31 julho 2006

ONU/Líbano: destino da força multinacional. UE à espera de Nova Iorque.

UE à espera. A reunião extraordinária do Conselho da UE (terça-feira, Bruxelas) sobre o Líbano deveria ter sido marcada antes ou a coincidir com a sessão do Conselho de Segurança (hoje, 15:00 de Lisboa) cujo desfecho, dado o fracasso da conferência de Roma, se aguarda com expectativa. Se houver alguma decisão na ONU, a UE vai a reboque quando devia deliberar uma posição comum antes da hora ou pelo menos sobre a hora, e se não houver decisão em Nova Iorque, mais uma vez, fica comprometida a almejada eficácia política e estratégica da Europa. Luís Amado pediu a reunião «o mais rápido possível», a reunião europeia foi convocada apenas «o menos lento crível».

O Conselho de Segurança tem hoje três sessões: a 5498.ª do seu historial sobre a não-proliferação, seguindo-se a 5499.ª sessão sobre o Médio-Oriente (com apresentação do relatório do Kofi Annan sobre a renovação do mandato da força da ONU estacionada no Líbano) e, por último, a 5499.ª sessão sobre a República Democrática do Congo.

O mandato da força da ONU expira hoje mesmo, 31 de Julho. O Governo do Líbano pediu a 7 de Julho (dez dias antes da actual crise estalar) a prorrogação por seis meses. Kofi Annan interroga-se «como pode a força multinacional cumprir o seu mandato» nas actuais cicunstâncias e recomenda a prorrogação por apenas mais um mês, até final de Agosto.

À data de 30 de Junho, a Força da ONU no Líbano, comandada pelo general francês Alain Pellegrini integrava 1.990 efectivos provenientes, por ordem, da Índia (673), Ghana (648), Polónia (214), França (209), China (187), Itália (53), Irlanda (9) e Ucrânia (1), empregando 408 civis (102 de contratação internacional e 306 de contratação local). Desde o início do mandato da força da ONU, ficaram feridos por disparos 345 elementos e perderam a vida 246 (79 por disparos ou explosões de bombas, 105 em acidentes e 62 por causas diversas.

30 julho 2006

O horror de agora... pelo horror anterior

«De tirania em tirania até à guerra.
De dinastia em dinastia até ao ódio.
De vilania em vilania até à morte.
De política em política até ao túmulo...
A canção é tua.
Organiza-a como queiras.»

do poeta James Fenton (The Ballad of the Iman and the Shah)

Luís Amado/Entrevista. Regresso de sagesse às Necessidades

O saber prudente. Na primeira entrevista de fundo, como MNE, Luís Amado recolocou sagesse na imagem das Necessidades. Linha a linha, toada a toada. Claro que também mérito das jornalistas Teresa de Sousa (Público) e Marina Pimentel (Rádio Renascença), mas, como se sabe, numa entrevista, o principal actor é quem responde, dependendo o desempenho da verdade com que representa - um Ministro de Negócios Estrangeiros representa ou deve representar sempre, pois mal está um MNE quando, em vez de representar, se apresenta ou, tanto pior, apenas se apresenta e quando fala até parece que está a comer o mundo. Sobre a Europa - que foi o pano de fundo da entrevista com as sombras chinesas do Médio Oriente - , Luís Amado teve a frieza que se exige ao médico que faz o diagnóstico, revelou a precaução que só agiganta a força moral de uma pequena ou média chancelaria, usou a prudência dizendo a verdade essencial sobre o que há para dizer sem deixar que a moral, alguma moral qualquer, contamine a argumentação político-diplomática, porque quando a contamina, aí temos o cinismo de autoridades morais que se invocam a si próprias em vão. Numa palavra - sagesse.

Prova de que a CPLP dorme. O que é um pesadelo

Sono profundo. O site oficial da CPLP que se declara actualizado em 29 de Julho de 2006, quanto a conferências de chefes de Estado e de Governo, ainda vai na 5.ª, a de São Tomé, em 2004, onde se falou muito, muito da sociedade de informação como contributo para a boa governação e transparência, se falou do governo electrónico, se falou do software aberto, se falou, falou... De Bissau, nada, nem uma única referência, nem um documento, nada. A única mexida recente foi a retirada da fotografia do secretário executivo, o que equivale à pior desactualização. Será para isto que chancelarias e missões diplomáticas, sobretudo do Brasil e Portugal, propõem links ? Seria melhor o site fechar para obras depois de uma reconstrução de meses e meses. O secretário executivo não tem um minuto para ver isto e só masi dois minutos para fazer alguma coisa?

Al Zawahiri ambiciona também o Algarve? E só agora que o MNE perdeu o porta-voz?

Caricatura. No vídeo difundido pela Al-Jazeera, o número dois da Al-Qaeda, Ayman al Zawahiri, apelou aos muçulmanos de todo o mundo para que lutem e prossigam uma guerra santa «contra Israel e os cruzados que o apoiam, até que o Islão reine desde o Al-Andaluz até ao Iraque».

Entre nós, traduziu-se o Al-Andaluz por Espanha, ficando Portugal, ou metade de Portugal, convenientemente fora do mapa.

Ora as regiões, agora espanholas e portuguesas, outrora conhecidas por al-Gharb al-Andaluz eram o mais importante centro muçulmano da época da Hispânia Islâmica, sendo assim o centro islâmico da cultura, ciência e tecnologia. Granada foi a última capital do al-Andaluz, e a principal cidade do al-Ghard era Silves.

Será que o médico egípcio Ayman al Zawahiri quer recuperar Silves, além do mais, terra do louvado porta-voz de Freitas do Amaral?


Luís Amado tem que ver bem isto, porque a região ocidental do Andaluz muçulmano toca-nos de perto, é um símbolo sagrado e a direcção de serviços do Médio Oriente e Magreb não tem pessoal suficiente para tratar do caso. Miguel Calheiros Velozo que o diga.

29 julho 2006

Sócrates no Brasil a correr. Controverso jantar em S. Paulo...

Vejamos as coisas ao contrário: Sócrates regressa do Brasil a 11 de Agosto, dia 10 está no Rio, a 9 em S. Paulo e parte de Lisboa a 8. E Brasília, o que acontecerá em Brasília, nesta visita aérea ao Brasil? Até agora desconhece-se o itinerário político – um diz uma coisa, outro diz outra; desconhece-se se há agenda política com novidade e se a agenda lateral justifica a correria; o calendário do site oficial do Governo, para as datas em questão, debita-se a tradicional chapa da cultura de poder em Portugal - «Não existem eventos para esta data», sabendo-se que, por esse tipo de cultura, apenas interessará, sobre os eventos, uns bons títulos sofridos em dois ou três jornais, e presença de imagem na abertura dos telejornais. Sabemos que há muita gente que não gosta que digamos isto, mas é isto.

Por certo, não faltarão imagens do evento de homenagem a Sócrates, um promovido pela Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil, marcado para o Consulado-Geral em S. Paulo, com inscrições abertas por 200 reais para sócios 250 reais para não-sócios – um jantar em instalações públicas cujo processo de locação, o PS, quando na oposição, justamente questionou como tristíssimo evento de transparência, um negócio com polémica não acabada e a justificar que, um dia destes, NV voltem ao assunto. É um jantar insólito, pelo sítio onde é, pelo que consta e pelo que corre - o que consta não é intriga, e o que corre não é politiquice. Pela gíria consagrada no espectáculo, é um grande evento. Sócrates não está informado?

Sorry, embaixador Moustapha (Síria/ONU). Falta-lhe a palavra de dois quadros da Paula Rego

Pois. Se, no seu blogue, o embaixador da Síria junto da ONU, Imad Moustapha, pronuncia-se sobre o Líbano e Israel assim, recorrendo a Goya (Saturno Devorando o Filho) reduzindo a legenda àquele velho sofisma de que an image that equals 1000 words, pois NV recorrem a uma única palavra presente em dois quadros da Paula Rego, embora se receie que tal palavra não conste no dicionário diplomático de Damasco, constando apenas no dicionário de sinónimos de Telavive e no de antónimos do Hezbollah - e tudo porque mais vale uma palavra que 1000 imagens...

Sobre negociações, onde o embaixador Moustapha também pesa na mesa, metade da palavra única(Pra lá e Pra Cá, 1998) :



E sobre a guerra propriamente dita, mas que é metade também do problema, é assim a outra metade da mesma e única palavra (Guerra, 2005) :


O nosso João Salgueiro bem pode entregar reproduções ao colega Imad Moustapha de Damasco, e, já agora, entregar bem caligrafada a palavra única que é uma só palavra e não mil.

Humor de ex-MNE ... ... com humor se cura

Diz José Medeiros Ferreira que «os bloguistas hibernam no Verão»... mas promete intervenção intermitente. Além de que um bom e sábio bicho carpinteiro só chateia quando é intermitente, e que, quando é bom bicho, não merece cuprinol (Freitas do Amaral, por exemplo, andou sempre com cuprinol à mão sem qualquer cuidado pelas instruções do produto), em todo o caso, como diria o lendário Embaixador Agapito - «Meu caro! Só os blogs justicialistas é que têm férias judiciais!»

Sócrates/Brasil. Armadilhas e sorte

Sim. Sócrates, 8 de Agosto, para o Brasil. Sim, agora com Telefónica, PTC, Patric, etc, etc... viagem armadilhada. Luís Amado mal teve teve tempo, a melhor obra do antecessor jurista foi esvaziar a Embaixada em Brasília de pedra-chave, mas Sócrates tem sorte - está lá Seixas da Costa! O relançamento dos olhares interessados do Brasil para negociações com a UE, sempre é um bom tema para salvar a política.

Confessionário sindical. Um pecado mortal e outro venial...

Ajoelhados. Se os decisores das Necessidades fossem padres, o Sindicato dos Trabalhadores Consulares e das Missões Diplomáticas, depois do símbolo sagrado, começariam por dizer, no confessionário improvisado na Cozinha Velha:

- Senhor padre, no momento em que o Governo aprova o “Programa Legislar Melhor”, fomos brindados com o DL nº 97/2006 e com a Portaria 640/2006 onde, ignorando o Estatuto Profissional do Pessoal dos Serviços Externos, o Governo regressa “ao antigamente” designando os funcionários e os contratados em serviço na REPER de “assalariados”...

Ouvido isto, o padre benzeu-se e disse: - «Isso é um pecado mortal!». E continuou a confissão:

- Mas a Portaria, senhor padre, ainda acrescenta que o seu número é limitado a 47, quando o Estatuto aprovado pelo DL 444/99 estipula a existência de dois “quadros únicos” – vinculação e contratação – cujos efectivos podem ser livremente geridos por despacho de afectação ao Serviço Externo que for julgado necessário reforçar!

«Pecado venial! Pecado venial, mas grave!» - exarou o padre das Necessidades, convidando o sindicato à resignação e à aceitação das fraquezas humanas, ao que o penitente retorquiu:

- Que resignação senhor padre? É que esta exibição de Legislar Pior deverá ter como objectivo desqualificar os trabalhadores ali em serviço – dos quais 41 são funcionários públicos – e esconder as reais intenções de conceder mais regalias e mais lugares de nível superior, fingindo estar a poupar no pessoal dos Serviços Externos...

E o capelão das Necessidades: - «Mas, meu filho, acalmai-vos! Não esgoteis o diálogo, falai com quem tem ouvidos e aguardai uma palavra de quem tem boca! Não façais confusão entre quem esteve com quem está!»

- Fizemos isso, senhor padre, o STCDE já requereu, junto dos Ministros responsáveis, a correcção daqueles dois diplomas legais.

«Então confiai meu filho! Confiai em que esta política sendo a mesma não seja igual. Ide em paz e confessai-vos dentro de oito dias. Sede persistentes na vossa fé!»

28 julho 2006

Líbano/Reunião UE. Quai d'Orsay cita mas não explicita

Sim. O Quai d'Orsay cita hoje, na agenda do ministro Douste-Blazy, a reunião extraordinária do conselho, dia 1, em Bruxelas. Mas não explicita... É comos e fosse coisa secundária e marginal.

Cravinho/Luanda. Escola Portuguesa...

Dia 1. João Gomes Cravinho de volta a Luanda para cuidar do eterno acabamento da Escola Portuguesa inaugurada por Sócrates... Embaixador de férias e quase de partida, ao menos que a conselheira para a Cooperação esteja presente.

Pobre e empobrecido. Nas ideias, na crítica e no consenso

Podem escrever à vontade para NV sobre aquela matéria dos nossos debates domésticos não passarem da mula branca da Santa Isabel... Mantemos: o debate parlamentar sobre o Médio Oriente foi pobre - pobre nas ideias, pobre na argumentação crítica e pobre no consenso empobrecido pelas salvaguardas quando poderia ter ficado enriquecido por rasgo.

Amnistia de Angola... ...não quer amnistias em Cabinda

E uma carta para Eduardo dos Santos? A secção Angola da Amnistia Internacional discorda do anunciado perdão dos crimes que se cometeram em Cabinda no quadro do conflito militar neste território. Gaspar Cosme, dirigente da secção angolana, ousou afirmar que uma lei de amnistia para o caso de Cabinda, colide com os regulamentos da organização que entende que todos os crimes cometidos devem ser julgados e os seus autores condenados conforme a gravidade da infracção cometida.

«A visão da Amnistia Internacional quanto a esta provável amnistia para aqueles que tenham cometido crimes durante o conflito militar é de que estes indivíduos devem ser apresentados perante um tribunal e merecerem um julgamento justo e rápido de acordo com os padrões internacionais» e «não se pode dar carta branca àqueles que tenham cometido graves violações dos direitos humanos», diz Gaspar Cosme.


Recorde-se que mais uma lei de amnistia, que beneficiará em mais larga escala elementos do exército regular angolano (a isto se prende a não ratificação do TPI pelo governo de Luanda), poderá ser aprovada nos próximos tempos como parte do memorando de entendimento que será formalmente assinado a 1 de Agosto, na cidade do Namibe, entre o Governo e o Fórum Cabindês para o Diálogo cujo dirigente Bento Bembe foi já desautorizado pela FLEC/Nzita Tiago, histórico dirigente dos independentistas. Ao abrigo da referida lei serão amnistiados todos os crimes cometidos no quadro do conflito militar em Cabinda.

Não quererá a secção da Aminstia em Portugal, já agora, promover uma carta para José Eduardo dos Santos?

Nasrallah amnistiado. As cartas da Amnistia/Portugal

O busílis. A Amnistia Internacional/Portugal, numa campanha sobre a situação do Líbano, trata o Governo de Beirute praticamente nos mesmos termos destinados ao Hezbollah, ou como homólogo da organização de Nasrallah... Nas cartas que a AI convida a subscrever , nem sequer há uma referência ao reclamado desarmamento das milícias libanesas e não libanesas, que é o busílis do primeiro-ministro Fouad Siniora, a preocupação da ONU e o que está na raiz própria do conflito como pretexto explorado. Grande amnistia.

Seguem os textos das missivas propostas, à avalição de cada um:

Para o Sheikh Hassan Nasrallah (Hezbollah):
Excellency,

Amnesty International calls on the authorities to put an immediate end to the targeting of Israeli civilians, notably by immediately ceasing the launch of rockets into Israeli town and villages, and not initiating armed attacks from residential civilian areas especially civilian areas.

AI urges also to not harm the two Israeli soldiers whom you are holding and to treat them humanely at all times, granting them immediate access to the International Committee of the Red Cross (ICRC).

Yours sincerely,

Para o Primeiro-Ministro do Líbano, Fouad Siniora
Excellency,

Amnesty International (AI) appeals to the Lebanese authorities to take measures to ensure that Hizbullah ends its targeting immediately of Israeli civilians, notably its firing of Katyusha rockets and other projectiles into Israeli towns and villages. You should also and to ensure that Hizbullah fighters do not initiate armed attacks from residential civilian areas and avoid placing military premises within civilian areas.

AI urgently calls the Lebanese parties to take concrete steps to ensure that Hizbullah treats the two captured Israeli soldiers humanely and allow them immediate access to the International Committee of the Red Cross ( ICRC).

Yours sincerely,

Para o Primeiro-Ministro de Israel:
Excellency,

Amnesty International (AI) wishes to express its deep concern about the killings of over 400 civilians by Israel bombardments and other attacks in Southern Lebanon and in and around Beirut.

AI urges you to put an immediate end to deliberate attacks on civilian property and infrastructure in Lebanon, which constitute collective punishment, thus in contravention to the Geneva Conventions.

AI urges also you to end the use of excessive and disproportionate force, and to respect the principle of proportionality when targeting any military objective or civilian objective that may be used for military purposes.

Finally AI reminds Israel of its international obligation to protect civilians and urges you to refrain from targeting civilians.

Yours sincerely,

Luís Lorvão/Folha oficial. Para a Eritreia

Sabido há muito. Mas só hoje a folha oficial publica o decretpo presidencial da nomeação do ministro plenipotenciário de 2.ª classe Luís João de Sousa Lorvão como Embaixador de Portugal na Eritreia.

Amado/parlamento. Discurso na íntegra

Em Notas Formais. Elogio directo do Ministro ao cônsul honorário de Portugal no Líbano, André Boulos, embora nem o consulado em Beirute nem o nome do cônsul constem no site oficial da Secretaria de Estado (postos consulares)...

Líbano/Debate pobre. Não passamos da mula de Santa Isabel

Sem rasgo. A visão maniqueísta do conflito no Médio Oriente imperou no Parlamento, designadamente nos partidos que têm à partida a obrigação de ir mais além da conveniência. Para os partidos impelidos por interpretações redutoras, é como se Portugal ficasse de consciência descarregada, se declarasse com firmeza a exigência de um cessar-fogo imediato – para uns ao Hezbollah, para outros a Israel , porque até endereçar tal exigência em simultâneo às duas partes, poria em crise o maniqueísmo de que as bancadas parlamentares não há meio de se livrarem. Por isso, o debate parlamentar foi pobre – pobre naquelas ideias e argumentos que normalmente não só ajudam e até condicionam a formulação de uma política externa como também consolidam a acção diplomática que também precisa de segurança política.

Sugere o debate parlamentar sobre o Médio Oriente que não se passou da doutrina daquela frustrada batalha de Alvalade, entre o pai Diniz e o filho Afonso, em que lanças, montantes e pendões se abateram, de um e de outro lado, com toda a peonagem a ajoelhar-se no terreno, quando, montada na sua pequena mula branca, surgiu entre as duas facções prestes a digladiarem-se, a inefável e majestosa rainha D. Isabel… A avaliar o que foi dito e pegando na metáfora por uma só perspectiva (haveria mais), pensarão alguns que bastaria Portugal condenar Israel exigindo a Televive o imediato cessar-fogo, para que as milícias libanesas e não libanesas do outro lado se ajoelhassem rendidas à passagem de alguma insignificante e inesperada mula que também não dizem qual será ou possa ser. Como se a questão fosse a do mal exclusivamente estar num lado – o do Afonso do Hezbollah, suspeitoso do meio-irmão bastardo - e o bem no outro – o lado do Diniz de Telavive, pai do legítimo e do bastardo - , faltando, pois, a mula e uma figura milagrosa que a monte.

E foi assim: os deputados falaram da crise do Líbano como se a complexa questão do Médio Oriente ficasse resolvida tal como na contenda do campo de Alvalade de 1325, bastando condenar antes para que a mula surja depois, ou pôr condições à mula ou à definição final da mula... Nem vale a pena desenvolver outras perspectivas da metáfora - daria para todos. Foi um debate pobre, foram visões domésticas e fechadas da política internacional, próprias de quem está contra porque tem que estar contra, ou a favor porque tem que estar a favor por obrigação ou conveniência. Não houve rasgo, como, de resto, a iniciativa de Luís Amado junto da UE faria supôr.

27 julho 2006

Líbano/Reunião UE. Agendada

1 de Agosto. A reunião extraordinária solicitada por Luís Amado à presidência finlandesa do Conselho da UE para discutir a questão do Médio-Oriente, está enfim, agendada para 1 de Agosto (terça-feira). Está agendada, mas até agora, em função da gravidade do assunto, a Finlândia não pressionou a visibilidade e as Necessidades também não fizeram muito por isso.

Líbano/Debate. Fundamentalmente o que se disse

Parlamento. Sobre a eventual presença portuguesa numa missão de paz no Líbano – debate na Comissão Permanente do Parlamento com Luís Amado - PS, PSD e CDS-PP manifestaram um apoio de princípio, PCP e BE rejeitaram categoricamente a hipótese.

  • Vera Jardim (PS) criticou «alguma esquerda parlamentar» por não perceber que «muita da política externa portuguesa se faz no quadro da EU», deixou também algumas interrogações o que significa que também não percebe alguma coisa e usou a escapatória de que existe «turbulência» nas posições dos vários países europeus sobre se o cessar-fogo deve ser imediato e prévio às negociações, ou se as negociações devem preceder o fim das hostilidades...
  • Para Henrique de Freitas (PSD) a questão é fundamentalmente que «Portugal não pode estar de fora desta oportunidade para a paz» mas que o seu partido reservará uma «posição final» quando ficar definido o mandato e a composição da missão.
  • Mota Soares (CDS-PP) diz que não é «à partida», contra a presença portuguesa numa força de paz na região, no quadro de uma resolução das Nações Unidas» mas que reserva posição final para quando estiverem explicadas se «essa missão é prioritária para o Governo e se afectará ou não a participação portuguesa em outros cenários».
  • António Filipe (PCP) acusa o Governo de não ter posição sobre o conflito israelo-libanês, de adoptar uma atitude de «seguidismo» em relação à UE e de não «reivindicar de imediato o cessar-fogo» ao mesmo tempo que declara disponibilidade para participar numa força «que ninguém sabe ao certo o que será», pelo que o PCP não apoiará o envolvimento de militares portugueses nessas condições.
  • Luís Fazenda (BE) lamenta não ter ouvido de Luís Amado «uma palavra de condenação pela agressão de Israel ao Líbano»
  • O MNE Luís Amado reitera os termos da carta endereçada ao MNE finlandês (a necessidade de preservar a coesão e garantir um maior protagonismo da UE) e reafirma a disponibilidade de Portugal para avaliar a sua participação numa missão de paz. O ministro, para quem a crise «exige a afirmação de uma dimensão estratégia político-militar da UE como nunca teve no Médio Oriente», responde aos partidos que a exigência de um cessar-fogo imediato «só no quadro da UE tem alguma relevância». Quanto a Portugal «temos de ter a noção clara de que se temos responsabilidades a exercer as temos de exercer no quadro da UE» e que «se há iniciativa que faz sentido é puxar pela Europa do ponto de vista estratégico», preferindo a expressão «cessar-fogo credível» e «cessar-fogo imediato».
  • Amado/Parlamento. Ainda muito ar de Ministro da Defesa

    Metamorfoses. O Ministro Luís Amado mostrou hoje no parlamento ainda muito mais o ar de Ministro da Defesa do que a aragem própria do Ministro dos Negócios Estrangeiros. Na Defesa, até a palavra deve soltar-se com farda n.º 1, nunca a de gala, a compensar o corpo do político operacional à paisana. Nos Negócios Estrangeiros, a palavra deve exibir só muito discretamente os dourados de um suposto uniforme diplomático, mas dando com visibilidade largas à capacidade do político negociador em falar até dos espinhos como se fossem convincentemente veludo.

    Naturalmente que um Ministro dos Negócios Estrangeiros, nos primeiros tempos, não se livra do ar de onde vem ou de onde lhe convém que se pense ter vindo – Freitas, por exemplo, na reposição do seu filme nas Necessidades, mantinha inicialmente o ar de presidente da Assembleia Geral da ONU que, para além de não ter farda própria, não passa de um passageiro item da agenda de Nova Iorque. Depois, viu-se como ora o jurista sufocava o diplomata a quem se perdoa tudo no mundo das neutralidades menos o andar distraído metendo a Austrália na NATO, ora o examinador de cátedra dissimulava num ar de rigidez os arranjos de pauta combinados com os subalternos que na secretaria precisam sempre de ter topete.

    Lá para Setembro ou Outubro, Luís Amado terá outro ar e perderá este ar da Defesa que está a passar para Nuno Severiano Teixeira. Demos tempo ao tempo.

    Líbano/Iniciativa Amado. Inacreditável silêncio da Finlândia

    Depois da Síria, será inviável. Aparentemente, depois de uma ronda pelas principais chancelarias da UE, não se regista qualquer eco da iniciativa de Luís Amado (dia 23) ao propor ao MNE finlandês, Erkki Tuomioja (presidência do Conselho), a convocação «tão rápida quanto possível» de uma reunião extraordinária de MNE´s da UE para debater a situação no Médio Oriente.

    É inacreditável que a presidência finlandesa não tenha já, com visibilidade, colocando o pedido português na agenda urgente europeia, sobretudo depois do fracasso da conferência de Roma. Os confrontos militares no Médio Oriente estão a prolongar-se para além do compreensível, a situação humanitária no Líbano é clamorosa, e o possível (se é que não já eminente) envolvimento da Síria pode fechar caminho a um arranjo político-diplomático que, para já, suspenda as hostilidades e viabilize um acordo político sólido.

    A UE tem convocado o conselho em menos tempo que os cinco dias que já passaram e por motivos comparativamente muito mais secundários. Será que a presidência finlandesa se considera refém do fracasso de Roma?

    O que é a EUROGENDFOR. Pediram, responde-se

    Mal NV referiram a EUROGENDFOR. Logo, alguns pedidos para se relembrar que força é esta, que força é esta, amigo... Aqui vai, com a foto do comandante que, só por si, é uma força de interposição:

    O Quartel-General Permanente, desta Força, está sedeado em Vicenza – Itália e integra representantes das cinco Forças de Segurança de natureza militar que constituem a EUROGENDFOR: Guarda Nacional Republicana (Portugal), Guardia Civil (Espanha), Gendarmerie Nationale (França), Arma dei Carabinieri (Itália) e Koninklijke Marechaussee (Holanda).

    A EUROGENDFOR neste momento é comandada pelo Brigadeiro-General da Gendarmerie Nationale francesa, Gérard Deanaz.

    A GNR, num quadro de rotação de posições-chave, é actualmente responsável pela área do planeamento, estando, ainda, representada na área das operações.

    Trata-se de uma Força especialmente vocacionada para teatros exteriores, com capacidade para agir em todas as fases da gestão de uma crise, desde a intervenção militar até à transferência de responsabilidades para as autoridades civis locais ou para uma organização internacional. Com uma capacidade inicial de reacção rápida, com de cerca de 800 elementos, para actuar no prazo de 30 dias, poderá ver o seu efectivo aumentado em caso de necessidade. Para cada missão será constituída uma Força multinacional, com base nos contributos dos cinco países ou de parte deles. As operações da EUROGENDFOR estarão abertas à participação de países terceiros que disponham de capacidades policiais apropriadas.

    Segundo consta. À hora do café de saco...

    Café queimado, como se sabe... No MNE ficou alguma perplexidade relativamente à escolha de uma "NATO presence choice" no Líbano, da nossa (diplomática) escolha, quando a própria NATO se encolhe. Gente nova a opinar da sebenta ? Então a ONU já não vale nada? E a tal força comum da Europa (EUROGENDFOR) posta, prioritariamente, à disposição da União Europeia, mas que pode actuar mediante requisição e mandato da ONU, da OSCE, da NATO ou de outras organizações internacionais, que já se apresentou na parada?

    Recorde-se que a EUROGENDFOR é uma iniciativa de cinco países (Portugal, Espanha, França, Itália e Holanda), todos com forças de segurança de natureza militar, visando contribuir para o desenvolvimento da Política Europeia de Segurança e de Defesa e para dotar a Europa com uma maior capacidade para a condução de missões de polícia em operações de gestão de crises.

    Foreign Office/Michael Jay. “Foreign policy and the diplomat: the end of the affair?”

    Sem aqueles salamaleques típicos de alguns os nossos graduados, Sir Michael Jay, the Permanent Under Secretary to the FCO, has spoken about the role that diplomats, and in particular the FCO, have to play in 'today's and tomorrow's wider global agenda'.

    He commented: 'I firmly believe that the task and the job of diplomacy is as important and as challenging and as enduring as ever.'

    Ler na íntegra em Notas Formais. Texto longo, imprima.

    Dos leitores. De Prodi a José Miguel Júdice, passando por Sasportes...

    Resenha de correio para NV.


    "Prodi deixou sobretudo a imagem como Presidente da Comissão a imagem de um homem paroquial, sem rasgo nem visão estratégica e estruturalmente desleal para com os seus Comissários. O que agora conta não constitui pois surpresa."

    "O que acho espantoso e o consenso construído em Portugal sobre a necessidade do titular do MNE ter que ser um homem discreto. Não tem. Por vezes tem que se falar voz grossa nas relações internacionais. Tem e que se ser competente. E e o caso actual."

    "Pelo contrário constitui surpresa que continuem a sair despachos de nomeação para a REPER (conselheiros técnicos) em contradição com o concurso anunciado pelo ex-MNE. O último, assinado pelo ex-secretario Estado Assuntos Europeus em Junho mas ainda com data de Maio."

    "Silêncio total: curso formação adidos Instituto Diplomático. Vazio de conteúdos. Grande decepção. E já agora o respectivo Presidente sobrevive a Freitas ou regressa a Faculdade Direito da Universidade Nova onde são colegas?"

    "Cadé os dois nºs. 2 da REPER(Coreper e COPS)? Ver site web e concluir que não há. Ninguém escreve sobre isto."

    "Fraude: A Visão que anuncia na semana passada a notícia requentada da nomeação de 3 novos embaixadores que as Notas Verbais já anunciaram há meses."

    "O diploma aprovado, anunciado no site do conselho de ministros, relativo a nomeação de conselheiros técnicos e também prometedor em termos de falta de rasgo. Refere se a possibilidade de deslocação de técnicos do quadro do Ministério para essas funções. Pergunta: e então militares, diplomatas e professores universitários e juízes deixaram de poder ser nomeados para idênticas funções?"

    "Prolongada hoje a inamovível Directora das relações Internacionais laranja do Ministério da Cultura que sobrevive a todos os governos PS e PSD. Onde esta a apregoada coragem politica para mudar?"

    "Não foi objecto de menção nas Notas Verbais a nomeação de José Sasportes para Coordenador do Grupo de Trabalho sobre Acção Cultural Externa. Sinal dos Tempos que será o futuro Presidente do IC com a saída de Simoneta reformando-se em Outubro? Porém, fará já 70 anos em 2007 (embora haja o precedente de Benard da Costa...) Ou, refundação, que na linguagem dos entendidos quer dizer Regresso por um rio?

    "Ver site da Embaixada Portugal em Brasília que anuncia a condecoração do Embaixador Seixas da Costa em Outubro. E ja agora o "Mundo Lusíada" (Odair Sene). Gomes Samuel como anunciado futuro Cônsul Geral em São Paulo? Inclinar-me-ia mais para alguém que escreveu obra de boa cepa sobre a CPLP, a actual Titular do Consulado em Vigo que deveria alias já ser Embaixadora. Mérito não lhe falta. O posto é equiparado a Embaixador."

    "Nova publicação Almedina: Os Novos Descobrimentos, porem bastante desactualizada em termos de dados . Interessante pela explicação do percurso histórico sobre a CPLP e pela explicação para os desconhecedores da enormidade que e o Instituto Internacional de Língua Portuguesa lançado por Mário Soares sem estar devidamente mandatado."

    "O mais espantoso de tudo que nenhum media comenta: O julgamento publico de Jose Miguel Júdice, novo Cavaleiro de Oliveira do século 21 que denota bem a cegueira corporativa que ainda impera em Portugal."

    As nomeações de Freitas. Feitios...

    Pressa na hora da despedida. Não se percebe muito bem qual foi a motivação de Freitas do Amaral para, nas vésperas da sua abalada das Necessidades e cansando-se desnecessariamente, ter feito tantas nomeações que poderia e deveria ter deixado ao critério do seu sucessor, ainda que não soubesse quem seria. Algumas dessas nomeações envolvem áreas importantes e são deveras questionáveis.

    Foi para deixar o terreno armadilhado?

    Os 29 louvores de Freitas. Um 30.º desapareceu...

    Rescaldo final. Louvar é humano, mas Freitas deve ter feito um esforço sobre-humano nos 29 louvores que deixou como testamento nas Necessidades. É claro que, em cada louvor, o destinatário não se apercebe, mas o autor sabe muito bem que La Rochefoucauld tinha toda a razão ao observar que por melhor que digam de nós, não nos dão nenhuma novidade – será o caso de alguns dos 29. Contudo, o mesmo observador também em certa altura atalhou que há censuras que lisonjeiam, e lisonjas que ofendem – será o caso de outros louvados, cientes, tal como André Siegfried, da justeza da seguinte pergunta-resposta: quereis prejudicar alguém? Nada de dizer mal, mas sim bem de mais… E para os diplomatas que muito apreciam que NV façam citações para que, memorizadas, delas se faça acutilante uso em algum momento de diplomacia do caviar, é claro que, a propósito do esforço sobre-humano de Freitas nos louvores, não hesitamos recordar, quer aos louvados a quem o louvor não deu nenhuma novidade, quer aos que já sentiram o louvor como uma ofensa decorrente do ridículo, aquele preceito de Jules Renard – investem-se os elogios como se investe o dinheiro, para que eles nos sejam retribuídos com juros.

    Do Louvor n.º 528 ao n.º 558 – o n.º 555 levou aparentemente sumiço, mistério! – foram vinte e nove louvores! Já aqui reproduzimos aquele louvor antológico destinado ao «porta-voz» e que sugeriu à evidência matéria de juros, mas o realce até foi uma injustiça para os restantes, desde motoristas, secretárias, diplomatas do gabinete e pessoal de apoio. Para uns casos, o ex-ministro realça que o trabalho «quantas vezes sem horários nem fins-de-semana»; num outro louvor o caso de alguém «trabalhando sempre pelo menos doze horas por dia, muitas vezes também ao fim-se-semana»; noutros vários louvores, a incómoda chapa zero de «foi um prazer, aliado ao gosto por uma boa conversa, poder beneficiar do seu serviço…», ou então chapa do mesmo tipo no «Apreciei sobretudo a sua lealdade, o seu espírito de equipa e o permanente desejo de fazer bem feito»; noutro caso, «nunca fechou as luzes antes de tudo estar pronto – e perfeito – para o dia seguinte»… por aí fora.

    Mas, por todos, vale o louvor 532, como segue:

    Gabinete do Ministro

    Louvo José Lopes Cardoso, motorista do meu Gabinete, especialmente encarregado do apoio automóvel à minha família directa, pelas suas excepcionais qualidades humanas, além de uma excelente educação, elevada competência profissional, capacidade de condução segura, pontualidade, aprumo pessoal e absoluta discrição.


    Senti-me sempre muito tranquilo por saber que estavam nas suas mãos os membros da minha família mais próxima que, por uma razão ou por outra, precisavam dos seus serviços, de que sempre muito gostaram.

    30 de Junho de 2006. — O Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Diogo Pinto de Freitas do Amaral.

    26 julho 2006

    Israel/Roma. Acordo político ao largo

  • Posição de Israel para Roma. Em Notas Formais.
  • Líbano/Ajuda humanitária. Que faz Portugal?

    E que ajuda humanitária decidiu já o Governo português encaminhar para o Líbano? E de que forma estão, se estão, a ser articuladas as respostas aos apelos para donativos feitos pelo Alto Comissariado para os Refugiados ? Nem uma palavra oficial ? A voz de Guterres não chega a Portugal ?

    Roma falhou no essencial. E a Finlândia ainda anda em consultas?

    Fiasco da diplomacia italiana. Apesar da conferência de Roma ter sido convocada com propósitos consultivos e não com intenção deliberativa, a iniciativa italiana terminou sem acordo político no essencial – falhou. E o essencial era, continua a ser, o cessar-fogo com base num acordo político durável em que um dos parâmetros terá que incidir no desarmamento do Hezbollah e no cumprimento da resolução 1559, com contrapartidas da outra parte do conflito. O destacamento de uma força internacional de interposição não está de todo condicionada a esse cessar-fogo mas deverá supor o cumprimento da resolução 1559 e o desarmamento e desmantelamento das milícias , para o que será necessário um acordo político… Uma força de interposição não é uma força de substituição de uma das partes em conflito. A diplomacia italiana tinha todos os dados para prever os resultados da conferência, evitando a figura de mau teste para um improvisado directório europeu que não se forma por convites.

    E com o fiasco de Roma, a Finlândia ainda anda em consultas para convocar a reunião extraordinária pedida «com rapidez» por Luís Amado ?

    Conferência de Roma. A UE e os convites de Prodi

    Uma PESC em águas turvas. A União Europeia, ou por via do Alto Representante para a PESC, ou por via da presidência finlandesa do Conselho, foi de facto ultrapassada pela iniciativa italiana, melhor, pela iniciativa de Romano Prodi da convocação da reunião internacional sobre o Líbano, em Roma. Naturalmente que a reunião se justifica e que a Itália é um elemento a ter em conta, sobretudo quando se trata de matéria a que não é alheia a não declarada disputa de hegemonia política do Mediterrâneo seja a que pretexto for, mesmo que os pretextos sejam os mais dramáticos como este, o do Líbano.

    No entanto, o périplo de Solana pelo Médio Oriente deixava sugerida, no mínimo, uma iniciativa da UE ou da PESC, eventualmente de âmbito mais alargado que o da PESC como a conferência de Roma é, pelos convites de Prodi. Se as presidências da UE não são verbo de encher, como parece ser este exercício da Finlândia relativamente ao Médio Oriente, o Conselho deveria fazer mais do que ser arrastado para retratos de família (como vai ser), em que cinco estados membros posam como se o C de Comum da PESC fosse a letra morta da sigla ou letra de corpo presente.

    França, Itália e Grécia (protagonistas do Mediterrâneo, estranhando-se a ausência da Espanha, porque não?) a que se junta por uma questão de peso a Alemanha e também a Turquia (outro directo interessado, a Grécia que o diga) surgem assim como «parceiros» da convidada UE (Comissão e Conselho) a que aqueles Estados, menos a Turquia, pertencem… Estados Unidos, Canadá e Rússia formam a sempre procurada ala de credibilidade e conveniência de onde Kofi Annan raramente está ausente (é convidado), enquanto o Egipto, a Arábia Saudita e o próprio Líbano (o primeiro ministro Siniora é esperado em Roma, a convite de Prodi) dão algum halo de presença árabe.

    Mas, tratando-se do que se trata, falta Israel que deveria estar, a não ser que haja convite de última hora. Muito embora a finalidade inicial da conferência seja fundamentalmente económica (daí a presença do Banco Mundial e do FMI, senão até a justificação central da presença da UE como entidade potencialmente financiadora...) a reunião terá sem dúvida uma forte tonalidade política, apesar desta tonalidade não constar na ordem formal de trabalhos: para além das questões humanitárias urgentes, haverá discussão sobre as condições políticas de um cessar-fogo e sobre que tipo de força internacional de interposição deverá ser destacada para o Líbano, em que quadro e sob que mandato, além da questão das medidas coercivas visando o desarmamento do Hezbolat que a UE e Rússia não incluem nas respectivas listas das organizações terroristas.

    25 julho 2006

    Cabinda/Direitos Humanos. Tribunal extingue associação cívica

    É assim. Sem qualquer julgamento, o Tribunal Provincial de Cabinda decidiu-se pela sentença de extinção da Mpalabanda - Associação Cívica de Cabinda. Ontem, quando um dos advogados (Luís Nascimento) da associação se deslocou àquele tribunal para saber de um outro processo, foi notificado da "decisão" do Tribunal. O caso está narrado em Notas Formais. Angola vai bem.

    À margem. Manuel Alegre

    À margem. O que acabo de ouvir de Manuel Alegre sobre o seu vínculo à RDP, é inacreditável e surpreendente. Como ele sabe, conheço o caso de origem. Não cabe, aqui, falar disso, mas o registo é uma questão de honra.

    Carlos Albino

    Beirute... Esquecimentos à MNE

    A propósito. Há uns 20, 25 anos Portugal tinha uma Embaixada em Beirute. Foi encerrada. Naturalmente que o Médio Oriente a partir do Cairo (embaixador acreditado na Jordânia), de Damasco (embaixador acreditado em Nicósia) e de Telavive (o único ancorado na zona), é pouco. Beirute justificar-se-ia mais do que algumas embaixadas por esse mundo...

    Fiasco de Doha atinge o Brasil. Portugal lamenta

    Revés. Naturalmente que, com o fiasco da Agenda de Doha para o Desenvolvimento – adiando por tempo indeterminado o desmantelamento de barreiras agrícolas e industriais - os acordos bilaterais passam a estar na mira do sector privado. No Brasil, por exemplo, em que a agropecuária lamentou de imediato o acesso aos mercados europeus. O agronegócio brasileiro calcula que deixará de exportar uns dez biliões de dólares, correspondendo a um quarto das exportações nessa área. O governo do Presidente Lula que apostou em cheio na Agenda de Doha, pelo que a diplomacia brasileira não concluiu qualquer acordo bilateral significativo para os exportadores brasileiros, sofre assim um revés enorme, apressando-se o chefe da chancelaria, Celso Amorim, a dizer agora que o Brasil «pode e deve» retomar a negociação com a União Europeia. Mas se o fizer a sós, e o Mercosul, o contexto Mercosul??

    Pelas bandas de Portugal, lamenta-se: «Lamentamos que, mesmo perante uma negociação mais limitada, outros parceiros não tenham conseguido demonstrar idêntico nível de ambição, tanto no que respeita ao acesso ao mercado de produtos industriais como no apoio interno à agricultura», diz o MNE em comunicado oficial, hoje que não é tarde, mas não cita quais são os parceiros inflexíveis, não se vendo prejuízo em que o fizesse.

    24 julho 2006

    Pois constava que. Eterno xadrez

    Trocas de "casa" ? Murmurava-se hoje nos corredores das Necessidades que Fernando Neves será o futuro secretário geral - por uma questão de categoria na hierarquia que é o pão nosso de cada dia.

    Se tal se concretizar ficamos com as mesmas peças de xadrez dos tempos de Freitas do Amaral com duas trocas de "casa".

    Passemos a outra guerra. A da Agenda de Doha para o Desenvolvimento

    Negociações suspensas. The Doha Development Agenda negotiations are to be suspended because gaps between key players remain too wide. Heads of delegations, speaking in an informal meeting of the Trade Negotiations Committee on 24 July 2006, agreed with WTO Director-General Pascal Lamy that this will be a setback for all members.

    Mais em
    Notas Formais.

    O estado-ambulante da PESC. Bem pode Amado esperar a resposta de Tuomioja

    PESC… É bem possível que Erkki Tuomioja já tenha respondido a Luís Amado sobre o pedido de Lisboa para uma reunião ministerial urgente da UE. Mas que resposta poderá dar a presidência finlandesa à solicitação portuguesa, se está marcada para Roma (quarta-feira, 26) a nível ministerial um reunião internacional em que para além da ONU e Banco Mundial (como passou a acontecer na guerra e raramente na dipomacia), participam representantes dos EUA (Rice confirmou presença), Rússia, Líbano, Egipto, Arábia Saudita mas também da Itália, França, Reino Unido e… da União Europeia? Naturalmente que já há muito se suspeitava que a PESC faz por ser o 26.ºEstado membro da UE, um estado-ambulante presidido peregrinamente por Javier Solana. Como nestes últimos dias se comprovado no Médio Oriente onde o Alto Representante tem andado de Anás para Caifás, como uma nuvem passageira.

    Amado toma iniciativa. Quer reunião/UE urgente sobre Líbano

    Haja «uma só voz». Luis Amado escreveu ao MNE finlandês Erkki Tuomioja (Presidência UE) solicitando «a convocação tão rápida quanto possível de uma reunião extraordinária de MNE´s da UE para debater a situação no Médio Oriente». Justifica Luís Amado que a chancelaria portuguesa quer «ver a UE activamente envolvida na solução deste conflito falando e agindo a uma só voz» face «aos rápidos desenvolvimentos político-diplomáticos, o prolongamento dos confrontos militares e a deterioração da situação humanitária» no Líbano.

    Sócrates/Chávez. Declaração controversa do primeiro-ministro

    Bem, Sócrates terá garantido a Chávez «apoio total de Portugal» em caso de «qualquer momento crítico da Venezuela». Segundo a Agencia Bolivariana de Noticias em despacho de Minsk, Hugo Chávez se reunió este domingo con el primer ministro de Portugal, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, con quien abordó temas de interes social, energéticos y agrícolas. Até aqui tudo bem, coisas de circunstância apesar do significado político do encontro com Chávez, em escala por Lisboa rumo a Belarus para reuniões de identificação amistosa com o Presidente bielo-russo Alexander Lukashenko.

    Também se aceitará ainda de circunstância, Sócrates qualificar al gobierno venezolano como un Estado amigo y legítimamente constituído – Sócrates não poderia nem deveria, ali na Portela, dizer o contrário, pelas regras de bem receber em trânsito.

    Só que, ainda segundo a agência, el primer ministro destacó que en caso de cualquier momento crítico, Venezuela recibirá total apoyo de Portugal.

    O que é que isto quer dizer? Sócrates disse isto? A que «momento crítico da Venezuela» Sócrates se refere para um cheque em branco do «total apoio de Portugal»? Se disse, disse-o apenas para a circulação interna venezuelana, sem pensar que o que disse jamais chegaria à opinião pública portuguesa, como não chegou?

    Naturalmente que o primeiro-ministro tem toda a legitimidade de dizer o que pensa e como pensa pela forma que entender mais adequada. Seria no enetnato conveniente dizer se disse aquilo, e, caso tenha dito, explicar porque assim pensa.

    É claro que, chegado a Minsk, o Presidente venezuelano não escondeu que en Belarús Venezuela tiene verdaderos hermanos que no pretenden ni colonizar, ni engañar, ni explotar e que Belarus pone por delante las satisfacciones reales de los pueblos y no los intereses capitalistas hegemónicos ni de Europa ni de los Estados Unidos, não se sabendo se abre excepção para Portugal, em função do que Sócrates terá dito.

    Galega animação com a CPLP. Depois das Maurícias e Guiné Equatorial, com Macau no horizonte…

    Comunidade de observadores... Claro que o Portal Galego não perdeu a oportunidade: As admissões à CPLP das Ilhas Maurícias e da Guiné Equatorial, com o estatuto de observadores associados, pode ter repercussões futuras numa eventual adesão da Galiza à mesma. E acrescenta: Oficiosamente, fala-se que a China, no seguimento do seu interesse crescente pela CPLP, que a encara como porta de entrada em 4 continentes diferentes, pensa pedir a adesão como membro efectivo do seu território lusófono de Macau. (…) Uma entrada de Macau na CPLP, seria extremamente positiva para a entrada da Galiza na mesma, visto que parece ainda subsistir a ideia de que só podem pertencer à CPLP, «países de expressão portuguesa», o que naturalmente não acontece quer no caso de Macau, quer no da Galiza, que não são estados independentes. De qualquer modo, estas entradas da Guiné Equatorial e Ilhas Maurícias, abre a porta à entrada da Galiza na CPLP, no mínimo com um estatuto idêntico, o de «observador associado». Contudo, e naturalmente, essa vontade terá sempre de partir das autoridades autonómicas galegas, isto é, da Junta da Galiza (Angela Bugalho, já manifestou em entrevista a um canal televisivo português, tal vontade ... )

    23 julho 2006

    O que ficou da semana. Refundar o Camões e o assumir «problemas sérios» no MNE

    Pois registe-se. Naturalmente que não é novidade nem traduz alteração de política, Luís Amado ter sublinhado, esta semana, perante a Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros e comunidades Portuguesas, que são prioridades para a chancelaria portuguesa a presidência da UE, a questão africana e o ensino da língua no estrangeiro… É matéria que está no Programa de Governo e que se ouve há muito. Também, para quem conhece o ministro e se recorda da sua antiga mas discreta actuação como secretário de Estado, igualmente não será novidade, mas já traduz alguma diferença de tom relativamente ao antecessor, defender que a política portuguesa para África não se deve esgotar nos cinco países parceiros de língua, portanto haver uma política para a África possível e viável.

    Novidade, novidade, não apenas no tom mas também no timbre, foi a clareza com que o Ministro se referiu ao Instituto Camões, enunciando que este departamento «precisa de ser refundado». Ora, refundar, é começar tudo de novo, repensar tudo de alto a baixo, mudar o quadro, escrutinar os alicerces e recolocar dignidade política no edifício onde a diplomacia cultural seve ser produzida o que não significa produzir apenas «eventos».

    Novidade ainda, foi a maneira como Luís Amado se referiu aos problemas específicos do MNE, do MNE como departamento vital do Estado, ao diagnosticar «problemas sérios» decorrentes da falta de organização, falta de pessoal, falta de funcionamento por objectivos e excesso de rotina a atulhar a actividade diplomática e consular.

    O curioso é que quando se falava a Freitas do Amaral dos «problemas sérios», ele via nisso um ataque à sua competência; quando se falava da falta de organização, ele via nisso apenas propósitos de descredibilização da sua acção ou das delegações de poderes e competências que acabaram por atropelar em contramão, por exemplo, a reestruturação da rede consular; quando se falava da falta de pessoal, ele, ou sempre algum delegado por ele, via nisso desconfiança nos favoritos; quando se falava na falta de objectivos, ele, ou sempre favorecido por ele, via nisso apenas intriga e quando se falava no excesso de rotina, ele ou sempre intrigado por ele, via nisso apenas politiquice. E por ter visto assim, foi o seu infortúnio político.

    Barómetro NV. Secretária-geral...

    Escolhida. Se a indicação de um diplomata/homem ou diplomata/mulher para o mais alto cargo da hierarquia do Ministério dos Negócios Estrangeiros (na Secretaria-geral) dependesse do modesto barómetro NV, a escolha estaria feita: Sim - 80%, Não - 3%, e Indiferente - 9.38%. De facto, no desempenho destas funções onde, entre outras tarefas, cabe receber e conferenciar com os membros do corpo diplomático em Lisboa e comunicar-lhes respostas que obriguem o Governo, deve estar alguém que.

    Novo barómetro, até domingo, dia 30: Portugal deve comprometer-se no Líbano na quadro apenas da ONU ou no quadro apenas da NATO?

    Mercosul/Cimeira. Dois comunicados conjuntos

    Em Notas Formais, os dois comunicados conjuntos da Cimeira Mercosul (Córdoba, Argentina, dias 20 e 21, com a surpreendente presença de Fidel Castro), um deles subscrito por Estados Membros e Estados Associados. Destaque para a referência às negociações com a União Europeia.

    Estados Membros: Argentina (1991), Brasil (1991), Paraguai (1991), Uruguai (1991) e Venezuela (2006)
    Estados Associados: Bolívia (1996), Chile (1996), Peru (2003), Colômbia (2004) e Equador (2004)
    Estado Observador: México

    22 julho 2006

    Flash/Somália. Foreign Office

    FCO Minister, Lord Triesman, has expressed his concern at recent reports of increased tension and military movements in and around Baidoa. On 21 July, Lord Triesman said: 'I am aware of the media reporting of an increase in tension and military movements in Somalia. With the rest of the international community, and in line with the Transitional Federal Charter for Somalia, the UK fully supports the Transitional Federal Government and recognises the Transitional Institutions as the only route to restoring peace, stability and governance, including security, to Somalia.'

    Necessidades/Médio Oriente. Posição portuguesa é a da UE

    Hoje, dia 22, as Necessidades difundem um comunicado datado a 20, com posição oficial sobre a situação no Médio Oriente - no décimo dia do conflito, Portugal reiteira a posição da UE (dia 17), dá «total apoio» à Presidência finlandesa e a Javier Solana, subscreve os apelos de Kofi Annan, e, enfim, «manifesta a sua disponibilidade para analisar os termos de uma participação portuguesa numa força internacional de paz, devidamente mandatada pelas Nações Unidas e no estrito respeito pela normas constitucionais, que permita pôr cobro à crise humanitária e que crie condições para assegurar a estabilização da situação». Ler na íntegra em Notas Formais.

    Silenciamento prévio... ou Exame prévio, qual a diferença?

    Depois de ler o que Ângela Silva escreve hoje no Expresso, pois muito bem, meu caro Luís Bernardo, os critérios do Exame Prévio que substituíram os da Censura, eram precisamente estes actuais critérios do Silêncio, melhor, do Silenciamento: a invocado pretexto da intriga e da politiquice, o Exame Prévio obrigava a omissão ou provocava eficazmente a omissão da Política e do Escrutínio dos actos e acções governamentais susceptíveis de pôr em causa a compostura política do escrutinado…

    Naturalmente que há diferenças de matriz e métodos entre o Exame Prévio de uma Ditadura e o Silenciamento numa Democracia, mas ambos os procedimentos têm em comum o recobrirem os espinhos da suposta intriga e da conveniente politiquice (a que, convergentemente, reduzem a Política e o Escrutínio) com as pelúcias da impunidade – é o que, por diversas vezes e até muito recentemente, tem ocorrido nas Necessidades. E com isto ou nisto, uma Ditadura até pode aguentar-se ou vai-se aguentando com o Exame, mas uma Democracia cai, vai caindo porque, em democracia, o Silêncio prévio, cada silenciamento é sempre um acto de excepção sediciosa contra ela própria.

    C. A.

    21 julho 2006

    Líbano, no Quai d'Orsay. Falou-se assim e não assado

    Há instantes. Sobre a situação no Líbano falou-se assim no Quai d'Orsay. Ler em Notas Formais

    Um daqueles textos. De Teódulo López Meléndez, a ler

    Cuando las bombas estallan. É um artigo do escritor e diplomata venezuelano, Teódulo López Meléndez, que serviu outrora na embaixada do seu País em Lisboa. Está colocado na íntegra em Notas Formais. Sim, la presencia de lo político ha sido mal entendida por algunos que ven en el conflicto terrorista una especie de “lucha de clases”, encarnada por naciones ricas y pobres. Ler em Notas Formais.

    Barómetro NV. Apenas mais um dia...

    Longe de nós influenciar, mas lembramos que esta sondagem sobre «Uma Mulher para Secretária-geral do MNE?» encerra amanhã, meia noite. Seguir-se-á novo barómetro.

    Entre o dito e o feito. As diferenças

    Noutros tempos, em que a política externa era a mesma, relativamente ao Líbano, já se tinha dito por todos os megafones sete vezes mais e feito metade de um terço do que já foi feito... Mas uma coisa é falar fazendo pouco e aldrabando sobre o que é feito, e outra é estar calado fazendo de facto alguma coisa.

    Segundo consta. As comissões de serviço em Luanda

    Pois a meio da tarde consta que...

  • ... o Cônsul-geral em Luanda, Fernando Teles Fazendeiro, que se encontra na capital angolana em comissão de serviço pois por deveras está colocado em Caracas, deve regressar à Venezuela em meados de Agosto. Também o Cônsul-adjunto parte em princípios de Setembro... pelo que o Consulado em Luanda ficará sem ninguém à cabeça, uma vez que, no último Conselho Diplomático, não ficou decidida a colocação definitiva de um diplomata nesse posto.

  • A meia-verdade que se junta à primeira é ninguém quer ir para Luanda com receio da barragem de ataques e represálias de angolanos à administração consular que resista a favores de excepção e à informalidade do porreirismo consular que tanto pode dar para o direito como para o torto.

  • ... o Conselho Diplomático apenas deliberou a colocação de uma Cônsul-adjunta, Carla Saragoça, mas que não tem casa do Estado, apenas um minúsculo cubículo, um T1 para viver e que qualquer diplomata, naquelas circunstâncias, aceitará como residência definitiva para 3 anos... Faz muito bem.
    E para Cônsul-geral, mais uma vez, as Necessidades, ainda na era Freitas, terão optado pela escapatória de um cônsul em comissão de serviço por seis meses - Pedro Rodrigues, primeiro-secretário, portanto um "dawn grade"... sendo Luanda o que é e tendo acontecido em Luanda o que aconteceu, muitos sabem com inconveniência e alguns omitem com constância.
  • Briefing da Uma. A nossa política continua a ser a mesma.

    Briefing da Uma. Até porque, como dizia o outro, «a política externa é a diplomacia cá de dentro», os habituais briefings de NV retomam na próxima semana, segunda-feira.

    Cahora Bassa. Declarações de Guebuza a cairem mal

    Forma e conteúdo. As declarações do Presidente Armando Guebuza, publicadas pela imprensa moçambicana, estão a cair mal nos meios que seguem o dossier de Cabora Bassa. Guebuza, ainda em Bissau e antes de rumar para Paris (onde asssinou um acordo quadro de cooperação que prevê um investimento francês de 60 a 80 milhões de euros até 2010), fez declarações que os observadores interpretem como imputando má-fé a Portugal no processo de reversão e transferência do controlo da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, na sequência do Memorando de Entendimento assinado em Lisboa a 2 de Novembro de 2005. Na sequência deste memorando de entendimento e que é apenas um memorando, delegações (a nível de Finanças) de Portugal e Moçambique reunidas em Maputo (17 de março passado) deram por concluídas as negociações sobre esse processo de reversão e transferência, acordando remeter para data posterior não fixada a assinatura formal, em Moçambique, dos documentos finais das negociações.

    Guebuza, depois referir que no memorando de entendimento com Lisboa "foram definidos prazos que hoje não estão a ser cumpridos" , rematou: "nós (Moçambique) sempre trabalhamos na boa-fé e nesta mesma base avançámos convencidos que havia condições para ser assinado o acordo. Só que neste momento, Portugal diz que ainda há diligências por fazer". Antes, porém, Guebuza garantiu ter discutido o caso, em Bissau, com José Sócrates, e que este o informara que Portugal não estava em condições de assinar o acordo final porque haverá diligências a fazer, mas que, tendo em conta o memorando negociado com Portugal, Moçambique só esperava que este país pudesse honrar os seus compromissos o mais depressa possível. E depois, a talho de foice: "Eu não negociei com a EUROSTAT, nem com a União Europeia, negociei foi com Portugal e é deste pais que espero a resposta."

    Sabe-se que, antes da cimeira de Bissau, houve intensa diplomacia paralela em Lisboa, por parte de representantes de interesses moçambicanos. E em matérias como estas, quando se interpõe a diplomacia paralela, o caminho complica-se. Alguns passos dessa diplomacia paralela foram nomeadamente conjugados com perpecpionadas movimentações de Augusto de Carvalho, e porque por agora basta, ponto final, parágrafo.

    20 julho 2006

    Refugiados/Líbano. Ajuda de emergência online

    Apelo mundial do ACNUR. O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) apela à ajuda humanitária de emergência online, para o Líbano. Por AQUI
    «Please Donate Today. The people in Lebanon really need our help. And we need yours» - é o apelo lançado pela organização dirigida por Guterres.

    Mercosul/Venezuela... Primeiro Acto

    Evolução das coisas. Córdoba, Argentina, 20 de julio - El XXX Consejo del Mercado Común del Sur integrado por los cancilleres de los Estados partes, dio la bienvenida a la República de Venezuela como nuevo miembro pleno del bloque de integración y calificó la incorporación como el hecho político más relevante en los 15 años después de su creación. El Consejo de Ministros de Relaciones Exteriores se reunió hoy para discutir el documento que será sometido a la consideración de los Jefes de Estado del MERCOSUR en su Cumbre de mañana.
    En su condición de presidente (pro tempore) de la XXX Reunión del Consejo del Mercado Común del Sur, el canciller argentino Jorge Taiana, expresó que es “un gran placer” tener la fuerza de Venezuela en el grupo. “Es un gran orgullo”, agregó.

    OSCE/Transdniestria. Referendo de lado

    Um "Não" da presidência belga. The OSCE will not recognize the referendum on independence called for 17 September by the Supreme Soviet of the Transdniestrian region of Moldova, the Organization's Chairman-in-Office, Belgian Foreign Minister Karel De Gucht, said today. "We do not support and have no plans to observe a unilateral referendum which calls into question the territorial integrity of the Republic of Moldova," he said. "A referendum on Transdniestria's future status, on the other hand, is a possible option, but that could only be after a political solution has been agreed at the negotiating table and only provided the necessary conditions for a free and fair vote are in place."
    A presidência anual belga da OSCE traçou omo prioridade a resolução dos conflitos da Transdniestria, Abkhazia e Ossétia do Sul, mas até agora sem resultados positivos.

    Segundo consta. Normalmente só consta às 16:00…

    Corredores. E porque a meio da tarde é que as Necessidades se enchem de meias-verdades (duas delas fazem uma verdade inteira) consta:

  • … que o embaixador João de Vallera (que de Berlim rumaria para Washington) foi sondado para as funções de Director-geral de Política Externa, até final da presidência UE.

    A outra meia-verdade: Erra se não aceitar e se pensar que o objectivo será apenas encontrar-se uma embaixada para Fernando Neves (está encontrada).
  • … que há o bom fundamento de ser necessário assegurar um pós-Mendonça e Moura na REPER.

  • Amanhã, às 16:00 há mais meias-verdades.

    Lista de precedências. E os Embaixadores? Não são nada?

    Os centímetros do Portocolo. Divulgada que está uma apresentada versão final da Lista de Precedências de Altas Entidades Públicas, lista esta que, por semanas, foi embrulhada numa discussão de arrastar a perna do ridículo, há que perguntar, afinal onde se colocam não só os embaixadores estrangeiros acreditados em Portugal, mas também os embaixadores de número e os embaixadores portugueses em função no estrangeiro?

    Na versão inicial do Projecto de Lei do Protocolo de Estado, os Embaixadores estrangeiros acreditados em Lisboa ocupavam na lista de precedências da Altas Entidades Públicas, a posição 19, depois dos Representantes da República para as duas Regiões Autónomas e antes do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas. Por sua vez, os Embaixadores de número e os Embaixadores portugueses acreditados em capitais estrangeiras, ocupavam a posição 45, depois dos presidentes de confederações patronais, sindicais e bastonários de ordens, e antes dos chefes de gabinete do Presidente da República, do Presidente da Assembleia e do Primeiro-Ministro.

    Nesta divulgada versão final, salvaguardando-se alguma inadvertida omissão, a lista não titula as referidas categorias de embaixadores, mantendo, da área diplomática, apenas o secretário-geral do MNE na posição 36 (41, na versão inicial)o que não corresponde ao esvaziamento de competências, como se prenuncia.

    Mesmo admitindo-se que seja mantido o capítulo da versão inicial relativo a entidades estrangeiras e internacionais - «Entidades de Estados estrangeiros e de organizações internacionais têm tratamento protocolar equivalente às entidades nacionais homólogas», esgotando-se o capítulo nesta incipiente, minguada e contraditória formulação, pois o que conta a UE para este Protocolo Português do Século XXI? - a subtracção dos Embaixadores é evidente, numa lista em que os generais ganharam uma guerra de palavras mas em que os diplomatas não souberam negociar a paz de um lugar condigno.

    19 julho 2006

    Venezuela envia para Lisboa... ...perito militar como embaixador

    General. O próximo embaixador da Venezuela em Lisboa, Lucas Rincón Romero, já prestou juramento a Hugo Chávez, e, tarda não tarda, chega à capital portuguesa para apresentação de credenciais ao Presidente Cavaco Silva.

    É este o perfil de Lucas Rincón Romero: licenciado em Ciências e Artes Militares pela Academia Militar da Venezuela (1972); estudos no Básico, Médio e Avançado em Engenharia de Combate (Escola de Engenharia do Exército, 1972, 77 e 79) ocupando o primeiro lugar na ordem de mérito. Também é Engenheiro Civil pelo Instituto Universitário Politécnico da Força Armada Nacional (1985). Desempenhou os cargos de Ministro do Interior e Justiça, Ministro da Defensa, Inspector-geral da Força Armada Nacional, Comandante Geral do Exército e Ministro da Secretaria da Presidência. Durante sua carreira militar foi Chefe da Casa Militar, Comandante da IV Divisão Blindada do Exército, Director-geral da Administração do Ministério da Defensa, Director de Finanças do Exército e Comandante do Regimento de Cadetes da Academia Militar da Venezuela.

    Amado no Parlamento, hoje. Promete

    Nem é preciso dizer o assunto. Hoje (16:00) o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Luis Amado, está na Comissão de Negócios Estrangeiros da Assembleia da República. Promete.

    18 julho 2006

    Certificado de habilitações. Com um Oxalá, oportuno arabismo

    A seco e na íntegra. Um antológico louvor redigido por Freitas do Amaral, a 30 de Junho, antes de sair e que até parece mentira. Leiam e meditem neste certificado de habilitações:

    Louvor n.º 558/2006

    Louvo o Dr. António Carneiro Jacinto, meu assessor com as funções de porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, durante todo o período em que fui Ministro.

    No exercício dessas funções, quer em Lisboa quer nas dezenas de viagens em que me acompanhou ao estrangeiro, revelou possuir invulgares qualidades de profissional da comunicação social, aconselhamento político, lealdade institucional e simpatia pessoal, que em muito me ajudaram no desempenho do meu próprio cargo.

    Com longa e madura experiência, quer do jornalismo em órgãos de comunicação social de referência quer da informação pública junto dos mais altos órgãos do Estado, contribuiu decisivamente, não apenas para dar a devida projecção pública à política externa que me coube conduzir, mas também para responder a dezenas de pedidos de informação diários, que choviam sobre ele de todos os lados, versando desde os mais altos temas da política internacional até às questões meramente individuais (embora por vezes dolorosas) relacionadas com a vida quotidiana de Portugueses no estrangeiro.

    O Dr. Carneiro Jacinto, por ser também esse o seu modo de pensar, ajudou-me de forma competente a exercer o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros com a dupla vertente que ele deve assumir—o da acção de política externa e o da explicação dessa acção na ordem interna. A ele se deve, fundamentalmente, o facto de, contra velhos hábitos nacionais, a política externa ter sido, durante este período, divulgada, debatida e aprofundada. Foi um excelente exercício de cidadania, que o País lhe fica a dever.

    Oxalá o futuro lhe continue a ser propício, como amplamente merece.

    30 de Junho de 2006. — O Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Diogo Pinto de Freitas do Amaral.

    Londres e Luanda. Rotinas à portuguesa

    Claro. Tudo indica que se segue mais uma solução provisória para o Consuldo em Luanda e outra pouco ou nada definitiva para o Consulado em Londres...

    17 julho 2006

    CPLP/Boas intenções... Como sempre

    Pelo que foi aprovado em Bissau, a CPLP revela mais uma uma vez ter boas intenções.

    15 julho 2006

    Barómetro. Questão de M/F à frente da «máquina»

    Simples pergunta M/F. Resposta, para alguns M, ainda complicada como algumas F sabem. Mas o barómetro de NV que abre hoje e encerra dia 22, pergunta simplesmente: Uma Mulher para Secretária-Geral? Se fazem favor, tenham uma palavra entre três possíveis: sim, não, indiferente.

    Pouca, pouca participação (108 votantes, não é habitual...) no barómetro sobre se escolha de Luís Amado foi entre excelente e péssima. De qualquer forma, importa dizer que o conjunto de voluntários de NV, até agora e pelas percentagens, nunca tiveram dúvidas desde Martins da Cruz até Freitas do Amaral. Quanto à escolha de Luís Amado, 39,81 % consideraram-na Boa, 36,11 % Assim-Asssim, 18,52 % Excelente, apenas 3,7 % Má e só 1,85 % Péssima. Os abstencionistas não podem nem devem queixar-se porque é com aqueles 108 que a história reza.

    CPLP/Bissau 1. O que o secretário-geral diz

    Alvo falhado. Luís Fonseca, secretário-geral da CPLP, para refira os argumentos de ineficácia da organização, diz que a organização não é «uma mini-ONU» e invoca os «objectivos claros» do agrupamento. Desconhecemos quem terá reclamado, algum dia, que a CPLP seja igual à ONU, metade dela ou pequena porção. Mas já conhecemos muitos diplomatas que observam que, dentro da ONU, a CPLP pouco tem feito, está longe de fazer o que podia já ter feito em matéria da reclamada, reclamadissima, visibilidade internacional – a CPLP em Nova Iorque, quando aparece, aparece sem garra, pífia, com discurso sem substância mas cheio de redundâncias, sem convicção e, sobretudo, com alguns dos seus membros a oscilar por difusos compromissos que pouco têm a ver com os tais «objectivos claros» mas que, nem uma nem duas vezes, denunciam não tanto o coração mas a carteira do lado da francofonia, da China/Taipé, de sonhos imperiais africanos e já agora, quanto ao Brasil, pelas curvas que tem dado entre o medo de não liderar o Mercosul, de perder ou ganhar com a ALCA, de dar prioridade ao diálogo- Sul-Sul que esconde a prioridade aos entendimentos bilaterais, e com tudo isto, destinando a CPLP uma declinação no horizonte, designadamente quanto ao traço de união que estatutariamente é a língua mas contra a qual alguns parecem estar em permanente atitude de excepção sediciosa mas que abertamente não assumem.

    Estão está, por exemplo, a assumpção dos tais «objectivos claros», por parte dos membros africanos quanto ao Tribunal Penal Internacional? Este é apenas um exemplo, há outros, como os da liberdade de expressão, dos direitos humanos e dos direitos civis e políticos. Naturalmente que, a generalidade dos que criticam a CPLP pela sua ineficácia, não o fazem porque a organização não seja uma «mini-ONU» ou não possa tomar a iniciativa de «missões de paz». Ninguém exigiu à CPLP que tenha uma força demanutenção de paz ou uma força de imposição de paz, mesmo quando se justificaria. Criticam-na pela falta de interesse de alguns dos seus membros pela «concertação diplomática», sobretudo quando a concertação poria em crise práticas internas que estão em contradição com os tais «objectivos claros», resultando daqui que sendo a CPLP ineficaz nos objectivos, também não pode ter visibilidade internacional.

    14 julho 2006

    Na trincheira, também. Pelos menos mais oito temas...

    Em matéria de posições oficiais. Para além da questão do Médio-Oriente, estão recolhidos na trincheira das Necessidades, pelo menos mais oito temas:

    Irão/questão nuclear

    República Centro-Africana

    Sudão

    Angola/Cabinda

    Timor-Leste

    Coreia do Norte

    CIA/Transporte e Detenção Ilegal de Prisioneiros

    Conselho de Assuntos Gerais e Relações Exteriores (do dia 13)

    Silêncio sobre o Médio-Oriente. É uma trincheira portuguesa, com certeza...

    Trincheira. No Médio-Oriente nada estará a acontecer? O Palácio das Necessidades nada diz, recolheu à trincheira como sempre, em casos como estes, numa simulaçãod e neutralidade. Ora, recolher à trincheira é a pior das neutralidades.

    Hoje mesmo, até a diplomacia do Vaticano, perita nesses recolhimentos, saíu da trincheira e disse pela voz do cardeal Sodano, secretário de Estado da Santa Sé:

    "La situation proche-orientale est préoccupante et le Pape suit attentivement avec ses collaborateurs des développements dramatiques qui risquent de dégénérer en un conflit de dimension internationale. Comme par le passé, le Saint-Siège condamne les attaques terroristes comme les représailles militaires. Le droit à se défendre n'exempte pas un état du devoir de respecter les règles du droit international, tout particulièrement lorsqu'il y va de la sauvegarde de la population civile".

    "Le Saint-Siège déplore en particulier l'attaque dont est victime le Liban, pays libre et souverain, tenant à assurer de sa solidarité un peuple qui a tant souffert pour son indépendance. Une fois de plus, il est évident qu'un dialogue sincère entre les parties en cause constitue la seule voie digne de la civilisation".

    13 julho 2006

    NV "roubaram" 3 ministros às Necessidades. Vamos indemnizar prejuízos

    Troca. No texto sobre o tal problema de comunicação, ao digitar-se 19, saíu 16 - troca do 9 pelo 6. Desculpem este "roubo" entre todas as aspas que o Mundo tem, de 3 ministros às Necessidades, embora 3 deles, se tivessem sido subtraídos, seriam uma boa subtracção. A correcção do erro involuntário está feita e as desculpas não são escapatória. Mas, enfim, às vezes é preciso trocar o 9 pelo 6 para sabermos como tantos embaixadores e ex-ministros à excepção de 3, nos lêem e a pente fino...

    A Secretária-Geral. Apenas provável o fim da tradição...

    Secretário-geral. Após a saída do Embaixador Rui Quartin Santos, é provável que se interrompa a tradição de se referir «o Secretário-Geral do MNE» e passe a dizer-se «a Secretária-Geral do MNE»... O género, nas Necessidades, já tem espécie. Felizmente.

    12 julho 2006

    Índia/atentados. Mensagem de Luís Amado para Nova Delhi

    E chega a posição. Admitamos que em tempo, o MNE divulga neste dia 12, a mensagem telegráfica enviada pelo Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, ao Primeiro Ministro e Ministro em exercício das Relações Exteriores da Índia, Manmohan Singh, nestes exactos termos:


    "Gostaria de exprimir, em nome do Governo português, as nossas mais sentidas condolências pelas trágicas mortes resultantes dos atentados terroristas ontem ocorridos em Mumbai.

    "Condenamos tais actos nos termos mais veementes e formulamos votos de que os responsáveis sejam conduzidos perante a justiça. Asseguro-lhe que Portugal partilha o pesar e a profunda consternação causados, manifestando a sua solidariedade com a Índia e, em particular, para com as famílias dos falecidos e feridos.

    "A luta contra o terrorismo permanece como prioridade para a Comunidade Internacional, e Portugal continuará a prestar todo o seu apoio à prossecução deste objectivo."


    Certo. O ontem foi dia 11, os sete atentados quase simultâneos em Bombaim (Mombay) ocorreram às 18:20 (locais), 12:50 em Lisboa.

    Índia, Médio Oriente. Continua a não haver uma palavra

    Atentados e o mais. Continua o silêncio oficial - oficial de oficial. Este silêncio justifica avaliação. Além disso o site da Embaixada de Portugal em Nova Delhi não passa de um cartão de visitas que espelha o estado da nação.

    Embaixador Agapito. Ligou e desligou

    Ligou e disse:

    «Meu caro! Por todos os santos! Não quero ultrapassar o meu ilustre colega Rocha Páris - chapeau! - que, como secretário-geral, foi sábio nas contas do FRI, pelo que também sabiamente saberá reportar esse milagre económico do Vaticano! Mas, meu caro! Ouça-me!!! Está a ouvir? Creio que foi Rozitchner que bem observou, olhe que foi nas abadias que se criaram as primeiras contas bancárias!»

    E depois de citar esta observação de Léon Rozitchner, desligou.

    Santas contas do Vaticano. Sagrado saldo positivo

    Milagre económico à mesa do Senhor. Por certo, milagre a que Fátima não fica alheia, como se observa em Notas Formais, a propósito das contas do Vaticano, dadas hoje a conhecer a crentes e descrentes em milagres: o Vaticano, em lucros limpos, obteve em 2005 um saldo positivo de 9,7 milhões de euros contra os 3,08 em 2004, e enquanto em 2003, a Santa Sé pisava o risco vermelho com um défice de 9.6 milhões de euros...

    Não é por acaso que naquelas mesmas Notas Formais se sugere ao Embaixador Rocha Páris que possa observar (sem confissão dos pecados financeiros portugueses) como é possível este milagre económico de em apenas três anos inverter o saldo negativo para positivo, porquanto a Santa Sé pensa no essencial em euros, enquanto para a acidental excepção do Óbulo de S. Pedro pensa em dólares...

    Ora como para o Óbulo de São Pedro interessa a coleta realizada nas dioceses do mundo, sobretudo por ocasião da solenidade dos Santos Pedro e Paulo, as contribuições de Congregações e Institutos Religiosos e de Fundações, como também as ofertas dos fiéis, não seria desaconselhável que Teixeira dos Santos saísse da paróquia e se juntasse a Rócha Páris para observar o modelo.

    Na Cúria Romana trabalha um total de 2.674 pessoas, dos quais 755 eclesiásticos, 344 religiosos e 1.575 leigos; os aposentados são cerca mil pessoas e os dependentes do Estado da Cidade do Vaticano são 1.534. Se Vieira da Silva fosse bispo, cairiam em desgraça.

    Comunicado do Vaticano, na íntegra, em Notas Formais, clique AQUI.

    Problema de Comunicação. Nenhum dos 19 ministros o resolveu

    Hidra. O Palácio das Necessidades desde sempre tem evidenciado um problema de comunicação – ou não comunica ou quando comunica, comunica mal, sem sentido ou em função de finalidades que não são as da comunicação. Aliás, é o seu grande problema, o seu principal problema específico. Comunicação latu sensu: problema de comunicação interna (seja em que sentido for, a comunicação interna, ascendente ou descendente, esbarra em sábios filtros cujas cabeças renascem como na hidra), problema de comunicação para e com o exterior. Meios tem, os meios não faltam, até abundam, o que o Palácio das Necessidade não tem é a solução, além de que uma solução para o problema apenas pode ser encontrada com a identificação do problema, a consciência do problema e o entendimento do problema, o que supõe vontade política para perguntar «Qual é o problema?» e, também, vontade política para aceitar a solução, uma solução.

    É bem verdade que um ou outro dos 19 ministros que, desde a saída de Rui Patrício, têm desfilado pelas Necessidades, procurou resolver esse «problema» de comunicação, todavia sem o identificar com rigor, com exactidão e em função dos interesses da diplomacia, da política externa e da imagem do Estado. E porque, por vezes traídos pela segurança partidária, não fizeram esse trabalho de casa, as soluções – todas elas efémeras – não passaram de cenários, de aparelhos, alguns vistosos, quase todos pontuais (OSCE, UE, por exemplo) que se esgotaram quando os cenários, cheirando a mordomias, tiveram que ser desmontados. Ou então, noutro tipo de expedientes em que a falta de rigor na identificação do problema ficou mais à evidência, as «soluções» mais não visaram do que resolver problemas de imagem do ministro, da actuação do ministro, das aflições ou êxitos do ministro, da sobrevivência ou afirmação de pujança política do ministro, secundarizando o essencial do problema de comunicação do Palácio das Necessidades que, obviamente, não é o problema de comunicação do ministro – este faz parte daquele, devendo ser naquele uma gota de água, porquanto se o ministro for bom, a sua gota de água pode colorir o oceano.

    Nestas circunstâncias, perante circunstâncias, factos e ocorrências em que se exigiria uma reacção do Palácio das Necessidades, este não reage ou se reage é por acaso, sendo muitas vezes este acaso decorrente da reprimenda directa do ministro «ao primeiro que apanhar», o que é mais difícil quando ele está longe. Aliás quando ele viaja, parece que todo o Palácio em viagem está.

    É claro que obscurantistas de todos os géneros – que os há também nas Necessidades - só têm a agradecer aos que insistem em não identificar o problema e dar-lhe solução, contribuindo para a desmoralização dos esforços sérios de diplomatas e da própria Sociedade para recolocar dignidade na imagem externa do Estado, contribuindo também para a confusão da acção diplomática com o espectáculo, como na recente experiência que foi uma experiência de obscurantistas * típicos.

    * Parece um paradoxo mas é próprio dos obscurantistas falar muito sem dizer nada, impedindo ou fazendo impedir que alguém diga alguma coisa mesmo sem falar