozavam dos gestores do Programa certas empresas fantoches. Presidia ao Programa o António Monteiro (então Representante nas NU/Nova Iorque) e era Administrador o Nuno Brito (então N.º 2 na Representação em Nova Iorque). Estarei enganado?

Retired but Presented, emb.


Para NV, não é isso que, por ora, está am causa - O que está em causa é saber se aquilo que o MNE garantiu em Nota Oficial teve sequência e que sequência teve. Mas a propósito do que este Notador pergunta, leia-se um testemunho de Ana Gomes com teor directo e útil sobre a matéria, publicado em Causa Nossa (17 Abril 2005). Afirma nomeademnet Ana Gomes: «Ao chegarmos a Nova Iorque no dia 1 de Janeiro de 1997, o Embaixador António Monteiro já tinha à sua espera a primeira resma de contratos no ambito do «Oil for Food» para assinar. E durante os dois anos seguintes - os primeiros de vigência do Programa - teve de apor a sua assinatura em todos os contratos autorizados pelo Comité. Analisar esses contratos, para o nosso Embaixador/Presidente do Comité de Sanções não assinar de cruz (eram pilhas de papeís, diariamente), era uma das responsabilidades da equipa que eu coordenava.» Ora a Nota Oficial do MNE cita com relevo apenas dois portugueses alegadamente implicados: Armando Carlos Costa Oliveira e Rui Cabeçadas de Sousa. O pedido de investigação foi concretizado? Se foi, houve ou não investigação? E a que conclusões se chegou? A comissão de inquérito da ONU erro nas alegações? Isto é que é importante saber de uma vez por todas.

Dos Notadores. Oil for food. Bem observado!

Do Notador Petronix:

«Acabo de verificar nos links das suas notícias que o ex-Secretário Geral do Quai d´Orsay Serge Boidevaix foi preso devido aos benefícios financeiros que retirou do Programa, bem como um Jean-Bernard Mérimée. O ex-Embaixador de França nas NU , Jean-David Levitte, fez uma nota à imprensa em 7 de Abril de 2004 a explicar-se, mas nada fica claro da sua ligação a Boidevaix.

«Onze Ministérios Públicos solicitaram documentos à Comissão Volcker para procederem a investigações com vista a abrirem processos criminais contra seus nacionais, mas nada consta sobre a Procuradoria Geral da República.

Petronix

NV, quanto a isto, fizeram o que deviam: relembrar a Nota oficial das Necessidades (28/12/2005), no tempo do MNE António Monteiro com ACJ em porta-voz, a dar conta de que «as autoridades judiciárias portuguesas estão a acompanhar o processo em causa, bem como a colaborar com as competentes autoridades de investigação internacionais».

A embaixadora da Índia riu-se? É natural

Na Nota do MNE que, hoje, descreve viagem de João Gomes Cravinho (Adis Abeba e Nova Nova Delhi) diz-se que o SENEC, lá nos confins, será recebido pelo ministro Pranab Mukherjee «com quem aproveitará para fazer o balanço do novo impulso no relacionamento entre Portugal e a União Indiana».

Mas há ainda União Indiana ? Vão ver como o erro de chancelaria vai ser dito, lido e impresso...

Pergunta da meia-noite. Santana Lopes mandou o assunto?

Oil for food na gaveta? O ex-primeiro ministro Santana Lopes afirmou, há dias na RTP, que quando tinha dúvidas mandava os assuntos para a Procuradoria Geral da República e para a Polícia Judiciária. Será que mandou mesmo o caso dos portugueses acusados de corrupção no Programa Petróleo por Alimentos/Iraque, envolvendo milhões de dólares? Apenas Santana Lopes e, obviamente, as Necessidades podem responder.

A comissão independente das Nações Unidas que investigou o caso (2 400 empresas acusadas em todo o mundo de terem pago subornos ou comissões ilegais ao regime de Saddam, num relatório de 630 páginas) deu o seu trabalho por terminado em Dezembro passado. Há uma excelente síntese do escândalo na Wikipedia, mas também pode ser recapitulado em Oil-for-Food ou no site oficial do programa da ONU.

28 janeiro 2007

Agenda. Parabéns. Francisco Seixas da Costa

E temos que voltar a Brasília, suprindo-se aqui, em NV, o que deveria constar ou ir constando com normalidade na Agenda (faremos mais uma tentativa). Hoje é o dia de aniversário do embaixador Francisco Seixas da Costa. Portanto, parabéns e que Adriano Jordão se encarregue do teclado.

Igualmente apagam hoje mais uma velinha do bolo, três assistentes administrativos especialistas do MNE, Rosa dos Santos Nogueira, Luís Coelho Brás e Fernanda Nicolau Lima.

Barómetro NV. Sobre a ideia de Brasília

Barómetro na coluna ao lado, por baixo dos links da Casa.

NV desafiam os leitores a, primeiro, espreitar o blogue da Embaixada de Portugal em Brasília AQUI, e, depois, a votar sobre essa ideia, comprovadamente pioneira por entre representações diplomáticas. Julgamos até que o ministro Teixeira dos Santos deveria ser o primeiro a votar, uma vez que a ideia não tem incidência orçamental... O barómetro fecha no próximo domingo e a qualquer momento todos podem consultar os resultados. Cada um só pode votar uma única vez, e nada de truques, por favor.

Duas perguntas da meia-noite. Casos da Galiza e Andaluzia bradam aos céus

  • Qual a indignidade congénita de Curitiba, capital de Estado como as restantes, para não merecer que o consulado seja transformado em vice-consulado, como em Belém, Porto Alegre e Recife, e seja contemplada com um mero escritório de... de S. Paulo?
  • Como pode propor-se extinguir Bilbao, Sevilha e Vigo, e se deixam intocáveis Barcelona e Madrid? A defesa dos interesses portugueses e a cooperação transfronteiriça só se fazem na Catalunha e em Castela (onde há uma embaixada ao lado), mas não no País Basco, na Andaluzia e na Galiza?
  • 27 janeiro 2007

    No escândalo «Petróleo por Alimentos». Que fez a Procuradoria? Que mais fez o MNE?

    Escândalo. O ministro LA, que tem toda a razão para pugnar pela separação de poderes (questão que, de resto, para além da pugna, ao que se sabe não existe e ninguém levantou) certamente deve conhecer o escândalo oil for food e as presuntivas implicações de portugueses.

    E tanto assim que, em 28 de Outubro de 2005, o MNE viu-se na incomodidade de distribuir uma nota oficial sobre o caso. Sob o título «Envolvimento de 2 cidadãos portugueses no processo de investigação Petróleo por Alimentos» essa nota oficial rezou exactamente nos termos que se seguem:

    1. O Ministério dos Negócios Estrangeiros já estava previamente informado sobre o alegado envolvimento do cidadão português Armando Carlos Costa Oliveira no processo de investigação da Comissão Independente de Inquérito ao programa das Nações Unidas “Petróleo por Alimentos”. Neste sentido, a pedido do Ministério dos Negócios Estrangeiros, efectuado há cerca de 6 meses, as autoridades judiciárias portuguesas estão a acompanhar o processo em causa, bem como a colaborar com as competentes autoridades de investigação internacionais.

    2. O Ministério dos Negócios Estrangeiros apenas no final do dia de ontem, na sequência da publicação do relatório final da Comissão Independente de Inquérito ao programa das Nações Unidas “Petróleo por Alimentos”, teve conhecimento do alegado envolvimento do cidadão português Rui Cabeçadas de Sousa. A natureza do envolvimento deste cidadão português no caso das violações ao regime de sanções aplicado pelas Nações Unidas ao Iraque será, desde já, analisada em pormenor pelas autoridades nacionais competentes, estando, também neste caso, o Governo português inteiramente disponível para colaborar com as competentes autoridades de investigação internacionais.

    3. O relatório da Comissão Independente de Inquérito ao programa das Nações Unidas “Petróleo por Alimentos” está disponível para consulta no seguinte endereço electrónico: http://www.iic-offp.org/documents/IIC%20Final%20Report%2027Oct2005.pdf


  • Alguém sabe como é que, a tal pedido do MNE, as autoridades judiciárias portuguesas acompanharam o processo em causa, e o que resultou da colaboração com as competentes autoridades de investigação internacionais?
  • Alguém sabe a que conclusões chegaram as autoridades nacionais competentes sobre as ditas violações ao regime de sanções aplicado pelas Nações Unidas ao Iraque, se e como tais violações foram analisadas em pormenor, designadamente em função das conslusões a que tribunais franceses chegaram?
  • E se nada, supostamente, se apurou ou nada se provou, o MNE cita os nomes de dois cidadãos e desde Outubro de 2005 não tem nada a dizer?
  • Argumentário. Público/Mundo. Sinais dos tempos

    Títulos. O mundo, hoje, segundo o Público está resumido assim, no espaço disponível:

    As gordas

    «Condoleezza Rice quer que a NATO passe ao ataque no Afeganistão»
    «Guantánamogate pode custar cargo a ministro alemão»
    «Bush autorizou exército a matar ianianos no Iraque»
    «Chávez ameça expulsar embaixador dos EUA»
    «Violência faz 60 mortos na República da Guiné»
    «Londres pede extradição de um suspeito russo»
    «Rússia poderá vetar independência do Kosovo»
    «Amigos da Constituição Europeia querem alargar e aprofundar as suas disposições»
    «Para Hollywood, o candidato ideal teria a imagem de Obama e o dinheiro de Hillary»

    Breves

    A resolução / Nações Unidas condenam negação do Holocausto
    A violência / Pelo menos dez mortos em confrontos Hamas-Fatah
    A parada / Índia exibe poderio militar ao Presidente russo

    Argumentário. Público/China. Comitiva de Sócrates, um deslumbramento

    71 + 4 . Vem de há muito esta ideia de deslumbramento cultivado pelas comitivas (cultivado pelos gabinetes), como se quanto maiores elas forem, melhores serão e mais resultados as viagens oficiais irão assegurar. O Público descreve o séquito que Sócrates leva à China (30 de Janeiro a 4 de Fevereiro) no preciso momento em que outro séquito chinês vai andar com o Presidente Hu Jintao e ministros homólogos dos homólogos portugueses pela África do Sul, Moçambique e Sudão. Ora, na China, Hu Jintao não é tudo mas politicamente é quase isso.

    Será por isso que LA, no seminário diplomático, se esqueceu de referir a Ásia, designadamente a China e Índia?

    Argumentário. Expresso/Carta de Amado. Notável peça

    Notável peça. A carta de LA ao eurodeputado Carlos Coelho sobre o caso dos voos e que o Expresso divulga na íntegra (divulga é pouco, reproduz, com o que isto significa) é uma notável peça, o que não é própriamente o mesmo que peça notável.

    Confiemos então no Ministério Público, como no caso "oil for food" que correu nos tribunais franceses sem consequências em Portugal, ou se houve consequências ninguém terá sentido. LA parece ainda não ter compreendido que uma coisa é a separação de poderes e outra os poderes da separação.

    Dada a impotância da peça, com a devida vénia para o Expresso, ela irá ficar arquivada oportunamente em Notas Formais.

    Argumentário. Expresso/Guantánamo. Miguel Sousa Tavares

    Peça notável. O ensaio de Miguel Sousa Tavares «Gantánamo ou o Esplendor da Hipocrisia», é uma peça notátvel (Expresso, jornal) . Todo o MNE a devia ler, e em voz alta.

    O resto é conversa.

    Argumentário. Expresso/Eanes. Aproveitamentos

    Excepção e regra. Eanes, ao Expresso, diz: «Não me sinto aproveitado», afirmação que evoluiu para a primeira página em «Não sou aproveitado».

    «Também eu!», dirão milhões de portugueses, alguns dos quais, por serem independentes, livres e incomodamente sérios, para além de não aproveitados, são rejeitados.

    Argumentário. Sol/Amado. O pessoal do MNE

    O que parece e o que é. Diz o Sol/Economia & Negócios que LA, António Costa e Fernando Teixeira dos Santos «foram os únicos ministros que não obtiveram poupanças» em 2006 e que no caso do MNE a factura com os funcionários ficou 1,3 % mais pesada.

    No caso do MNE isso deve-se, quase de certeza, a que só em fins de 2006 tenha sido processada a actualização 2005 (com retroactivos), além da do próprio ano, e ao facto de terem sido activadas as novas embaixadas e os novos consulados, onde precisamente só trabalham contratados a termo certo (cerca de 50).

    É mentira? Ou será verdade?

    A verdade não mente no dia 20 de cada mês. Um grande mentiroso ou, então, alguém que diz a verdade, acaba de garantir que «desde 1999 que o MNE não recruta trabalhadores para os quadros dos serviços externos do Ministério para afectação às Embaixadas, Consulados e Missões de Portugal no estrangeiro».

    O mesmo mentiroso ou, então, quem não pode nem deve passar por isso, agravou tal mentira ou reforçou a verdade, inventando ou constatando que «desde então, (o MNE) vem recorrendo sistematicamente à contratação a prazo, frequentemente sem sequer garantir a cobertura destes trabalhadores em matéria de segurança social, como decorre do imperativo constitucional».

    E como uma mentira nunca vem só, nem a verdade não gosta de andar mal acompanhada, esse grande mentiroso ou, se calhar, esse discreto cultor da verdade, diz que «o número de trabalhadores recrutados desta forma precária tem oscilado ao longo dos anos, mas tem vindo a crescer exponencialmente, nomeadamente para assegurar o funcionamento de novos postos entretanto criados, e para substituir trabalhadores que cessam funções e saem dos postos».

    Depois, ou mente nos números, ou os dá com insofismável rigor: «no final de 2006, o número de autorizações para esta contratação precária cifrava-se em 230, mais de 15% do número de funcionários no activo».

    Com todo o desplante, pergunta o mentiroso, ou então, com inquietante dúvida, pergunta esse em verdade: «será que a modernização da administração nesta área, leva a que as instâncias competentes nunca decidam atempadamente sobre as remunerações dos contratados?»

    O certo é que, com absoluta e manifesta mentira, ou com aquela verdade que jamais deixará de ser verdade, mesmo que no Parlamento se lhe chame asneira, afirma esse meliante ou, se calhar, esse ser íntegro, que «é assim que, no dia 8 do corrente, os serviços das Necessidades informavam que foi oportunamente apresentada ao Ministério das Finanças proposta de renovação dos contratos a termo resolutivo celebrados no 2º semestre de 2006, aguardando-se o necessário despacho de autorização de S.Exa o Ministro de Estado e das Finanças sem o qual, nos termos da legislação em vigor, não será possível celebrar os respectivos contratos. E acrescentavam que: quando conhecida a decisão final que vier a ocorrer, será a mesma levada de imediato ao conhecimento dessa Missão Diplomática / Posto Consular.

    Ora, argumenta o mentiroso, ou discorre quem diz a incómoda verdade que «como até à presente data nada foi levado ao conhecimento dos serviços externos, isto significa que os trabalhadores na situação periclitante de ajuste verbal (ilegal para contratos a prazo), estão a trabalhar sem contrato e sem receber, já que o dia de pagamento no MNE é o dia 20 de cada mês» .

    Mentira ou verdade, esse que não se sabe se é impostor de pacotilha, ou, então, filho da verdade, chega à conclusão de que «assim vai correndo a “grande reforma da Administração Pública” para os lados do Palácio das Necessidades e que é com este panorama que está a ser preparada uma reestruturação consular…»

    E quem desejar mais pormenores sobre o perfil desse grande mentiroso ou, então, desse que, afinal, terçará armas pela verdade, pois que pergunte ao Sindicato dos Trabalhadores Consulares e das Missões Diplomáticas que fez o comunicado transcrito por NV entre aspas verdadeiras.

    26 janeiro 2007

    Lá por sites de embaixadas. E por se falar de brio, o de Ottawa!

    Quando 2002 é agora. Abra-se o site oficial da Embaixada de Portugal em Ottawa, actualizado ao dia, ao minuto e até ao segundo, ou não se garanta à partida que «Este portal foi concebido com vista a proporcionar a todos um acesso fácil à informação»! Só que o brio fica por aqui – na passadeira de notícias lá passa a «Reestruturação da Rede Consular Portuguesa» com a data de 23 de Dezembro de… 2002. É claro nesta e todas as outras «notícias», the page cannot be found, até porque Artur Magalhães ainda é o cônsul-geral em Toronto e com isto se diz tudo no preciso momento em que o comboio das maravilhas tecnológicas chega à Covilhã para lutar contra a relutância à Internet, quando antes, o mesmo comboio deveria ter passado pelo apeadeiro das Necessidades, onde, pelos vistos, na secção diplomática de perdidos e achados, está Ottawa.

    Mas sejamos justos, o site de Ottawa tem um ponto de honra – dá conta da temperatura com tal fidelidade que fará encalorar de vergonha o boletim meteorológico oficial do Canadá. Neste momento, 19 º /Celsius negativos… Felizmente que a versão em inglês e em francês ainda está em construção, porque a vergonha seria nossa. Assim, o site não é nada bonito e é um calafrio, mas é cá da terra. Grandes portugueses que a propaganda na Covilhã aquece.

    Blogue da Embaixada em Brasília. Complemento directo longe de ser tijolo

    Brio. De um bocado de barro, o artista faz uma excepção sediciosa da forma e o isento de brio faz um tijolo. E como fazer um blogue é tentar a excepção mesmo que resulte tijolo, o que a Embaixada de Portugal acaba de dar forma é de artista - um blogue de informação que não corre o risco de ser tijolo porque se assume como o complemento directo do site oficial de qualidade que mantém. É claro que, para isso, muito conta o brio do embaixador Francisco Seixas da Costa - o brio é a mais alta condecoração que um diplomata pode exibir ao peito e que nem o Estado que envia pode conferir, nem o Estado que recebe pode fazer simulacro para agraciar. É, de facto, o primeiro blogue criado por uma representação diplomática, assumidamente como meio de informação - há blogues de diplomatas mas não de representações. De pioneirismo se trata e se todos os embaixadores portugueses (e também, já agora, os embaixadores estrangeiros acreditados em Lisboa) seguissem o exemplo de Francisco Seixas da Costa, muito ganharia Portugal em cada Estado onde em princípio devia estar representado mas em tantos lugares apenas apresentado, como antigamente as visitas na casa de fora.

    NV que de há muito preparam um índice de sites de embaixadas na coluna ao lado, obviamente que vão colocar links para o site e para o blogue da Embaixada em Brasília, mesmo antes da lista terminada e verificada.

    Ainda o Holocausto. E a jornada internacional da prevenção de crimes contra a Humanidade.

    Datas e vontades. Sobre esta questão do Dia oficial da Memória do Holocausto e da Prevenção dos Crimes contra a Humanidade, choveu de imediato correio que não pára, depois desta beliscadura de NV em Belém, nas duas faces de S. Bento e nos três moinhos de Porto de Mós. Algum desse correio – cheira e não é difícil perceber - parte de gente responsável ou de gabinetes aos quais o conhecimento de causa deveria endossar Responsabilidade, correio esse que, resumindo e concluindo ou mais ou menos, refere que Portugal não tem que ir atrás de ondas, imitar espanhóis, fazer o que a Europa faz…

    Lembremos a todos estes correspondentes que a Assembleia Geral da ONU, pela Resolução 60/7 (Novembro de 2005) decidiu proclamar 27 de Janeiro, anualmente, como dia internacional dedicado à memória das vítimas do Holocausto, solicitando «insistentemente – foi o termo usado – aos Estados membros que elaborem programas educativos que gravem no espírito das gerações futuras os ensinamentos do Holocausto a fim de ajudar a prevenir actos de genocídio.

    A generalidade da Europa levou à letra a resolução da Assembleia Geral da ONU, com diversos países a programarem acções desde o dia 22 até 27, amanhã (em Espanha e am alguns ouytros Estados, o acto central foi antecipado para ontem, 25, em função do fim-de-semana) e recentrando o tema na prevenção dos crimes contra a Humanidade. Portugal estava ausente da sala em 2005? E se esteve presente, faz-se ausente em 2007?

    Não se tem conhecimento de qualquer iniciativa oficial de peso, em Portugal – se houvesse iniciativa oficial pensada (oficial mesmo, não é com apoio oficial, à boleia), até este preciso momento já as agendas de Belém, parlamento, governo e particularmente do MNE tinham dado sinal disso. Acontece que não há sinal mesmo nas agendas de sábado já divulgadas.

    Todavia, ainda queremos acreditar que nenhuma das mensagens seja do embaixador do Irão, porque, sendo este o caso, o esclarecimento ser-lhe-á inútil e a imagem seguinte nada lhe dirá, mesmo que provenha da ONU.

    Omissão política. Diplomática omissão

    Esta comissão temporária. Por toda a Europa, ontem, foi política e diplomaticamente assinalado o Dia Oficial da Memória do Holocausto e da Prevenção dos Crimes contra a Humanidade. Em Portugal, oficialmente nada – nem Belém, nem as duas faces de S. Bento, nem as Necessidades. Sobre o que esta omissão significa, que cada um tire as conclusões, mas que para a chancelaria portuguesa a trabalheira de alertar para a Prevenção dos Crimes contra a Humanidade parece consulado encerrado, lá isso parece. Madrid, por exemplo, descartou-se razoavelmente – o Ministro de Asuntos Exteriores espanhol, Miguel Ángel Moratinos que estava em Bruxelas na Conferência Internacional de Doadores para o Líbano/Paris III (o que é isso para Amado?) e para conversações à margem com Condoleezza Rice sobre os mesmissimos temas da tal «análise concentrada» em que hoje Amado participa na NATO, encarregou Luís Calvo de o representar no acto oficial da comemoração na capital espanhola, comemoração de resto decretada pelo próprio governo em Dezembro de 2004. Grandes portugueses que não só mudam Portugal como mudam a memória e a prevenção. Estamos em comissão temporária e dependemos do vento como os três moinhos que restam activos em Porto de Mós dependem...

    Embaixada do Japão em Lisboa. Para quem está na flor da idade...

    Com certeza.

    A Embaixada do Japão em Lisboa dá conta atempada da iniciativa nipónica Japan - Europe Mutual Understanding Scholarship Program 2007 e que pode interessar sempre a alguém que espreite NV. Trata-se de um programa do Governo do Japão para jovens entre os 16-17 anos com a possibilidade de permanência no Japão durante 5 meses. Durante esse tempo, os jovens frequentarão a escola japonesa, viverão com uma família japonesa e terão a oportunidade de viajar e experimentar diversas actividades no Japão. Informações sobre este programa poderão ser recolhidas na página da embaixada nipónica na capital portuguesa que é uma coisa que a embaixada de Portugal em Tóquio não tem e deveria ter - há por lá um site do ICEP que faz sites como quem reproduz os três moinhos activos que restam em Porto de Mós. (Na foto, o embaixador do Japão, Hara Satoshi)

    Vencimentos. Ensino no estrangeiro. Façam as contas

    Aqui está. Vencimentos e abonos dos coordenadores e adjuntos de coordenação do ensino português no estrangeiro. Amado, Teixeira dos Santos e Lurdes Rodrigues.

    (Clique na tabela para ampliar)


    Os coordenadores e adjuntos de coordenação do ensino português no estrangeiro têm, ainda, direito aos seguintes abonos:

  • Abono de instalação no montante correspondente a dois meses de vencimento pago numa única prestação;
  • Subsídio de viagem correspondente ao reembolso das despesas efectuadas com as suas viagens e as do seu agregado familiar de ida para o país onde exercerão funções e de regresso do mesmo mediante apresentação de documento comprovativo da despesa efectuada,não podendo ultrapassar, por pessoa, o custo da passagem e avião em classe turística;
  • Reembolso das despesas com o transporte de 250 kg de bagagem por via não aérea e de 50 kg de bagagem acompanhada, mediante apresentação de documento comprovativo da despesa efectuada.
  • Sinais dos tempos. Aquele fundo de alma que haverá já no poder

    Claro. Um anónimo colocou em Notas Formais a seguinte questão:

    "A Náusea" - Se a subtracção de informações por parte do Governo sobre a matéria "voos da CIA" não se conforma ao interesse nacional, que tipo de interesses e de quem ( particulares só pode ) se estão a acautelar?

    Ora, quando para formular uma pergunta destas é necessário reecorrer ao anonimato, estamos perante sinais dos tempos. É que parece haver já de facto, no poder, gente com uma polícia de opinião renascida no fundo da alma.

    Pergunta da noite. Durban...

    Por que razão se propõe extinguir o consulado em Durban, a centenas de milhas de Joanesburgo, e não se toca na secção consular da Embaixada em Pretória, ali mesmo ao lado de Joanesburgo e com boas auto-estradas, se António Braga até já enviou o seu adido social da embaixada para Joanesburgo?

    Amado vai a Bruxelas/NATO. E daí?

    Boa viagem. Anuncia o MNE que Luís Amado, participa hoje (26)na Reunião Informal de Ministros dos Negócios Estrangeiros do Conselho do Atlântico Norte, no Quartel General da Nato, em Bruxelas. Mal seria se não participasse.

    E diz o MNE que as operações da NATO no Afeganistão e no Kosovo «irão concentrar a análise» que os ministros farão em conjunto com o Secretário-Geral Jaap de Hoop Scheffer. Mal maior seria se não «concentrassem a análise» e, estando todos, não o fizessem em conjunto...

    Mais diz o MNE que os ministros/NATO reunirão ainda com os restantes ministros dos Negócios Estrangeiros que integram a ISAF, o Ministro dos Negócios Estrangeiros afegão, o Comissário das Relações Externas da UE, os representantes das Nações Unidas e do Banco Mundial, e com os Ministros dos Negócios Estrangeiros do Japão e da Coreia, países doadores.

    E Portugal no meio disto? Que posição leva, tem, propõe? É a posição que da «análise concentrada do conjunto» resultar, seja qual for? Quem sabe?

    25 janeiro 2007

    Onze prendas em atraso. Estão para despacho

    Perguntam-nos o embaixador Sam e o conselheiro Mariposa (mas que nickname!...) se as onze prendas de Natal que ficaram por entregar se eclipsaram. Claro que não se eclipsaram e resolveremos a questão de uma assentada. Temos pouco espaço para armazenar prendas e sobretudo a destinada a Luís Amado atravanca.

    Opinião à Imprensa. Novo género estilístico do MNE

    Obra-prima. Sob a capa de «Informação», aí está a «Opinião à Imprensa» em Notas Formais. Na íntegra, para se avaliar a obra, antes do briefing.

    Luís Amado. Duas questões inentendíveis

    Neste lapso de tempo. Quanto a Luís Amado, duas questões inentendíveis - a história do subsídio de habitação e o procedimento no imbróglio dos voos.

    Sobre os voos, NV reservam-se para um briefing – os voos justificam briefing, lá iremos.

    Quanto ao subsídio de alojamento (15 890 euros anuais), matéria longe de requentada apesar das explicações formais mas de lógica nada convincente, uma pergunta: Luís Amado, se não fosse ministro, estaria hoje a viver no Funchal? E se não estivesse no Funchal, estaria em Porto de Mós? Num momento em que o governo se atira contra regimes especiais convertendo-os em exemplos punitivos, as explicações formais com lógica forçada para um especial regime de alojamento de ministro, caiem mal, caiem muito mal. Não se pode comparar a uma cunha para a filha, mas que é uma cunha para a casa, é. Ora, Luís Amado que não perdoa a ninguém algo que o tenha beliscado mesmo que tudo bem explicadinho, deveria não se perdoar a si próprio neste caso descentrado.

    Muitas razões insondáveis e um motivo claro

    Primeiro, foram as contrariedades - todos as temos e a cada um chega a sua vez. Depois, não há que esconder, foi uma sensação de desapontamento – afinal, o que adianta alguma preocupação sobre a política externa portuguesa, o que se ganha com algum escrutínio da acção diplomática e da actuação dos seus agentes? E que avanço há com alguma preocupação também com os serviços consulares, por tradição talhados como o alfaiate talhava o fato, mais curto para perna curta, mais comprido para perna comprida, confinado ao tecido e à medida do cliente, quando a malha consular em vez de ser tesourada com um fato da fazenda da Nação, deveria ser pensada e avaliada como estratégia de Estado, estratégia que é a pele do Estado e não o seu fato?

    Sem excepção, todos os que têm desfilado pelas Necessidades com o ceptro político nas mãos (uns com ceptro circunstancialmente efémero, outros, como é o caso presente da maioria absoluta, com esse ceptro tão colado ao corpo como o espírito santo à santíssima trindade) todos têm repetido essa declaração de bom tom sobre a abertura à crítica e com sublinhados para o diálogo, mas na hora de confronto com a emenda do que deve ser emendado, perdem esse verniz que a sobrevivência política em democracia aconselharia a não deixar que estale. Sem dúvida que estamos desapontados com esta política externa quase reduzida ao protocolo, sem golpe de asa, processional, ou, por outras palavras, reduzida ao bom comportamento – à imagem pública do bom comportamento, em função da qual se sacrifica a crítica, o diálogo e a emenda. E quando tudo isto se sacrifica, é quando começa a nascer lá no fundo da alma o desejo de uma polícia de opinião, ainda que, por pudor, esse feto que não aborta da sociedade portuguesa, se mantenha invisível.

    Todavia porque, por razões insondáveis e apenas por um motivo bem claro – o de se recusar ser bobo da corte -, ao desapontamento se segue a inquietação, vamos prosseguir. Mas que cheira já a verniz estalado, lá isso cheira.

    Carlos Albino

    12 janeiro 2007

    Mais uma etapa. Bom Ano para todos.

    Aconteceu porque tinha de acontecer. E aconteceu de tudo. Passou. E assim Notas Verbais retomam a normalidade. Após umas rondas pelas Necessidades, por Belém, por algumas missões e consulados, cá estaremos se não houver mais algum daqueles inesperados que obrigam mesmo a parar.

    Que todos os nossos leitores tenham um Bom Ano de 2007 e que a prova dos nove a esta parcela temporal que dá zero não seja mau presságio.

    C. A.